Ao fim de três livros – mesmo que este só se chame Dois! –
Armandinho (quase) já não tem surpresas para os leitores. É como um velho conhecido,
que reencontramos regularmente mas que, mesmo assim, não deixa de nos surpreender.
Do salto do primeiro
livro para este terceiro – e em termos de publicação em jornal estamos a
falar de um período de pelo menos meio ano – a principal diferença que se
destaca é a consolidação do microcosmos em que o protagonista se move.
Microcosmos povoado por um número reduzido de personagens, com quem Armandinho
contracena, a quem desespera e/ou surpreende, para divertimento do leitor.
Um microcosmos onde cabem os pais e a professora – melhor, as
(longas) pernas dos pais e da professora -, o sapo de estimação e um ou outro
amigo, para já com parcas aparições, mas cujo (imenso) potencial é fácil de perceber.
Apesar da sua aparente limitação, esse microcosmos – retrato
fiel da vida dos que ainda contam poucos anos - é suficiente para nos fazer
vislumbrar uma variedade (quase infinita?) de situações, que o pequeno e
irrequieto Armandinho vai interpretando ao sabor do momento e da sua sabedoria,
infantil, ternurenta e ingénua, apesar de aqui e ali já se vislumbrar uma ou
outra contaminação da idade adulta.
Espontâneo, surpreendente, desarmante e, por tudo isso,
divertido, apesar de nascido no Brasil – e fruto da crescente globalização - Armandinho
tem tudo para que (também) os portugueses se identifiquem com ele e aumentem o
número daqueles que (também) se sentem velhos conhecidos e (já) não passam sem
um ou outro encontro regular.
E, termino da mesma forma que concluí a minha leitura dos Psicopatos
pois, se – até antes da publicação em jornal – Armandinho se mostra no
Facebook, “a verdade é que a sua compilação em livro lhe confere um outro
estatuto e uma vida (justamente) mais duradoura, para lá do imediatismo da
existência online”.
Nota final
Segundo anúncio da editora – com direito a tira original alusiva
- Alexandre Beck, “pai” de Armandinho, vai estar em Lisboa, no dia 18 de Maio,
na FNAC do Colombo, para apresentação dos seus livros. Não seria boa ideia
levá-lo a conhecer – e dar-se a conhecer a outros pontos do país…?
Armandinho Dois
Alexandre Beck
O Castor de Papel
Portugal, Março de 2015
210 x 150 mm, 96 p., brochado com badanas
9789899930179
7,95 €
(Imagens, não
necessariamente presentes em Armandinho Dois, retiradas da sua página de Facebook)
Porque o considero dos melhores críticos da 9ª arte, indiscutivelmente, quer eu quer todos os bons amantes de BD, deixo um desafio e ao mesmo tempo um singelo pedido: O Pedro Cleto podia deixar aqui neste seu e nosso cantinho uma lista dos melhores álbuns de BD de sempre…………..Há semelhança do que é feito noutras áreas, como por exemplo cinema e musica. Muito obrigado
ResponderEliminarAbraço bedéfilo
P.S. – O ultimo álbum que me fascinou foi a Arte de Voar de Altarriba/Kim
Caro Pedro Ferreira,
EliminarObrigado pela sua participação aqui neste blog e pelas suas palavras.
Quanto a uma lista das melhores BDs de sempre é algo extremamente complicado, desde logo porque se torna difícil comprar séries regulares (comics, franco-belga) com graphic novels ou one-shots.
Depois, porque na elaboração de listas entra sempre com grande peso o gosto pessoal. No meu caso, possivelmente entrariam poucos comics de super-heróis, quase nenhum manga e muitas bandas desenhadas franco-belgas.
Em terceiro lugar, tenho a certeza que (ainda) não li algumas das obras que mereceriam entrar nessa lista.
Finalmente, teria de ser uma lista muito extensa que se tornaria maçadora para quem a consultasse e extremamente trabalhosa, porque cada uma das obras deveria levar aposta a justificação para a sua presença.
Sem esse propósito, a lista das melhores bandas desenhadas que publico aqui mensalmente pode ser um pequeno substituto para a falta da outra! ;)
Boas leituras!
E, já agora Pedro Ferreira, também fiquei fascinado por A Arte de Voar, quando o li na edição espanhola, fascínio que aumentou quando tive a oportunidade de a traduzir para a actual colecção Novela Gráfica do Público.
EliminarAcredito que O Diário do Meu Pai, na mesma colecção, também o vai fascinar...
Boas leituras!