23/06/2009

Les Sentinelles

Les Sentinelles
Chapitre premier: Juillet-Août 1914 – Les moissons d’acier
Chapitre deuxiéme: Septembre 1914 – La Marne
Xavier Dorison (argumento)
Enrique Breccia (desenho)
Delcourt (França, Maio de 2009)
265 x 312 mm, 64 p. (cada), cor, capa cartonada


Resumo

O assassínio do arquiduque François Ferdinand, que despoleta o início daquela que será a Primeira Guerra Mundial, é um óptimo pretexto para ser reactivado o projecto “Sentinelas”, cuja origem remonta a 1911 e ao conflito franco-marroquino, onde os novos super-soldados franceses, homens complementados com uma espécie de armadura e membros metálicos, fizeram a sua estreia e descobriram a sua principal limitação: a curta duração das suas baterias. Três anos mais tarde, a solução parece estar na pilha de Rádio que Gabriel Féraud acaba de inventar. Único senão: o seu criador recusa utilizá-la para fins bélicos…

Desenvolvimento
Dorison di-lo na entrevista incluída no tomo 1: esta é “A história de um homem vítima de um destino trágico”, “uma história que começa pelo sonho de que alguns homens podem mudar o destino de muitos milhões”.
Ambientada na Primeira Guerra Mundial, esse conflito na fronteira entre os combates corpo-a-corpo e a utilização da tecnologia (ainda algo incipiente) bélica, “Les Sentinelles” conta como um inventor pacifista, se vê obrigado a tornar-se a mais terrível arma do exército francês, na sequência de uma incorporação (forçada) e de um acidente (provocado), que o priva dos seus membros, da companhia da sua família e, principalmente, da possibilidade de viver segundo as suas convicções. Ao longo da obra, este conflito interior vai agudizar-se e proporcionar os momentos de maior tensão.
Apesar da imponência (e dos “poderes”) dos Sentinelas, este está longe de ser um relato de super-heróis, sem a sua dinâmica e as acções espectaculares, acentuando antes o retrato cru e extremamente realista (apesar da incontornável carga ficcional da narrativa) da realidade dos combates e da vida nas trincheiras, entre suor, sangue, dor e morte.
Graficamente, há um forte contraste entre o tom modernista do relato (em relação à época em que se passa a acção, claro está) e o magnífico traço clássico, barroco, expressivo e duro de Breccia. Servindo-se de uma planificação heterogénea e da alternância entre enquadramentos, com destaque para os grandes planos, que normalmente acentuam os momentos de maior tensão e pontuam o ritmo da narrativa, revelando todas as emoções que os protagonistas experimentam, o desenhador argentino torna patente toda a violência (por vezes quase bestial) da história. A isto, alia também o recurso a expedientes narrativos bem resolvidos, como é o caso das páginas 28 e 29 em que vemos a acção pelos olhos de Féraud.
Em relação aos próximos tomos, fica a curiosidade de ver como Dorison vai desenvolver a sua trama, mantendo-se fiel à verdade histórica ou optando por alterar o curso da guerra e criar uma realidade alternativa…

A reter
- A forma realista como os autores mostram a dura realidade da Primeira Guerra Mundial.

Menos conseguido
- O retrato algo estereotipado de alguns dos intervenientes.

Curiosidade
- Na origem deste projecto esteve uma eventual colaboração de Dorison com a Marvel - que acabou por não se concretizar – que passava pela escrita de um one-shot do Homem de Ferro, ambientado exactamente na Primeira Guerra Mundial
- O primeiro volume foi inicialmente publicado pelas edições Lafont BD, em Janeiro de 2008, tendo a Delcourt entretanto comprado o fundo de catálogo daquele editor.
- A primeira edição do primeiro volume inclui um dossier de 8 páginas com uma entrevista com Xavier Dorison e esboços e ilustrações de Enrique Breccia; o segundo volume inclui um exemplar de 4 páginas, formato tablóide, da edição nº11 do jornal “La Sentinelle”, “datada” de 12 de Setembro de 1914, com relatos das intervenções das Sentinelas na Primeira Guerra Mundial.

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