03/01/2012

Dog Mendonça e PizzaBoy na Dark Horse Presents









Filipe Melo (argumento)
Juan Cavia (desenho)
Santiago Villa (cor)
Martin Tejada (adaptação sequencial)
Dark Horse Presents #4 a #7 (EUA, Setembro a Dezembro de 2011)
170 x 260 mm, 80 p., cor, brochado, mensal
$7,99

1.     De certa forma pode dizer-se que 2011 foi o ano de Dog Mendonça e PizzaBoy.
2.    E, por arrastamento – ou será o contrário? – de Filipe Melo “y sus muchachos”, os argentinos Juan Cavia, Santiago Villa e Martin Tejada.
3.    Desde logo pela confirmação que o segundo tomo das suas aventuras – As Extraordinárias aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse - constituiu.
4.    E também, incontornavelmente, pela sua projecção internacional, primeiro através da publicação de quatro histórias curtas na revista Dark Horse Presents (DHP), depois pela notícia da publicação do primeiro tomo – As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy - nos EUA (pela Dark Horse, em Maio deste ano) e no Brasil (pela Devir, em Setembro).
5.    Se sobre os dois tomos em causa já escrevi, quero agora referenciar as quatro histórias curtas de 8 páginas publicadas na DHP.
6.    Revista de referência nos anos 80, onde se projectou Mike Mignola e onde Frank Miller lançou Sin City, esta publicação renasceu a propósito dos 25 anos da editora e nela os “pais” de Dog Mendonça surgem ao lado de nomes como Steve Niles, neal Adams, Howard Caykin, Jill Thompson, Geof Darrow, Sergio Aragones, Fabio Moon ou Eduardo Barreto.
7.     Em quatro histórias que, refira-se, eram só três inicialmente, tendo a Dark Horse entretanto encomendado mais uma, o que é no mínimo o reconhecimento dos méritos e potencialidades dos seus autores.
8.    Quatro histórias de certa forma auto-conclusivas, embora as três primeiras formam um todo, que abordam diferentes momentos do passado de Dog Mendonça: o nascimento em Tondela, a descoberta da sua identidade de lobisomem, a infância e juventude como atracção do circo, o rapto pelos nazis, o regresso a Lisboa, o confronto com o monstro do Loch Ness…
9.    E que revelam um Filipe Melo – que já tinha mostrado os seus dotes de contador de fôlego – perfeitamente à vontade no registo curto, com relatos sólidos e bem estruturados, que mantêm todas as características que fizeram o sucesso da série: humor inteligente e desbragado, referências cruzadas a universos perfeitamente reconhecíveis do cinema, televisão, banda desenhada e literatura fantástica e um acelerado ritmo narrativo, a que se junta ainda a paródia – patrocinada até! – à própria série, à realidade editorial da Dark Horse e às convenções de comics.
10.          Desenhados a meio do segundo volume, acompanham também os progressos gráficos entretanto feitos, revelando o traço, a cor e a planificação um assinalável amadurecimento e uma maior à-vontade e segurança.
11. Mas, se atrás escrevi que 2011 foi o ano de Dog Mendonça e dos seus autores, acredito que 2012 poderá sê-lo ainda mais.
12.           Porque, depois do sucesso interno – devido não só às qualidades intrínsecas da série, mas também ao trabalho promocional (principalmente do seu argumentista) – o mesmo – a uma escala diferente, claro está – poderá vir a suceder além-fronteiras.
13.           O que, possivelmente, colocará Filipe Melo “y sus muchachos” perante um dilema: o que fazer com esse sucesso?
14.           Porque, aquilo que poderá ter começado como um simples divertimento ou uma experiência diferente, mostra ter condições para se tornar algo (muito) mais sério.
15.           Resta saber se é esse o caminho que Melo, Cavia, Villa e Tejada – com vida própria e reconhecimento a vários níveis, para lá dos quadradinhos – desejam seguir.
16.           A banda desenhada (portuguesa…) agradecerá uma resposta positiva.

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