Banda desenhada de culto que o cinema celebrizou através dos
filmes dirigidos por Guillermo del Toro, Hellboy estreou-se aos quadradinhos na
Dark Horse, há 20 anos, em Agosto de 1993.
Criação de Mike Mignola, Hellboy é um demónio invocado pelos
nazis para o usarem como arma durante a Segunda Guerra Mundial mas, no entanto,
a criatura revoltou-se, passando a combatê-los. A par disso, como uma espécie
de detective do paranormal, vai enfrentando monstros e seres fantásticos,
confrontos esses que o têm levado a diversos pontos do nosso planeta, incluindo
Portugal ou, mais exactamente Tavira, onde investiga aparições sobrenaturais
num edifício inspirado na Capela de S. Sebastião. Curiosamente esta história –
“In The Chapel of Moloch” – datada de 2008, continua inédita no nosso país, onde
estão editados sete volumes da série, entre os quais "Verme conquistador", "Terras estranhas" ou "A Bruxa Troll e outros contos".
A par da temática original, Hellboy destaca-se também pelo
traço linha clara, de tons sombrios, que ajuda a definir os ambientes em que o
demónio se move.
Mike Mignola, que nasceu na Califórnia, em 1962, começou a
trabalhar na Marvel com apenas 21 anos, tendo desenhado diversos comics, entre
os quais Demolidor e Hulk. Para a DC Comics criou um curioso encontro entre
Batman e Jack, o Estripador, antes de se dedicar à sua maior criação.
Argumentista e desenhador, Mignola recorre por vezes a
outros artistas como Richard Corben, Craig Russell ou Duncan Fegredo, quer em
Hellboy, quer em BPRD, uma série derivada.
O demónio de chifres serrados, que também teve versões
animadas e protagonizou videojogos, chegou ao cinema em 2004, pela mão de Del
Toro, com supervisão do seu criador e interpretação de Ron Perlman e os bons
resultados de bilheteira garantiram uma sequela, quatro anos mais tarde, “Hellboy
e o Exército Dourado”, de sucesso ainda maior.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
8 de Agosto de 2013)