Mark Waid (argumento)
Paolo Rivera e Marcos Martín (desenho)
Joe Rivera (arte-final)
Muntsa Vicente e Jaime Rodríguez (cor)
Panini (Espanha , Julho de 2012)
250 x 170 mm, 144 p., cor, capa brochada com badanas
12,00 €
1.
Daredevil (possivelmente a ausência mais
marcante da colecção Heróis Marvel, da Levoir/Público )
constitui, com o Homem-Aranha e Batman, o meu triunvirato preferido no que aos
super-heróis diz respeito.
2.
Talvez porque – tal como os outros dois – embora
“super” mantém uma forte componente humana…
3.
Talvez porque a sua incapacidade física o torna narrativamente
mais interessante…
4.
Talvez porque o descobri na sua melhor fase,
quando foi escrito – de forma brilhante e genial – por Frank Miller.
5.
E se nessa altura teve a sua primeira descida
aos abismos – quando ocorreu a sua primeira queda…
6.
A verdade é que – como bem destaca Julián M.
Clemente na interessante introdução deste livro, mais um magnífico objecto da
colecção Marvel 100 % da Panini espanhola – os sucessivos autores que assumiram
o seu controlo sentiram a necessidade de o tornar cada vez mais negro, de o fazer
cair cada vez mais e mais, numa descida aos infernos que parecia não ter fim…
7.
Por isso, também, este tomo recompilatório do
início de um novo período da vida do super-herói cego – na qual Matt Murdock
tem que assumir a sua profissão de advogado quando todos sabem que ele é também
Daredevil e o utilizam em tribunal contra ele – surpreende pelo seu tom mais
luminoso, menos intimista e menos desesperado.
8.
E se uma boa quota-parte da responsabilidade por
isso tem que ser assacada a Mark Waid (re)conhecido pela capacidade de mostrar
o lado melhor e mais positivo de cada um dos super-heróis com que tem trabalhado
(embora no caso presente isso implique por uma pedra sobre (quase todo) o
passado e aceitar um reinício quase do zero) …
9.
… seria injusto deixar de fora o belo trabalho
gráfico de Paolo Rivera e Marcos Martín,
dois desenhadores soberbos…
10. Quer
do ponto de vista anatómico e de cenários, onde cada objecto parece o que
realmente é, graças ao seu traço realista, límpido, praticamente linha clara…
11.
Quer enquanto narradores de histórias aos
quadradinhos, com pranchas de grande legibilidade – mesmo quando nelas existe
algum experimentalismo e o ultrapassar aqui e ali de convenções geralmente “tabus”
no género de super-heróis – onde cada elemento (tira, vinheta, a sua
desconstrução, balão, onomatopeia…) tem um papel fundamental para a
constituição do todo.
12. Mas
também pelo trabalho de cor de Vicente e Rodríguez, baseado em cores planas,
vivas e (muitas vezes) luminosas, que contrastam em grande medida com o
colorido (e o tom) negro seguido ao longo dos últimos anos.
13. Porque,
se bem que esteja presente a narrativa de super-heróis mais “pura e dura”, se assim
posso escrever, que passa por um confronto entre Daredevil e o Capitão América ou
pela destruição do bando de Klaw, a verdade é que são os aspectos mais humanos
dos relatos, nomeadamente quando o advogado Murdock utiliza os seus
conhecimentos legais para ajudar os seus clientes a defenderem-se “sozinhos”,
que mais me atraem neste novo ciclo de Daredevil…
14. …
e que – também em meu entender – justificam os três prémios
com que foi distinguida na mais recente entrega dos Eisner.
Daredevil (Demolidor, no Brasil) é realmente um dos personagens mais complexos do Universo Marvel e Frank Miller soube criar uma das melhores histórias que já li com a personagem.
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