No
atual panorama editorial de banda desenhada europeia, com algumas
ramificações noutras latitudes, há duas constatações
inevitáveis. A primeira, o crescimento exponencial da adaptação de
romances da literatura, de certa forma num regresso a uma prática
que algumas décadas atrás tinha outras justificações. A segunda,
umbilicalmente ligada à primeira, é a qualidade de muitas dessas
versões que recriam de forma completa e memorável, numa nova
linguagem, as histórias dos romances originais. O
Deus das Moscas,
assinado por Aimée de Jongh, que a ASA acaba de editar em simultâneo
com a edição original, é um dos exemplos possíveis.
Sentados
em confortáveis sofás, com um sedutor livro nas mãos, estamos
longe de imaginar as dificuldades e as situações limite que outros
sofrem quotidianamente. Mas talvez as possamos de algum modo entender
quando, como em Dias
de Areia,
essas realidades nos entram pelos olhos dentro, como uma nuvem de
areia sufocante.
Um
dos argumentistas que marcou indelevelmente as últimas décadas, no
que à BD diz respeito, foi indubitavelmente Jean Van Hamme. Thorgal,
Blake e Mortimer, Western, Wayne Shelton, Os Mestres Cervejeiros,
História sem Heróis, Largo Winch, Lady S., Tony Stark, Corentin, O
Grande poder do Chninkel, Arlequin, XIII
são, entre séries e one-shots,
surgidas na memória ao correr dos dedos pelo teclado, uns poucos
exemplos do muito -
de bom e muito bom - que
os leitores de (boas) bandas desenhadas de aventuras lhe devem.