12/02/2012

Tintin não é racista







O Tribunal de primeira Instância de Bruxelas acaba de concluir aquilo que já (quase) toda a gente sabia, que “Tintin no Congo” não é uma obra racista, considerando que “face ao contexto da época, não havia intenção discriminatória da parte de Hergé”.
Termina assim uma polémica que se arrastava desde 2007, quando o cidadão congolês Bienvenu Mubuto Mondondo apresentou uma queixa contra a obra, publicada pela primeira vez em 1931, devido ao “racismo latente anti-congolês” que ela ainda provocava na sociedade belga.
Numa decisão com algo de salomónico, o tribunal considerou igualmente sem fundamento o pedido de indemnização “por procedimento temerário e vexatório” por parte de Mondondo que entretanto tinha sido interposto pela Casterman, editora dos álbuns de Tintin, e pela Fundação Moulinsart, detentora dos direitos sobre a obra de Hergé.
Com esta decisão, de alguma forma, todos ficam satisfeitos.
A Casterman e a Moulinsart, porque viram reconhecida (e reforçada) a sua posição e pela publicidade extra que este caso lhes trouxe.
A justiça belga, por três motivos: porque deu uma boa imagem de si própria, mostrando que qualquer um pode pedir a sua intervenção e obtê-la; porque tomou a (única) decisão que o bom senso impunha; porque, desta forma, fechou a porta a (muitos) processos similares que, num futuro não muito distante, poderiam visar qualquer tipo de obra, independentemente da data e do contexto da sua criação.
Finalmente, Bienvenu Mubuto Mondondo porque, apesar de (naturalmente) derrotado teve direito aos seus 15 minutos (na verdade, bem mais do que isso) de fama (bacoca) a que todos (supostamente) temos direito.


11/02/2012

Selos & Quadradinhos (72)

Stamps & Comics / Timbres & BD (72)
Tema/subject/sujet: Michel Vaillant
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1997



10/02/2012

Doríval Vítor Lopes, editor da Mythos

Foto de José Carlos Francisco
“O mercado português é pequeno e tem problemas de distribuição”






As Leituras do Pedro - Como nasceu a Mythos?
Dorival Vítor Lopes - Meu sócio Helcio de Carvalho e eu trabalhamos com BD desde 1972. Nessa época eu era coordenador de produção da Redação Disney da Editora Abril e Helcio era colorista das histórias. Desde então nunca paramos de trabalhar com BD, passando tempos depois para os super-heróis Marvel e DC. Em 1987 saímos da Abril e cada um abriu seu estúdio de produção de BD para a própria Abril. Trabalhamos também para a Editora Globo e outras menores. Em 1991 juntamos os dois estúdios de produção de BD em um só e achamos que deveríamos nos aventurar no campo da editoria. Assim, fundamos a Mythos Editora Ltda., publicando alguns personagens super-heróis que a Abril não se interessava em editar. A partir dali vieram outros personagens, como o famoso mangá Lobo Solitário e vários personagens da editora americana Dark Horse. 

ALP - Qual o seu objectivo?
DVL - O objectivo era mesmo realizar aquilo que mais nos deliciava, que era fazer BD. Logo passamos a publicar também livros e revistas de auto-ajuda, esoterismo e espiritismo; temas que são muitos caros ao Helcio, que é um estudioso dessas matérias.
ALP - Porquê a opção pelos fumetti Bonelli?
DVL - Quando eu tinha o estúdio de produção de BD produzia quase todas as revistas da Editora Globo, entre elas Tex. Assim, quando em 1998 a Globo anunciou que não se interessava mais em publicar Tex, foi muito natural que ele viesse para a Mythos. 

ALP - Qual a importância do mercado português para a Mythos? Quanto representa em percentagem?
DVL - O mercado português é bem pequeno e tem muitos problemas de distribuição. Já mudamos de distribuidor três vezes e nenhum parece atender o mercado lusitano como ele merece e como gostaríamos, daí as vendas tão baixas. Tex vende em Portugal cerca de 4% do que vende no Brasil, cuja venda já é bem pequena se comparada com a carreira do personagem na Itália. Curiosamente Tex vende no Brasil cerca de 4% do que vende na Itália. 

