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16/08/2013

Hellboy: 20 anos infernais












Banda desenhada de culto que o cinema celebrizou através dos filmes dirigidos por Guillermo del Toro, Hellboy estreou-se aos quadradinhos na Dark Horse, há 20 anos, em Agosto de 1993.

Criação de Mike Mignola, Hellboy é um demónio invocado pelos nazis para o usarem como arma durante a Segunda Guerra Mundial mas, no entanto, a criatura revoltou-se, passando a combatê-los. A par disso, como uma espécie de detective do paranormal, vai enfrentando monstros e seres fantásticos, confrontos esses que o têm levado a diversos pontos do nosso planeta, incluindo Portugal ou, mais exactamente Tavira, onde investiga aparições sobrenaturais num edifício inspirado na Capela de S. Sebastião. Curiosamente esta história – “In The Chapel of Moloch” – datada de 2008, continua inédita no nosso país, onde estão editados sete volumes da série, entre os quais "Verme conquistador", "Terras estranhas" ou "A Bruxa Troll e outros contos".
A par da temática original, Hellboy destaca-se também pelo traço linha clara, de tons sombrios, que ajuda a definir os ambientes em que o demónio se move.
Mike Mignola, que nasceu na Califórnia, em 1962, começou a trabalhar na Marvel com apenas 21 anos, tendo desenhado diversos comics, entre os quais Demolidor e Hulk. Para a DC Comics criou um curioso encontro entre Batman e Jack, o Estripador, antes de se dedicar à sua maior criação.
Argumentista e desenhador, Mignola recorre por vezes a outros artistas como Richard Corben, Craig Russell ou Duncan Fegredo, quer em Hellboy, quer em BPRD, uma série derivada.
O demónio de chifres serrados, que também teve versões animadas e protagonizou videojogos, chegou ao cinema em 2004, pela mão de Del Toro, com supervisão do seu criador e interpretação de Ron Perlman e os bons resultados de bilheteira garantiram uma sequela, quatro anos mais tarde, “Hellboy e o Exército Dourado”, de sucesso ainda maior. 

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Agosto de 2013)


26/01/2012

Hellboy









A Bruxa Troll e outros contos
Mike Mignola (argumento e desenho)
Richard Corben (desenho)
P. Craig Russell (desenho)
G. Floy Studio (Portugal, Novembro de 2011)
170 x 260 mm, 136 p., cor, brochado com badanas
15,99 €


Resumo
Sétimo tomo de Hellboy lançado em Portugal, esta colectânea de histórias curtas, publicadas entre 2003 e 2007 em diversas revistas ou na forma de mini-séries, inclui: A Penanggalan, A Hidra e o Leão, A Bruxa Troll, O Vampiro de Praga, A Experiência do Dr. Carp, O Ghoul e Makoma.
O desenho desta última é da autoria de Richard Corben, tendo P. Craig Russell desenhado O Vampiro de Praga

Desenvolvimento
Curiosamente, aquele que poderia ser o maior atractivo deste livro, é também o seu ponto menos conseguido. Refiro-me, às duas histórias que Mignola não desenhou pois, se é inegável o maior talento artístico – de um ponto de vista clássico e formal, sem que isso diminua o seu talento de autores de BD - de Corben e Russell, o “seu” Hellboy – servido por um traço mais apurado (e por cores mais vivas no caso de Corben) - perde no recriar dos ambientes típicos da série. Falta-lhes o aspecto sombrio, o traço menos definido, mais estilizado, o uso de sombras, que potenciam a sensação de temor e receio do desconhecido, do estranho, do misterioso que caracteriza a maior parte dos relatos do demónio.
Características que encontramos nas histórias de que é autor completo Mignola, que aproveita estes contos para consolidar e aprofundar os ambientes e temáticas místicos e fantásticos que lhe são caros. Ao mesmo tempo que explora lendas e mitos europeus e africanos, tornando Hellboy seu participante ou protagonista, o que contribui para reforçar a sua aura e a sua dimensão face aos demónios e seres fantásticos que tem que enfrentar.
Em termos pessoais, se gostei especialmente dos argumentos de Makoma e de A Bruxa Troll, a pérola desta compilação – de que merece referência a inclusão de um comentário de Mignola sobre cada relato – é A Experiência do Dr. Carp, pela forma elíptica como está narrada e pela dúvida que fica após a sua leitura.


