Desenhador de
traço personalizado, duro e agreste, e professor de quadradinhos, Joe Kubert
faleceu no passado domingo à noite.
Natural de
Yzeran, na Polónia, ainda bebé foi levado pelos pais para os Estados Unidos,
onde viria a desenvolver uma notável carreira nos quadradinhos, iniciada logo
aos 12 anos, quando apagava o lápis e passava a tinta as pranchas de outros
autores.
Após
frequentar o High School of Music and Art de Nova Iorque, com 16 anos regressou
aos quadradinhos, trabalhando como assistente de Jack Kirby, entre outros.
Numa
carreira longa e diversificada, na qual se contam passagens por super-heróis
como Flash, Hawkman, Blue Beetle ou Punisher, uma experiência em BD 3D com
Mighty Mouse, tiras diárias de Big Ben Bolt ou mesmo um Tex Gigante para a
editora italiana Sergio Bonelli, a sua criação mais conhecida será, possivelmente, “Sargento
Rock” (1959), um conjunto de histórias bélicas com um certo tom humano,
ambientadas na II Guerra Mundial.
Outro dos
seus projectos foi “Tales of the Green Berets” (1965) (“Boinas verdes” na
versão publicada em Portugal pelo Mundo de Aventuras), uma tira diária sobre as
façanhas dos comandos norte-americanos na Guerra do Vietname, mas que teve
pouco sucesso por ter sido lançada na época de maior contestação àquele
conflito.
Redimiu-se
nos anos 1970 com uma das mais duras e selvagens versões conhecidas de Tarzan
(igualmente divulgada no Mundo de Aventuras), fundando de seguida a Joe Kubert
School of Cartoon and Graphic Art, em Nova Jersey, por onde passaram alguns dos
maiores desenhadores da actualidade.
“Abraham
Stone” (1991), com o seu filho Andy Kubert, “Fax from Sarajevo” (1995), sobre o
inferno vivido pelo seu agente nos Balcãs, durante a guerra civil que se seguiu
ao desmembramento da ex-Jugoslávia, ou “Yossel” (2004), ficção sobre o que
teria sido a sua vida no gueto de Varsóvia, se os seus
pais não tivessem emigrado para os EUA, foram algumas obras de cariz mais
pessoal, que o afirmaram como um dos maiores desenhadores de comics de sempre.
(Versão
revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Agosto de 2012)
A mim, se me fosse concedido um talento de autor de banda desenhada à minha escolha, não preferiria nem o Foster nem o Giraud nem nenhum outro: quereria ser o Kubert.
ResponderEliminarRequiescat in pace.
Grande artista dos Comics! Este ano tem sido levado da breca em desaparecimentos...
ResponderEliminarComo grande homem que foi na Banda Desenhada, deixou um excelente legado e temos de nos regozijar por ele ter existido!
Deixou uma marca, e não há nada que a possa apagar!
Abraço
A arte deste homem é espectacular. Impressionante este desenho (aparentemente simples) do Sargento Rock. Uma pena que por cá já não ande :(
ResponderEliminarJoe Kubert foi "encontrado" por mim nas páginas da revista "Mundo de Aventuras", precisamente com Tarzan.
EliminarConcordo com tudo o que aqui se disse. Na obra de Kubert, no traço de Kubert, há dinamismo, expressão e um traço duro que caracteriza o ambiente selvagem (principalmente este) nas vinhetas da sua obra. Julgo mesmo que Kubert, em Tarzan, conseguiu uma maior pujança, ultrapassando (na minha opinião) o próprio Harold Foster ou Alex Raymond.
Pene é que sejam trazidos ao tablado das recordações apenas (ou principalmente) quando morrem.
De qualquer forma, um bom artigo, principalmente quando o Pedro tem a possibilidade - que muito grata é, à Banda desenhada - de divulgar grandes valores da 9ª Arte (para mim, a 1ª Arte, porque precede a Escrita e está registada em Lascaux, Altamira e Foz Coa, como forma de narrar acontecimentos em desenhos consecutivos).
Preocupado em justificar a 1ª Arte em vez da 9ª, não acabei a frase, que seria, sem interrupções, desta guisa:
Eliminar"De qualquer forma, um bom artigo, principalmente quando o Pedro tem a possibilidade - que muito grata é, à Banda Desenhada - de divulgar valores da 9ª Arte nas páginas de um conceituado diário nacional."
Há a acrescentar que, por pura distração, o comentário saiu como resposta ao Luis Sanches, quando devia ter entrada directa; todavia, também reforça e comunga com a opinião do Luís.
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EliminarCaro Caldas,
EliminarDeclaração surpreendente, vinda de ti, mas estou completamente de acordo!
Nuno,
Este ano, como os outros... São sempre muitos aqueles que nos deixam. E que deixam belas obras para (re)lermos e desfrutarmos!
Luís,
Sium, o traço dele tinha uma força incrível.
Já não está cá, mas esteve durante mais de 70 anos (a desenhar!) e deixou muita BD para lermos!
Santos Costa,
Esses percalços só não contecem a quem não comenta!
E eu também descobri Kubert no Mundo de Aventuras - obrigado Jorge Magalhães!
Boas leituras aos quatro!
Rip,apesar de conhecer melhor a arte dos filhos.
ResponderEliminarOlá Optimus,
EliminarProcura alguma coisa do Kubert e vais ver que os filhos tiveram a quem sair!
Boas leituras... de Kubert, pai!
É com alguma tristeza que vejo esta notícia.
ResponderEliminarSempre fui um grande fã do seu estilo e do estilo dos seus herdeiros.
Este é mais um mestre que nos deixa e que felizmente nos deixou um grande legado e que mudou a história da BD com o seu estilo inconfundível.
Que descanse e paz este grande Kubert!
Olá Nuno,
EliminarInfelizmente a Dona Morte volta e meia sente inveja e leva nos seus braços um ou outro grande autor, como era Kubert.
Resta-nos (re)ler o muito e bom que nos deixou.
Boas leituras!
Mais um mestre que se foi.
ResponderEliminarUm reparo quanto ao conteúdo do post: em relação à novela gráfica Yossel, o personagem principal não chegou a ser enviado para Auschwitz...
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EliminarCaro Rolando Marques,
EliminarAgredço a leitura atenta e a participação.
Já corrigi o texto, pois, como refere, o protagonista de Yossell não foi para Auschwitz, viveu e participou na sublevação do gueto de Varsóvia.
São erros - lamentáveis e que tinha obrigação de evitar - mas que acontecem quando há prazos a cumprir... E que a leitura do texto sobre Yossel que disponibizei aqui no blog (http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2012/08/yossel-19-avril-1943.html) também evidencia...
Boas leituras... atentas!