ALP - Quanto vendem, no Brasil e em Portugal, os títulos da Mythos?
DVL - Por contrato não podemos revelar números.
Foto de José Carlos Francisco
ALP - Mas quais são os títulos mais vendidos?
DVL – Por ordem: Tex, Almanaque Tex, Tex Anual, Tex Coleção, Tex Gigante, Tex Edição de Ouro, Tex Edição Histórica, Zagor, Mágico Vento, J. Kendall. 

ALP - Nos últimos anos, com as edições coloridas, a ida de autores Bonelli a festivais e salões em Portugal e no Brasil, e o crescimento de sites dedicados a HQ, tem havido mais publicidade às edições da Myhtos. Isso tem-se reflectido nas vendas?
DVL - Não mudou quase nada. A tendência continua de queda, lenta mas contínua. Nenhuma publicação teve aumento nas vendas. Já estamos felizes por personagens como Zagor, Júlia e Mágico Vento estarem estabilizados. 

ALP - Como está o mercado de bancas no Brasil?
DVL - Ruim e em queda. Nossas bancas parecerem bazares, com milhares de revistas e outros produtos à mostra. Então fica difícil uma revista de BD se destacar e ser vista pelo público em meio a revista adultas, que são em formato maior. Se o leitor não pedir ao jornaleiro por um título específico ele dificilmente encontrará a revista sozinho.
ALP - Como se divide esse mercado entre as edições Bonelli, Turma da Mônica, Marvel e DC Comics e Disney?

DVL - Não sei dizer, pois desconheço quanto vendem as revistas que não são da Mythos, mas creio que em primeiro lugar está Mauricio de Sousa, depois vem Marvel, DC, Tex, Disney e demais Bonellis. 

ALP - Uma questão que tenho levantado várias vezes: publicar as revistas mensais no formato original italiano, maior e com melhor papel, não permitiria ganhar novos leitores?
DVL - Isso significaria aumentar demais o preço de capa. Nossa coleção Tex em Cores, em formato italiano, cores e ótimo papel, vendia bem menos da metade de um Tex normal, tornando difícil a sua continuação - além de outros fatores que nos obrigaram a parar no nr. 12. Além disso, o material Bonelli é todo em preto e branco, o que afasta o leitor mais jovem, acostumado desde bebê com Disney, Mauricio e super-heróis, sempre coloridos. 
Foto de José Carlos Francisco
ALP - Porque acabou (no Brasil) o Tex em Cores?
DVL - Suas vendas estavam perigosamente perto do ponto de equilíbrio (custo x vendas) e também não houve acordo com a Bonelli quanto aos royalties a serem pagos. 

ALP - Nunca foi equacionada uma colecção Tex ou Bonelli com jornais brasileiros ou portugueses?
DVL - Tentou-se várias vezes, como aquela dos Clássicos da BD que saiu na Itália e depois em Portugal e em outros países europeus. Aqui, alguns jornais mostraram interesse em princípio, mas as negociações nunca chegaram a termo. 

ALP - Quais as principais novidades da Mythos previstas para o Brasil, este ano?
DVL - Renovamos nosso contrato com a Bonelli em janeiro deste ano praticamente com os mesmos títulos que foram publicados em 2011. A única novidade será o Tex Color, uma edição única, de 160 páginas, em cores, e dois Tex Gigante inéditos: um em Março e outro em Outubro. 

ALP - E para Portugal?
DVL - Tudo o que sai aqui vai para meu amado Portugal, que visito todo ano. 

ALP - O Zagor Gigante, publicado no Brasil no ano passado, vai ser distribuído em Portugal? Quando?
DVL - Sim, acredito que até Maio essa belíssima edição desembarque em terras lusitanas.


ALP - Qual a situação actual de J.Kendall?
DVL - Nossa querida Julinha vai muito bem. Depois do susto no início do ano passado sua saúde editorial melhorou e temos esperança de que ela continuará connosco por muito tempo. 

