Tokyo
Underground
Marazano
(argumento)
Kerfriden (desenho)
Dargaud (França, Junho de 2012)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
13,99 €
1.
Qualquer breve análise, mesma genérica, à edição
francófona da última década, década e meia, revelará a influência crescente da
banda desenhada oriental, com o manga à cabeça.
2.
Em termos formais (formato, tipo de edição…) e
criativo (fisionomia das personagens, sinais gráficos, algumas temáticas…).
3.
O que não é de estranhar, pois coincide com uma
grande e marcante presença de obras japonesas, coreanas, chinesas… nesse mesmo
mercado.
4.
E não é de estranhar a dois níveis.
5.
Comercialmente, porque significa que os autores
e/ou as editoras (também) vão à procura de quem lê agora BD, dos seus gostos e
preferências.
6.
Artisticamente, porque os novos autores
cresceram com o manga (e o anime) e naturalmente absorveram (algumas d)as suas
influências, que agora revelam nas suas obras.
7.
Otaku Blue, uma história prevista em dois
volumes, é mais uma obra que espelha o que atrás ficou escrito.
8.
Porque se passa no Japão, porque as suas
personagens são orientais - embora graficamente o álbum seja indiscutivelmente
ocidental, em termos de planificação (bastante variada) e mesmo de traço…
9.
(Bem legível e agradável, posso já adiantar)
10. …
- e porque, vai mesmo um pouco mais além, ao situar o centro da trama numa comunidade
otaku.
11. Registo
policial contido, de progressão lenta e tom bastante misterioso, Otaku Blue desenvolve-se
em dois relatos paralelos (que inevitavelmente acabarão por se cruzar):
12. Por
um lado, a investigação policial que procura um serial-killer (dentro das suas
próprias fileiras?), responsável pela morte e mutilação de diversas
prostitutas.
13. E
cujo responsável pelo inquérito é o inspector Arakawa, que tem algumas sombras
no seu passado e tenta que o seu parceiro não repita alguns dos erros que ele
próprio cometeu.
14. Por
outro lado, a jovem Asami, que escolheu a comunidade Otaku como base da sua
tese de mestrado em sociologia e cuja relação com (outro potencial suspeito) o namorado,
que tem pretensões a realizador de cinema de terror, já conheceu melhores dias.
15. Enquanto
as duas investigações avançam – em ritmo moderado, o que permite desenvolver
credivelmente as personagens, que se vão interrogando sobre as suas próprias
motivações e ambições – o leitor sente-se enleado na teia bem urdida por
Marazano e sente que o desenlace corresponderá ao encontro de todos os
protagonistas, com resultados que estarão longe de ser pacíficos e mesmo agradáveis…
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