06/12/2016

Marcel Gotlib (1934-2016)







O desenhador e argumentista francês Marcel Gottlieb faleceu no passado domingo, contava 82 anos.
Natural de Paris, onde nasceu a 14 de Julho de 1934, filho de judeus húngaros, desenhou desde a adolescência embora também tenha desempenhado outras actividades como estivador ou farmacêutico.
Depois de frequentar um curso de desenho publicitário, em 1954 começou a trabalhar como legendador em várias publicações, entre elas “Le Journal de Mickey”. Cinco anos mais tarde começava verdadeiramente a sua carreira de desenhador, ilustrando livros infantis, álbuns para colorir e manuais de desenho, tendo na mesma época realizado a sua primeira banda desenhada, “Le Générale Dourakine”, na colecção “Petir Faon”, ao mesmo tempo que descobria a revista humorística norte-americana “Mad”, que o marcou profundamente.
Em 1962 entrou para a revista “Vaillant”, primeiro de forma discreta, com séries de pouco sucesso, mas em 1965 criou Gai-Luron como personagem secundário de “Nanar et Jujube”. Este cão vagamente inspirado no Droopy da animação, revelou rapidamente um carácter fortemente cómico, assumindo mesmo o protagonismo em “Gai-Luron ou la joie de vivre”, que Gotlib, o seu pseudónimo artístico, escreveu e desenhou até 1971, só voltando a ele 15 anos mais tarde, mas com uma temática mais adulta.
Ainda nesse ano de 1965, o seu caminho cruzou-se com os de Jacques Lob e René Goscinny, dois dos maiores argumentistas da BD francófona, com quem viria a trabalhar. Nesse mesmo ano, entrou para a “Pilote, le journal d’Astérix e Obélix”, onde, com argumento de Goscinny, desenhou “Les Dingodossiers”, uma versão satírica da sociedade e da actualidade francesas, que ao fim de três anos assumiria a solo sob o título “Rubrique à brac”.
Em 1972, ele e Lob imaginaram em separado um super-herói 100 % francês que, uma vez unificados os dois projectos, deu origem ao “Superdupont”, com o seu uniforme tricolor, bigode farto e a tradicional boina.
Em 1973 vestiu pela primeira vez a pele de editor, fundando, com Claire Bretécher e Nikita Mandryka a revista “L’Écho des Savannes”, onde a sua produção aos quadradinhos se tornou mais provocadora, obscena e impúdica e repleta de humor negro, marcando os anos 1970.
Três anos mais tarde, deixou-a para criar com Alexis e Jacques Diament a “Fluide Glacial”, na dupla componente revista e editora, onde retomou Gai-Luron e onde foram compiladas em álbum muitas das suas criações anteriores, como o professor Burp, Isaac Newton, a Coccinelle ou o Hamster Jovial.
Angoulême reconheceu a sua importância e a inovação que introduziu na BD francófona ao conceder-lhe em 1991 o Grande Prémio pelo conjunto da sua obra.


(versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 6 de Dezembro de 2016;
clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)

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