ALP - A Mythos encara a hipótese de editar os Tex Gigante coloridos que estão a sair na Itália?
DVL - Sim, se houver acordo com a Bonelli, faremos com certeza. 

ALP - E a reedição de Zagor a cores que vai começar na Itália?
DVL - Seria interessante para nós, mas vai depender de conseguir fazer contrato com a SBE.


09/02/2012

La Fille de l’Eau













Sacha Goerg
Dargaud (França, 20 de Janeiro de 2012)
180 x 240 mm, 192 p., cor, brochado com badanas
18,00 €


Resumo
Numa manhã de Outono, Judith, uma adolescente disfarçada de rapaz, simula uma queda no lago para se introduzir, encharcada até aos ossos, numa magnífica casa moderna que pertenceu a um famoso escultor recentemente falecido.
Pretende, desta forma, descobrir mais sobre a sua origem, sobre o pai que mal conheceu e sobre aqueles de quem ele sempre a escondeu.

Desenvolvimento
Esta é uma história sensível mas estranha.
Decorre nume belíssima casa, isolada, nas margens de um lago, tudo traçado – tal como as personagens - num traço fino e subtil, ao qual a cor confere profundidade e movimento, em pranchas desprovidas dos enquadramentos tradicionais (ou de todo desprovidas de enquadramentos) o que só acentua a sua estranheza.
Nesse local fechado, isolado de tudo, durante várias horas, vão conviver seis pessoas: Judith, Sonia, viúva do falecido, o seu filho Mattew, Hugo, amigo deste, Chris, que organiza uma retrospectiva do escultor, e Miki, a sua companheira do momento. E, pairando sobre todos, como uma sombra – literalmente no desenho, num belo achado de Sacha Goerg – falando-lhes (de alguma forma, a alguns…) está o morto.
Entre alguns – entre todos? – a tensão é evidente, os desencontros, maus encontros, meias-palavras e questões mal resolvidas acumulam-se, tentando uns afogá-los em vinho, outros em recordações, outros ainda no sexo.
Porque, naquela casa, Judith não é a única a ter segredos – os segredos são (bem) mais do que os protagonistas e todos os tentam esconder – e os segredos de Judith não são os únicos a serem conhecidos por (alguns dos) outros.
É neste clima de estranheza, de intranquilidade, de incerteza, de dúvidas e de desconfianças que os seis (mais o falecido…) vão conversando e/ou interagindo, confrontando-se, defrontando-se, jogando com as palavras, em avanços e recuos, insinuações e acusações, com a tensão a acumular-se e a ameaçar explodir a cada momento.
Até ao desfecho final, inesperado e surpreendente, onde se adivinha a mão do escultor e se destaca afinal a fragilidade e impotência de cada um dos protagonistas face ao papel principal que a casa, então, assume.

A reter
- O tom estranho do relato, que obriga a reler algumas passagens e provoca uma estranha sensação de incómodo no leitor que chega ao fim e percebe que cabe à sua intuição completar o que nele ficou por dizer.
- O inesperado mas conseguido desfecho final.

Menos conseguido
- Alguns desequilíbrios a nível do desenho que não são, no entanto, suficientes, para pôr em causa o belo trabalho gráfico de Sacha Goerg ao longo da maior parte das pranchas.



08/02/2012

BD Reporter












Chappatte
Glénat + Courrier International + Le Temps (França, 23 de Novembro de 2011)
185 x 255 mm, 112 p., pb e cor, brochado
18,00 €


Resumo
Compilação de BD reportagens realizadas pelo autor na Tunísia, Nairobi, Gaza, Tshinvali, Costa do Marfim e no palácio presidencial francês…

