#1 – Tim adora os seus amigos
#2 – Zeca está apaixonado
Stephan Valentin (argumento)
Laurent Houssin (desenho)
Sinais de Fogo (Portugal, Janeiro de 2011)
120 x 180 mm, 48 p., cor, cartonado, 9,00€
1. Em Portugal, apesar de considerada (ainda…) um produto infanto/juvenil, raramente a banda desenhada foi editada enquanto tal.
2. Por um lado, houve/há as chamadas “grandes” editoras de BD (Bertrand, Meribérica, ASA…); por outro, editoras que edita(va)m alguma BD, raramente com mais algum propósito para lá da busca do lucro (ilusório…) imediato.
3. Por isso, também, esta entrada da Sinais de Fogo na edição de histórias aos quadradinhos, merece referência e atenção.
4. Porque, integrada no seu selo “juvenil”, soube escolher uma série – Os Amigos do Luca - clara e correctamente vocacionada para o seu público-alvo, crianças e adolescentes na casa dos 8/12 anos (digo eu…).
5. Série que, tendo claramente um propósito didáctico/educativo, alia-lhe um grande sentido lúdico, surgindo aquele diluído em histórias bem narradas e desenhadas, equilibradas e divertidas.
6. Claro que, do simples ponto de vista narrativo da banda desenhada em si, o apêndice final (umas poucas pranchas, igualmente em BD) eram desnecessárias, mas elas tornam-se compreensíveis e fazem sentido como um resumo (será necessário?) que contextualiza e explica o relato.
7. Em “Tim adora os seus amigos”, a chegada à escola de um rapaz que vive num circo que está de visita à cidade, se por um lado desperta a atenção e potencia novas amizades, por outro faz (re)nascer ciúmes e dúvidas (em relação a/ao que é diferente), provocando segregação e comportamentos (ligeiramente…) racistas.
8. Já “Zeca está apaixonado”, aborda os amores juvenis, com toda a sua ilusão e ingenuidade, de uma forma simples e acessível, ajudando a desmistificar algo natural.
9. Em ambos os casos, destaca-se a forma como a abordagem é feita, integrada num quotidiano normal para qualquer adolescente da sociedade ocidental, o assinalável equilíbrio entre os propósitos que norteiam as obras e o humor que os atenua ficcionalmente, a utilização de uma linguagem acessível e própria da faixa etária em questão, a legibilidade do conjunto…
10. … e o traço de Houssin (bem mais do que simples “ilustrador”, como consta nos livros…), ágil, agradável, expressivo e dinâmico (efeito obtido também a partir da fluidez proporcionada pela “desproporcionalidade” dos corpos) que juntamente com a planificação diversificada e as cores vivas tornam o todo bastante atraente.
11. E se o formato, próximo do dos manga - que os seus leitores-alvo possivelmente consomem - é simpático, a rapidez com que as obras se lêem dada a sua dimensão pode fazer pensar nos nove euros (justificados pela cor e a encadernação – e, claro, pelo conteúdo em si) que cada livrinho custa…
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