Lançado no início do Verão pela Planeta Tangerina, que em simultâneo nos presenteou igualmente com o ‘português’ Desvio, este livro vem (surpreendentemente) aureolado com o Prémio do Público do Festival de BD de Angoulême.
Mas já chega de escrever sobre prémios,
porque o importante é a obra que o conquistou, neste caso A
Época das Rosas, que merece
ser convenientemente abordado e para isso parto do sub-título que me
surgiu aquando da leitura do livro.
Sonhos
e... realidade
É evidente que no caso presente, a
temática ajudou ao prémio
(lá vou eu outra vez!?): as Rosas do título são uma equipa de
futebol feminina que, devido à crise financeira, se vêem
confrontadas com um corte de subsídios que as impedirá de lutar
pela previsível presença no campeonato nacional, em detrimento da
aposta total por parte do seu clube na equipa masculina, apesar desta
estar menos bem classificada. É então que as jogadoras lançam um
desafio: serem elas as escolhidas, caso consigam vencer os homens em
campo.
Trabalhado
com um traço que à partida se estranha, para mais servido por cores
fortes, mas que ajuda a definir om ambiente, a história começa antes e centra-se no quotidiano de
Bárbara, a capitã e vedeta das Rosas de Rosigny, dividida entre a
sua paixão pelo futebol, a incompreensão da mãe, a necessidade de
se dedicar aos estudos e a relação que está a começar com um
jogador da equipa masculina.
A
sua proximidade com o treinador, os choques com o namorado, a relação
com as colegas e o simples facto de estar à porta da entrada adulta
e de um mundo que se revela diferente, dão também um toque
intimista ao relato, o que acaba por facilitar a criação de empatia
com leitores... e leitoras.
Descobrir
o resultado do jogo e as suas consequências, dependerá de aceitar o
desafio de ler esta obra, com a certeza que o tempo dos contos de
fadas está longe, mas que sonhar é possível, mesmo quando se vive
nos subúrbios e a realidade é feita de crises financeiras, opções
populistas e/ou tão só a dificuldade de ter de viver.
A
Época das Rosas
Chloé
Wary
Planeta
Tangerina
Portugal,
Junho de 2020
165
x 230 mm, 200 p., cor
18,90
€
(Versão
revista e expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 13
de Julho de 2020; ver mais imagens disponibilizadas pela Planeta Tangerina aqui;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Se pessoalmente a premissa do argumento parece um bom mote, esta arte não me convence,ainda mais numa altura que em função da oferta temos que fazer opções.
ResponderEliminarCaramba, a sério? o público era constituído por crianças de 5 anos?
ResponderEliminarA abordagem (interessante) ao tema justifica, em minha opinião. Não diria crianças de 5 anos, mas pessoas que têm da BD outra ideia /abordagem (consta no livro que ganhou outros prémios). Pessoalmente não me convenceu, mas percebo.
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