Desenvolvimento
Terceira colectânea de bandas desenhadas curtas em pouco tempo aqui nas minhas leituras, ao contrário de Sábado dos meus amores e PontasSoltas – Cidades, que privilegiam a crónica social e urbana, este livro exemplifica um género que Joe Sacco (de alguma forma) celebrizou e mediatizou: as reportagens aos quadradinhos.
Habitualmente desenhador de imprensa, Chappatte é desde 1995 também “repórter desenhador” do jornal suíço Le Temps de Genéve, onde foram originalmente publicadas estas reportagens que chegam a ultrapassar a vintena de pranchas, igualmente veiculadas pelo Courrier International ou o International Herald Triobune.
Esta sua opção – explicada no prólogo –  “num tempo em que a actualidade está repleta de imagens, fotos, vídeos”, deve-se ao facto de o “traço negro, no seu despojamento, permitir uma relação única (…) dando a ver sem voyeurismo”.
As reportagens agora compiladas, são baseadas na sua experiência pessoal – “o que desenho, vi” – nas reportagens que trabalha “como qualquer jornalista, “fazendo entrevistas, tirando fotos”. E Chappatte reforça esse aspecto incluindo algumas fotos dos seus entrevistados para responder aqueles que lhe perguntam “se é verdade o que desenhou”.
Longe de delicodoces roteiros turísticos - até pelo traço utilizado, mais próximo do cartoon na sua (falsa) simplicidade, contrariada pela aplicação cirúrgica de sombras ou de alguma cor - estes instantâneos de cidades em estado de sítio ou devastadas por motins, revoluções ou guerras, ganham outra força pela combinação entre o tom factual que o autor utiliza, a inclusão de anedotas locais e as suas impressões, sensações e receios, surgindo, assim, o autor despojado da imagem heróica que (muitas vezes) os repórteres (televisivos) tanto gostam de (falsamente) ostentar.
E se tudo isto reforça a autenticidade destes relatos, confere-lhes igualmente um tom humano – acentuado pela exposição dos dramas pessoais a que estão sujeitos alguns daqueles com quem Chappatte se cruza - que se sobrepõem mesmo à “grande notícia” por detrás deles.O que redobra o interesse destas reportagens aos quadradinhos, que esta edição em livro permitiu resgatar à voragem natural que o tempo exerce sobre as suas versões originais nas páginas dos jornais.

A reter
- A combinação da reportagem com o factor humano.
- A ironia de incluir neste livro sobre algumas das cidades mais perigosas do mundo o palácio presidencial francês, dando relevo à sua costela de cartoonista.

Menos conseguido
- O principal problema da reportagem em BD: o desfasamento temporal entre a sua realização e a sua publicação, apesar de alguns destes relatos não terem perdido a sua actualidade.


07/02/2012

Michel Vaillant: 55 anos a alta velocidade




Se BD e realidade se encontram muitas vezes, Michel Vaillant é um caso paradigmático: o herói criado por Jean Graton há 55 anos, tem defrontado na Fórmula 1, stock cars, ralis e até karts alguns dos maiores pilotos da competição automóvel. 

Na verdade, desde que surgiu no nº 433 da revista francesa Tintin, a 7 de Fevereiro de 1957, em “O Grande Desafio”, o piloto de queixo quadrado já teve como adversários nomes como Juan Fangio, Graham Hill, Niki Lauda, Ayrton Senna, Michael Schumacher ou mesmo o português Pedro Lamy (em “A Prova”).

A sua ligação com Portugal , no entanto, não se fica por aqui, pois Michel Vaillant encontrou-se com Alfredo César Torres e correu entre nós “Rali em Portugal” (“Cinq filles dans la course” na versão original), tendo voltado à capital portuguesa em “O Homem de Lisboa”, numa intriga sobre espionagem industrial.

Estreado no nosso país pelo Cavaleiro Andante, no nº 357, de 1 de Novembro de 1958, como Miguel Gusmão (!), o piloto automóvel correria também no Zorro, Falcão, Bip-Bip, Jornal da BD e Selecções BD, entre várias outras, tendo sido um dos heróis mais populares da revista Tintin devido à temática automóvel que sempre lhe granjeou leitores fora do círculo restrito da BD, o que justifica terem sido editados em álbum cerca de meia centena das suas aventuras, pela Ibís, Bertrand, Círculo de Leitores, Distri Editora, Meribérica, ASA e em colecções do Correio da Manhã e da AutoSport.

