Colecção Dupuis Patrimoine
Franquin
Dupuis (Bélgica, 6 de Abril
de 2012)
230 x 310 mm, 88 p., cor,
cartonado
24,00 €
Resumo
Este álbum divide-se em duas partes.
A primeira reproduz “Bravo les Brothers”, com um novo
colorido – baseado no original – da responsabilidade de Frédéric Janin, antigo colaborador
de Franquin, com a participação da filha deste, Isabel Franquin.
A segunda reproduz os originais a preto e branco – sublimes!
– de Franquin, a par dos comentários de José-Louis Bocquet e Serge Honorez que,
a propósito de cada prancha, evocam a personalidade, a carreira, a obra ou as
personagens do genial criador de BD, contextualizando-as no quotidiano da
revista belga “Spirou” e na sua época.
Desenvolvimento
A proximidade do aniversário de Fantasio, leva Gaston
Lagaffe a procurar uma prenda para ele. Prenda que, inevitavelmente, terá tanto
de inusitado quanto de surpreendente e catastrófico, como é seu timbre.
No caso, Gaston adquire um trio de chimpanzés, encontrados nos
saldos de um circo falido.
Os símios - muito susceptíveis – incentivados e aplaudidos
por Gaston, passam então a fazer da redacção da revista Spirou um autêntico circo,
infernizando a vida de Fantasio em particular e de todos em geral, com os seus
malabarismos, habilidades e pontaria (in)falível, com os gags, as situações
rocambolescas, os acontecimentos inusitados e os “acidentes” a sucederem-se a
um ritmo impressionante, num monumento de pura diversão.
Em especial na primeira dúzia de pranchas, Franquin faz
gáudio do seu génio para os quadradinhos, aliando ao seu traço vivo, vigoroso, ágil
e muito expressivo, uma soberba técnica narrativa, uma planificação dinâmica e
um sentido de humor irresistível para o leitor.
A título de parêntesis, refira-se que esta BD, criada numa
época de depressão (!) do autor, quando ponderava o abandono das aventuras de
Spirou – de que viria a desenhar apenas mais um álbum – foi escolhida por ele
como a sua preferida, surgindo a meio caminho entre uma aventura – quase caseira
– de Spirou e os habituais gags de Gaston.
O resultado – já atrás ficou explícito – é magnífico, não só
pelo humor e sentido narrativo, mas também porque ela serve de pretexto para
humanizar um pouco o “perfeitinho” Spirou, que nela se exaspera, duvida e
hesita…
Quanto a Fantasio, assoberbado pelos chimpanzés, passa metade da
história sobre o efeito de calmantes – “drogado”, pois! – sendo um tratado a panóplia
de expressões com que Franquin o dota, bem como a sequência em que o (inevitável)
De Mesmaeker traz os (também inevitáveis) contratos para assinar.
A reter
- A genialidade de Franquin, bem expressa em 22 soberbas pranchas
de BD. Um monumento!
- A excelente edição da Dupuis, quer a nível gráfico, quer
pelo seu conteúdo, pois a par das duas versões da BD e dos comentários, há
ainda diversos esboços e desenhos extra para apreciar, o que faz dela um
documento imperdível para os fãs de Franquin e todos aqueles que gostam de
banda desenhada.
- A forma simples e dinâmica como Bocquet e Honorez traçam
um capítulo muito importante da história da BD franco-belga e da obra de Franquin.