Humana ou de papel?
A dúvida levanta-se numa nova edição de J. Kendall.
Eu sei que Julia tem marcado presença regular (quase mensal) aqui, mas garanto que não tenho qualquer tipo de comissão por parte da Mythos. Isso deve-se apenas à qualidade das histórias, geralmente bem acima da média, às quais não tenho conseguido resistir e cuja leitura me tem inspirado estas reflexões. Não sei se com os meus textos já consegui seduzir algum leitor, mas acredito que quem aceitar o desafio de se embrenhar nos casos de polícia que vão surgindo em Garden City não dará o seu tempo por mal empregue.
Este número, ia a escrever “não é uma excepção”, mas na verdade é bem mais do que isso. È um exemplo perfeito do que atrás afirmei, pela forma como o quotidiano de cada um dos intervenientes que foi/vai ser afectado pelo roubo e pelo sequestro, se enquadra na narrativa e é afectado pelo acontecimento central que serve de base à história. De base, sim, embora surja quase como menor, porque o enriquecedor do argumento de Berardi e Calza são os pequenos dramas – e alegrias – das várias pessoas – bem reais - que vamos conhecendo – e com as quais encontramos pontos de contacto. Mesmo que nalguns casos a sua participação seja apenas acessória ou passageira, deixando no leitor a vontade de conhecer mais acerca da sua vida ou do momento concreto que a história abordou.