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28/09/2009

Appoline

Jean David Morvan (argumento)
TBC (desenho)
Casterman (França, Setembro de 2009)
242 x 321 mm, 64 p., cor, capa cartonada


Resumo

Numa pequena cidade – que pode ser qualquer uma, até a nossa – um pasteleiro é selvaticamente assassinado mesmo à hora de fecho do seu estabelecimento, sem que haja qualquer sinal de roubo. Encarregado da investigação do crime, o inspector Wimms vai fazer uma incrível descoberta…

Desenvolvimento
De forma cáustica, Morvan e TBC abordam – embora involuntariamente – um tema que faz(ia) as primeiras páginas jornais e abria os noticiários na data de publicação deste álbum: o rapto e/ou violação e/ou sequestro de crianças/adolescentes/jovens, devido à descoberta, na Califórnia, no final de Agosto, de Jaycee Lee Dugard, 18 anos depois de ter sido raptada com apenas onze anos.
A história de Morvan, que começa apenas como um assassinato violento, previsivelmente devido a alguma vingança, com o avançar do inquérito de Wimms, um homem solitário, fechado sobre si mesmo – com problemas de relacionamento, portanto – revela outros contornos, bem mais complicados, mesmo que o inspector descubra e prenda o assassino. Só que, a história não termina assim pois Wimms, ao revistar a casa do suspeito, aparentemente recebe a sorte grande, se assim se pode dizer, pois nela encontra sequestrada (…?) Appoline, uma adolescente raptada anos atrás, com apenas 11 anos, que entretanto se transformou numa mulher atraente e manipuladora.
Chegado aqui, não vou adiantar muito mais, para não retirar à narrativa o efeito surpresa de que eu próprio beneficiei, acrescento apenas que Morvan, com a cumplicidade gráfica do esloveno TBC, desenvolve uma estranha narrativa em que explora (aliena…) o chamado Síndroma de Estocolmo, mostrando como – às vezes – a vítima não é quem parece…
Numa narrativa burlesca e mordaz, com um lado cruel, o traço semi-caricatural e algo rude de TBC, cheio mas pouco pormenorizado o que permite ao leitor um ritmo de leitura mais rápido e consequente com o tom da narrativa, assume bem as despesas, apesar de um ou outro exagero, ilustrando bastante bem facetas menos agradáveis e recomendáveis presentes, mas nem sempre visíveis, nos seres humanos. E não deixa de ser irónico, na sua representação iconográfica, o facto de Appoline ser a única personagem “bonita” (bem desenhada), em contraste com a fealdade dos restantes intervenientes.

A reter
- A forma como Morvan consegue subverter a ideia base apresentada no primeiro quarto da história – e na própria capa do álbum -, dando-lhe depois uma direcção totalmente diferente.

Menos conseguido
- Se o traço de TBC agarra e representa bem a ideia central inerente ao relato de Morvan, a mãe de Antoine surge, mesmo assim, demasiado caricaturada.
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