Se a
história da banda desenhada humorística é feita em boa parte
à custa de preguiçosos e trapalhões, poucos terão encarnado tão bem esses dois papeis como Gaston Lagaffe, que se estreou nos quadradinhos há 55 anos.
à custa de preguiçosos e trapalhões, poucos terão encarnado tão bem esses dois papeis como Gaston Lagaffe, que se estreou nos quadradinhos há 55 anos.
Criação de André
Franquin (1924-1997), que já tinha passado com bastante sucesso pelas aventuras
de Spirou, onde criou o Marsupilami,
Gaston, curiosamente, começou por deambular pelas margens das páginas da
revista Spirou, antes de ter direito a espaço próprio.
Isso
aconteceria a partir do nº985, de 28 de Fevereiro de 1957, onde Gaston surgiu
com uma aparência bem diferente daquela que mais tarde assumiria: cabelo curto,
blaser e lacinho vermelho, que progressivamente se transformaram em camisola de
gola alta verde e jeans azuis que combinavam melhor com o seu cabelo farto,
revolto e desgrenhado, com a sua personalidade distraída, inventiva e
fantasiosa e com a sua preguiça proverbial.
Por isso, o
trabalho sempre atrasado, o correio por entregar, uma habilidade especial para
fazer gorar os contratos com o sr. De Desmaeker, as invenções com tanto de
surpreendente quanto de inútil, o velho Fiat 509 literalmente a cair aos
pedaços, os seus irritantes animais de estimação (um gato hiper-activo e uma
gaivota sarcástica) e, acima de tudo, o ensurdecedor broncofone, levaram ao
desespero muitas vezes os seus colegas da redacção da revista Spioru, onde
decorriam as suas aventuras de papel.
Com ele,
Franquin, um autor introvertido e de carácter depressivo, deu largas ao seu
génio de contador de histórias em quadradinhos e revelou um sentido de humor
irreverente e contagiante que fizeram dele um grande sucesso ao longo de cerca
de 40 anos de publicação.
Em
Portugal, a criação de Franquin foi estreada como Zacarias no nº2 do Foguetão,
em Maio de 1961, revista em que teve passagem meteórica. Depois, divertiu igualmente
os leitores do Zorro, Spirou, Jacaré e Selecções BD.
A primeira
edição nacional em álbum, como Gastão Dabronca, esteve a cargo da Arcádia, a
partir de 1978, tendo estado presente igualmente nos catálogos da Meribérica/Líber
(a partir de 1989) e da ASA, que fez a sua edição integral na colecção Gaston -Os Arquivos do Lagaffe,
distribuídos com o jornal Público no Verão de 2010.
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