08/06/2010

Hellboy – Terras Estranhas

Mike Mignola (argumento e desenho)
Dave Stewart (cor)
G. Floy Studio (Portugal, 2009)
258 x 168 mm, 136 p., cor, brochado com badanas


Se à primeira vista, Hellboy pode ser classificado como banda desenhada de terror, um género que fez furor nos anos 50, mas hoje pouco em voga, a verdade é que essa seria uma leitura apressada e incompleta. Porque se o protagonista é um demónio, com um curioso sentido de moral - dualidade que Mignola explora bem - o que o leva a combater os nazis que o invocaram numa tentativa de mudarem o rumo à II Guerra Mundial, bem como a outros demónios e criaturas estranhas, também é indiscutível que a sua leitura pode – deve – ir bem mais além das cenas de acção.
Desde logo, porque subjacente à temática há um toque de humor, em especial nos diálogos do protagonista, que confere um surpreendente tom de comédia trágica aos relatos. Depois, porque Mignola semeia em profusão referências e citações - da literatura, do cinema, da própria BD - que, neste álbum em concreto, vão de Charles Dickens a William Hodgson, da Pequena Sereia, de Hans Christian Andersson, à versão cinematográfica do Moby Dick, de Herman Melville.
A par delas, é patente uma pesquisa aprofundada de lendas e mitos das mais diversas civilizações, em especial quando versam o sobrenatural, traduzida depois – por vezes em excesso – nas situações e nos intervenientes das duas histórias incluídas neste tomo – O Terceiro Desejo e a Ilha -, nas quais Hellboy, um joguete nas mãos dos seus adversários – a um tempo poderosos e impotentes - vai descobrir mais sobre o seu passado… e o seu futuro.
Se na altura da publicação original, ela marcou o regresso de Mignola ao desenho, o afastamento não o fez perder qualidades, mantendo-se o alto nível do seu traço, depurado, aparentemente simples, muito legível, expressiva e dinâmico, assente numa linha clara, quase sempre tingida de tons sombrios, que contribuem sobremaneira para dar consistência aos cenários góticos e desolados, de edifícios escuros e em ruínas.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 29 de Maio de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

16/03/2010

Hellboy – Verme conquistador

Mike Mignola (argumento e desenho)
G. Floy Studio (Portugal, 2008)
170 x 256 mm, 144 p., cor, brochado com badanas


Por vezes há coisas assim.
A estreia de “Hellboy 2: O Exército Dourado” nos cinemas aconteceu em simultâneo com a chegada de mais um volume aos quadradinhos às livrarias – conjugação em que o mercado português tem sido parco, o que não abona a seu favor – o que justifica uma breve análise das razões do seu sucesso – mais marcante nas páginas impressas do que nas telas. O que facilmente se percebe, porque apesar dos muitos avanços tecnológicos, continua a haver aspectos em que a concretização dos sonhos nascidos no papel continua a ser impossível, sendo estes mais capazes de sugestionarem a mente humana.
O que primeiro atrai em Hellboy é a arte de Mike Mignola, que quase se poderia classificar como uma “linha clara” escura, já que o seu desenho plano, estilizado, desprovido de pormenores desnecessários, extremamente legível, invulgar no universo dos comics norte-americanos, é servido por tons soturnos, sombrios, mesmo quando a acção decorre em montanhas verdejantes…
Isso contribui sobremaneira para o ambiente opressivo e tenso das narrativas, onde o inesperado espreita a cada página e onde cada construção – quase sempre velhos castelos decadentes - esconde perigos inimaginados.
Mas são as narrativas, bem construídas, envolventes, alternando suspense com cenas de acção, com as pontas soltas necessárias para serem retomadas mais tarde, fazendo a ligação entre as histórias e criando uma interessante cumplicidade com o leitor, que mais surpreendem, pela conjugação de aspectos que aparentemente nada têm em comum: investigações de tom detectivesco e demónios saídos do inferno – o primeiro dos quais o próprio Hellboy -, o paranormal par a par com a ciência, a retoma da temática nazi como personalização do mal absoluto como um dos lados do eterno confronto entre este e o bem…
“Verme Conquistador”, que tem introdução de Guillermo del Toro, reúne todos aqueles aspectos, cruzando-os com diversas referências literárias, cinematográficas e televisivas agradavelmente retros, numa história que traz Hellboy de novo à velha Europa, a mais um castelo em ruínas, para evitar a concretização de um plano iniciado pelos nazis 60 anos antes, quando enviaram o primeiro ser humano para o espaço.

(Versão revista e actualizada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Setembro de 2008)
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