21/05/2015

Astérix: O Domínio dos Deuses















Astérix: O Domínio dos deuses, que estreia hoje nas salas portuguesas, é a nona adaptação em desenhos animados das aventuras do pequeno guerreiro gaulês.

A estreia no grande ecrã, embalada pelo sucesso crescente da banda desenhada em cujas páginas René Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo (1927-) o criaram em 1959, aconteceu no já distante ano de 1967, numa produção dos estúdios Belvision, co-produtores do filme actual. No total, são já 13 as longa-metragens do gaulês: quatro com actores reais (entre 1999 e 2012) e nove de animação, incluindo uma história original: “Os Doze Trabalhos de Astérix” (1976).
Neste regresso ao grande ecrã, Astérix surge pela primeira vez em todo o esplendor das modernas técnicas 3D mas, para isso, foram necessários meses de testes de modelagem informática e de animação até o ‘papá’ Uderzo se dar por convencido com o trabalho do Studio M6 e, em particular, dos realizadores Louis Clichy – que trabalhou como animador para a Pixar em filmes como Wall-E e Up! - e Alexandre Astier – realizador da série Kaamelott - e do animador Patrick Delage.
Com 3 milhões de espectadores só em França, onde estreou em Novembro do ano passado, “O Domínio dos Deuses” demorou quatro anos a realizar.
Roger Carel, hoje com 87 anos, faz o pleno das dobragens de Astérix na animação, secundado por Guillaume Briat (como Obélix), Lorànt Deutsch (o arquitecto Anglaigus responsável pelo projecto), Philiippe Morier-Genoud (Júlio César) ou Alain Chabat (que volta a Astérix depois de realizar Missão Cleópatra (2002) como voz do senador Prospectus). Ao contrário do que é habitual, as vozes foram gravadas antes da animação para os actores transmitirem a sua personalidade, dinamismo e humor às personagens sem serem influenciados pelo seu aspecto. Na versão portuguesa Manuel Marques e Eduardo Madeira, dão voz, respectivamente, a Astérix e Obélix.
Alexandre Astier, tomou como ponto de partida para o seu argumento o álbum O Domínio dos Deuses (1971), no qual Júlio César tenta vencer os gauleses pela astúcia, criando uma área urbana romana nas imediações da aldeia irredutível, esperando assim vencê-los através dos ‘benefícios’ da civilização. Mas, se muitos dos habitantes se deixam seduzir rapidamente abrindo peixarias e casas de antiguidades por toda a aldeia, como habitualmente Astérix, Obélix e Panoramix não estão pelos ajustes numa história que, para além do conseguido divertimento de tom familiar, é pretexto para uma reflexão sobre a ecologia, o capitalismo, a sociedade de consumo e a inexorável passagem do tempo.


(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Maio de 2015) 

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