04/03/2010

O Combate Ilustrado de 1986 a 2007



Vários autores
Edições Combate (Portugal, Janeiro de 2010)
216 x 160 mm, 198 p., cor e pb, brochado


“O Combate” foi o jornal/revista do PSR – Partido Socialista Revolucionário – de Francisco Louça, uma das formações políticas que esteve na origem do Bloco de Esquerda. E foi também um local de divulgação, descoberta, experimentação e afirmação - com uma grande, imensa, enorme liberdade criativa - de um grande número de artistas plásticos nacionais, de Pedro Amaral a João Fazenda, passando por Alice Geirinhas, Nuno Saraiva, João Fonte Santa, Fernando Relvas, Cristina Sampaio, José Feitor e muitos outros, entre os anos de 1986 e de 2007.
20 anos traduzidos em cartoons, ilustrações e bandas desenhadas, trabalhados a preto e branco ou a cores, em diversas técnicas e estilos, que hoje - nalguns casos duas décadas mais tarde - funcionam a vários níveis: causam estranheza, evocam recordações, perturbam pela actualidade que se mantém inalterada, marcam percursos, registam evoluções, recuperam nomes esquecidos …
E que esta colectânea – a que faltam, naturalmente, os textos que muitas vezes inspiraram os artistas – em boa ocasião resgata, exercitando a memória, dando um novo fôlego e existência mais duradoura a cerca de duas centenas de obras de 40 autores nacionais, nascidas em páginas perecíveis, numa “Primavera gráfica, nada comum nas esquerdas da época”, lê-se na introdução de Jorge Silva, então director de arte e responsável pela selecção .
E que constitui “um olhar sobre as coisas de ontem (…) uma viagem na máquina do tempo, revelando camadas e tesouros de arqueólogo”, de uma época em que “computadores e e-mail nem em sonhos”. Sendo ao mesmo tempo “um testemunho da evolução da ilustração em Portugal, desde a produção manual, com aguarelas, acrílicos, até ao predomínio do digital”, enquanto revela “cores insuspeitas e texturas subtis que a pelintrice de outrora não permitiu”, e traz para os dias que (hoje) correm gritos, palavras, afirmações, ideais, ideias que já/ainda não passaram. Mas que ainda (nos) podem deslumbrar.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 27 de Fevereiro de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

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