Mudança – partes 2, 3 e 4
Zeb Wells (argumento)
Chris Bachalo e Emma Rios (desenho)
Towsend, Mendonza, Olazaba, Irwin e Bachalo (arte-final)
Antonio Fabela (cor)
Panini Comics (Brasil, Outubro de 2011)
170 x 260 mm, 76 p.,
cor, comic-book mensal
R$ 6,50 / 2,80 €
1.
Confesso que achei uma aberração, quando a
Marvel, num passe místico, decidiu acabar com o casamento de Peter Parker e Mary
Jane, para aproximar o herói aracnídeo do seu público-alvo.
2.
Não só porque a situação em si é absurda e pouco
consistente no universo em que se move a personagem, mas também porque, ao
fazê-lo, apagou décadas de (boas) histórias e inviabilizou um potencial narrativo
que não me parece de todo desprezável
3.
Mas, como a minha opinião não passa disso –
mesmo quando partilhada por muitos mais – só me restavam duas opções: desistir
das histórias do Aranha (um dos poucos super-heróis que realmente aprecio) ou
continuar a lê-las.
4.
A opção que tomei foi esta última e, dando o
braço a torcer, reconheço que a “nova fase” tem tido histórias bastante
interessantes...
5.
(…mesmo quando a opção é recontar pela enésima
vez confrontos - já “clássicos” - com vilões originais, algo em que a Marvel se
especializou e faz recorrentemente).
6.
É o que acontece neste “Homem-Aranha” #118,
actualmente distribuído nas bancas e quiosques portugueses, numa história
introduzida no #117 e que agora se conclui
7.
(e que embora possa ser lida de forma autónoma,
é parte de um arco bem mais longo, há vários meses a decorrer nesta revista).
8.
O vilão de serviço é o Lagarto/Curt Connors,
numa história densa e movimentada, bem explanada e com tudo para prender mesmo
leitores que geralmente não apreciam super-heróis, ao mesmo tempo que é também
uma metáfora sobre as lutas interiores que quotidianamente temos de enfrentar
para moldarmos a personalidade e seguir em frente.
9.
Mas, o que realmente faz a diferença em “Mudança”,
e me fez ampliar este "fim-de-semana aracnídeo" aqui em As Leituras do Pedro, é a soberba arte de Chris Bachalo – um dos meus desenhadores de comics
favoritos – que transformou o Lagarto – agora inteligente e mais manipulador do
que violento - num ser imenso, algures entre a forma humanóide (de Connors) e a
reptilínea do animal, tanto mostrado integralmente
(apesar de não conseguirmos definir exactamente a sua forma…) como em
incomodativos close-ups de tal pormenor que quase sentimos a sua pele viscosa e
o seu hálito agoniante.
10. A
par disso, Bachalo usa com mestria uma planificação original, diversificada e extremamente
dinâmica, com recurso frequente a vinhetas verticais inseridas numa imagem
maior, para realçar expressões, detalhar a acção ou acelerar ou abrandar o seu
ritmo.
11.
A paleta de cores utilizada, maioritariamente
composta por tons frios, contribui também para acentuar o ambiente opressivo e
hostil que envolve toda a narrativa.
12. O
resultado, são pranchas magníficas que, o papel baço e mais absorvente da
edição brasileira não permite desfrutar em todo o seu esplendor, daí também a
opção por previews da edição original norte-americana para ilustrar este texto.
eheh, ainda nem tinha lido o texto e já me estava a babar com as poucas páginas aqui colocadas. Chris Bachalo sempre foi bom mas acho que cada vez está melhor. Sou honesto, também não gostei nada do que fizeram na história do Mefisto. Parecia o ultimo filme do Star Treck. Mas a realidade é que depois de ver estas páginas não vou conseguir ignorar esta nova fase do Aranha. Valham-nos artistas destes para compensar algumas falhas editoriais :)
ResponderEliminarOlá Luís,
ResponderEliminarA arte do Bachalo está sem dúvida soberba e só por si já justifica a compra da revista, o que não invalida que a história esteja interessante.
Aquela do mefisto, não lembrava ao... diabo! ;) Mas a verdade é que o Homem-Aranha melhorou!
Boas leituras deste Aranha... e do outro!