Ao longo delas, Michel Vaillant, um piloto leal e corajoso, proveniente de uma família de construtores automóveis, construiu um palmarés invejável, onde se contam os mais variados títulos, obtidos à custa de muito esforço e diversas derrotas. As histórias, por vezes com um toque de mistério, desenvolvem-se entre o forte núcleo familiar, tutelado pela figura paterna e onde se conta o irmão Jean-Pierre e a mulher Françoise, as prestações na pista e os relacionamentos humanos – nem sempre fáceis - com aqueles que lhe são próximos ou que tem de defrontar. Entre eles conta-se o facilmente irritável norte-americano Steve Warsom e a sua namorada Julie Wood (que nasceu na BD como protagonista autónoma de corridas de motocross, antes de se juntar ao team Vaillant).



Com um estilo personalizado peculiar – as suas pranchas são (re)conhecidas pelas muitas onomatopeias de motores automóveis - Jean Graton, que inicialmente trabalhava a solo, rapidamente formou um estúdio para o auxiliar, onde actualmente conta com o filho Phillipe, responsável pelos argumentos de parte dos dossiers sobre pilotos reais e das 70 aventuras já desenhadas.

Baseadas nelas foi criada uma série televisiva (1967), outra animada (1992) e um filme (2003), realizado por Luc Besson, com Sagamore Stévenin e Peter Youngblood Hills, parcialmente filmado durante as 24 Horas de Le Mans. Em 1997 os correios belgas dedicaram-lhe um selo e um mini-álbum com três histórias curtas.

Em Portugal, onde em 1992 a Panini lançou uma colecção de cromos baseada na série animada, actualmente está disponível nos quiosques a colecção Os automóveis deMichel Vaillant , da Planeta DeAgostini, constituída por 24 miniaturas à escala 1/43 dos veículos que ele já pilotou ou defrontou, havendo mais seis miniaturas para os assinantes desta colecção.


06/02/2012

Pontas Soltas - Cidades













Ricardo Cabral
ASA (Portugal, Outubro de 2011)
200 x 280 mm, 92 p., cor, cartonado
17,95 €


Resumo
Colectânea que compila diversas histórias soltas de Ricardo Cabral, inicialmente publicadas em diferentes locais, unidas pela temática Cidades: “5 jours – parte I” (em Marselha), “Da Cidade” (Portimão), “The Lisbon Studio” (Lisboa), “Lágrimas de Elefante” (Lódz), “Barcelona, Kosovo, Barcelona” (Barcelona) e “5 jours – parte II” (de novo Marselha).

Desenvolvimento
Nota prévia: a edição de um álbum deste género – com narrativas curtas, não inéditas – entre nós, não sendo caso único, é bastante raro, merecendo, só por isso, destaque. Porque significa uma aposta séria da editora no autor e porque significa – também – que ele já tem o seu público, o que, de alguma forma, garante aquela aposta.

Posto isto, quero marcar a coincidência de, num curto espaço de tempo, depois de “Sábado dos meus amores , trazer a As Leituras do Pedro nova colectânea de bandas desenhadas curtas, género actualmente com existência difícil, na ausência de revistas onde possam ser (pré-)publicadas.
Com o álbum referido, este “Pontas Soltas” – título bem significativo e invulgarmente feliz -  tem vários pontos de contacto bem como diferenças fundamentais. Ambos têm espaços urbanos como ponto de partida e ambos adoptam tons de crónica, é verdade, mas enquanto naquele, Marcello Quintanilha envereda por uma abordagem bem realista, o tom de Cabral é mais solto e disperso.
Enquanto Quintanilha opta por um retrato rigoroso do quotidiano, Cabral faz a ponte entre as suas sensações e as experiências que viveu em diversas cidades.
Onde Quintanilha traça retratos rigorosos de vidas menos bafejadas pela sorte, em Cabral são as cidades que ocupam (as vinhetas, as páginas,) o protagonismo, transformando “Pontas Soltas” se não num guia de viagem, pelo menos numa porta entreaberta convidando à descoberta dessas cidades por cada um de nós.
Cidades que são aqui omnipresentes – às vezes as únicas presenças - no enquadramento dos apontamentos – rápidos, de passagem, momentâneos - do quotidiano anónimo de gente com quem ele se cruzou por acaso, ou dos encontros e conversas que teve com quem conviveu.
Apontamentos soltos do seu próprio quotidiano – adivinha-se Cabral, por vezes (semi-)visível sempre por detrás da câmara – real ou imaginária – no traçado destes “pequenos encontros” de que “a vida é feita”, quais “pontas soltas” que nunca encontraremos para atar, que nunca se encontrarão…
Por isso, porque a narrativa, assim, se torna secundária, instintivamente o leitor atenta mais no desenho, nas técnicas utilizadas. Entre elas “a câmara” fotográfica que citei atrás, porque é ela – a par de esboços – a base do trabalho gráfico do autor português, na preparação destas bandas desenhadas, cujas técnicas chega a partilhar com os amigos – e connosco, leitores – numa cumplicidade que chega ao ponto de reproduzir páginas “em curso” ou esboçadas em suportes como… sacos de papel!
São abordagens diferentes, sim, não exclusivas nem obrigatoriamente complementares, pois nelas (quase tudo) é diferente, reforço-o, mas que revelam (outr)as potencialidades narrativas da BD.

05/02/2012

As Figuras do Pedro (XIV)

DC Comics Little Mates

Figuras: Batman, Flash, Green Lantern, Superman
Colecção: DC Comics Little Mates
Nº total de figuras: 10 ou 12 (as 4 já indicadas; Catwoman, Hankwoman, Harley Quinn, Joker, Martian Manhunter e Wonder Woman também disponíveis nas lojas Worten; supostamente haverá mais duas figuras, Aquaman e Robin, que nunca vi em Portugal nem se encontram fora do site oficial)
Material: PVC
Fabricante/Distribuidor : Silver Line, S.A.
Ano : 2011
Altura : cerca de 5 cm
Preço: 4,99 € nas lojas Worten



04/02/2012

Fevereiro Horrível

Bedeteca de Beja - Fevereiro
Mês do Terror
 

Exposições 

De 1 a 29 de Fevereiro
VAMPIROS NA BD
Exposição de Banda Desenhada, com reproduções de pranchas de alguns dos maiores mestres da banda desenhada mundial: Guido Crepax, Hermann, Hippolyte, Joann Sfar e muitos outros…
Local: Sala de Vidro (rés-do-chão)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) 

De 4 a 29 de Fevereiro
ZAKARELLA – UMA REVISTA QUE MARCOU UMA ÉPOCA
Exposição de Banda Desenhada com reproduções de pranchas realizadas por Al Williamson, Esteban Maroto, Frank Frazetta e muitos outros…
Local: Galeria da Bedeteca (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Zakarella Portugal
Nota: a exposição inaugura dia 4, às 18h30

De 4 a 29 de Fevereiro
O FANTÁSTICO CARLOS ALBERTO SANTOS
Exposição Bibliográfica com as capas da revista Zakarella e com reproduções de algumas das ilustrações interiores realizadas por Carlos Alberto Santos.
Local: Galeria Principal (1º andar, centro)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Zakarella Portugal
Nota: a exposição inaugura dia 4, às 18h30 

De 4 a 29 de Fevereiro
ZAKARELLA VISTA POR VÁRIOS AUTORES
Mostra colectiva de Desenho
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Zakarella Portugal
Nota: a exposição inaugura dia 4, às 18h30 



Feira do Livro 

De 4 a 25 de Fevereiro
LIVROS TENEBROSOS PARA LEITORES MEDONHOS
Bram Stoker, David Soares, Edgar Allan Poe, Lovecraft, Stephen King…
Quem é que se arrisca a levá-los para casa?
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: Livraria Contracapa
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja)

  

Cinema

 10 de Fevereiro, sexta-feira, às 22h00
ANTOLOGIA DO TERROR JAPONÊS 1
A filmografia japonesa em torno do Terror tem-se afirmado pela originalidade e diferença. Uma bela ocasião para ver em que universos se movem os autores do país do “Sol Nascente”.
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Entrada livre
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Unimundos

17 de Fevereiro, sexta-feira, às 22h00
PLANETA TERROR, de Robert Rodriguez
Uma obra alucinante e excessiva, na qual Rodrigues presta tributo aos filmes de zumbis (com muito sangue à mistura, claro).
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Entrada livre
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Prisvídeo

24 de Fevereiro, sexta-feira, às 22h00
CURTAS DE TERROR, de vários realizadores portugueses
O Terror está bem vivo em Portugal. A prová-lo uma série de curtas de fazer medo aos mais corajosos…
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Entrada livre
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) 



Livros do Mês na Bedeteca

CONDE DRÁCULA, de Guido Crepax
Fabulosa adaptação do clássico de Bram Stoker, onde surgem Klaus Kinski e Max Schereck, actores que interpretam o conde nos filmes de Herzog e Murnau.  

FRANKENSTEIN, de Denis Deprez
Adaptação livre do romance gótico de Mary Shelley feita por um dos mais talentosos autores de banda desenhada da actualidade…


Clubes
Ao longo de todo o ano
LEMON STUDIO – CLUBE DE MANGÁ
Horário: sextas-feiras, das 16h00 às 18h30
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Entrada livre
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Lemon Studio 



Ateliês

ATELIÊ DE ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA
Com Ana Lopes
Horário: terças e quintas-feiras, das 19h30 às 21h15
Local: Sala de Desenho (1º andar, ala direita)
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Bedeteca de Beja)
 
OURIÇO-DO-MAR – ATELIÊ DE BANDA DESENHADA
Com Paulo Monteiro
Dos 8 aos 12 anos
Horário: todas as terças-feiras, das 18h30 às 20h00
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) 

TOUPEIRA – ATELIÊ DE BANDA DESENHADA
Com Paulo Monteiro
A partir dos 13 anos
Horário: todas as quintas-feiras, das 18h30 às 20h00
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja)

  

Workshops
Dias 2, 9, 16 e 23 de Fevereiro, das 18h30 às 20h00
WORKSHOP DE TÉCNICAS DIGITAIS APLICADAS À ILUSTRAÇÃO E À BANDA DESENHADA
Com Nuno Góis
Horário: quintas-feiras, das 18h30 às 20h00
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Preço: 7,00 euros por sessão (4 sessões)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Nuno Góis
  

Estrada Fora
A BEDETECA NAS ESCOLAS
Dias 3 e 14 de Fevereiro a Bedeteca estará na Escola Diogo de Gouveia, em Beja, para falar da História da Banda Desenhada e de algumas características próprias desta Arte. No dia 13 iremos até Portimão, à Escola D. Martinho Castelo Branco, para falar no mesmo assunto.


Outros Serviços

CEDÊNCIA DE ESPAÇO PARA ATIVIDADES
Apoio e cedência de espaços, a escolas e outras instituições, para a realização de reuniões e eventos na área da banda desenhada ou da ilustração. 

APOIO A ALUNOS E PROFESSORES
Apoio a alunos e professores para a realização de exposições ou outros projectos específicos na área da banda desenhada e ilustração.


Contactos e Horários

BEDETECA DE BEJA
Edifício da Casa da Cultura
Rua Luís de Camões
7800 – 508 Beja
Telefone: 284 313 318
Telemóvel: 969 660 234
Horário: de terça a sexta-feira, das 14h00 às 23h00. Sábados das 14h00 às 20h00.

  

Parceiros

APOIOS E PARCEIROS PARA A PROGRAMAÇÃO
Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja / Associação Pegada no Futuro / Lemon Studio / Livraria Contracapa / Museu Regional de Beja / NCreatures / Prisvídeo / Unimundos 

PARCEIROS PARA A DIVULGAÇÃO NA NET
AS LEITURAS DO PEDRO, CENTRAL COMICS, DRMAKETE, KUENTRO, LEITURAS DE BD e NOTAS BEDÉFILAS  

(Texto da responsabilidade da Bedeteca de Beja, com alteração para a grafia pré-Acordo Ortográfico da responsabilidade de As Leituras do Pedro)
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