Há 50 anos, os leitores da revista Topolino #453, descobriam
um novo pato Disney. Chamado Paperoga nessa versão italiana, é conhecido em
Portugal como Peninha.
Descubra mais sobre ele já a seguir.
Curiosamente, essa banda desenhada, apesar de estreada em
Itália, era uma criação dos Estúdios Disney norte-americanos, mais exactamente
do argumentista Dick Kinney (1917-1985) e do desenhador Al Hubbard (1915-1984),
responsáveis igualmente pela criação de Urtigão ou do Agente 00-Duck.
O Peninha original, aliás Fethry Duck, apresentava algumas
diferenças em relação ao que conhecemos hoje: já usava a camisola comprida com
a risca negra a meio, mas na altura não era amarela como nos habituámos a ver:
na versão italiana surgia vermelha, embora na primeira publicação americana
fosse lilás; o gorro combinava com ela, mas debaixo dele aparecia uma farta cabeleira
desgrenhada e não uns poucos fios de cabelo.
O seu carácter era igualmente díspar: adepto da cultura beat
e de ioga, não deixava antever ainda o herói actual, distraído, trapalhão e cheio
de boas (?) ideias com maus resultados, embora já conseguisse exasperar o seu
primo Donald, já de si colérico.
Não inocentemente, essa história inaugural chamava-se “The
Health Nut” (algo como “Louco por saúde” – “Fome para Fortalecer” na tradução
brasileira que chegou a Portugal pouco mais de um ano depois) e nela, a súbita
chegada de Peninha, com estranhos hábitos alimentares, alterava completamente a
pacata rotina de Donald.
Os leitores gostaram da personagem e rapidamente foram
criadas novas histórias, muitas delas com assinatura dos estúdios Disney no
Brasil. Dentro da tradicional estrutura das narrativas aos quadradinhos Disney,
Peninha conquistou uma namorada, Glória, quase tão aluada como ele, e um
sobrinho, Biquinho, muito traquinas.
Durante muito tempo colega de Donald como repórteres do
jornal A Patada, propriedade do seu tio milionário Patinhas, nos anos 80 chegou
a prefeito da cidade de Patópolis, tendo rapidamente conseguido que o caos se
apoderasse dela.
As características do Peninha, propensas para despertar o
riso, rapidamente levaram à criação, nos estúdios brasileiros, de diversos
alter-egos, o mais famoso dos quais o Morcego Vermelho. Nascido em 1973, é um
super-herói trapalhão, cujo esconderijo é uma lata de lixo e que utiliza para
combater o crime diversos artefactos criados pelo professor Pardal, como o
pula-pula-morcego, a corda-morcego ou a mota-morcego.
Pena das Selvas, uma sátira a Tarzan, e Pena Kid, um cowboy
que cavalga um cavalo… de pau, foram duas outras versões do pato distraído.
Curiosamente, as aventuras dos dois são criadas pelo próprio Peninha, enquanto
autor das bandas desenhadas publicadas no jornal A Patada.
Pena das Cavernas, Pena Rubra, o vicking, Pena das Arábias
ou Pena Submarino, foram outras versões que, no entanto, tiveram menor sucesso.
Nas histórias italianas, mais recentes, incluídas nas
revistas Disney actualmente editadas em Portugal pela Goody, também faz dupla
com o seu primo, mas agora como agente secreto ao serviço da P. I. A. (Patinhas
Intelligence Agency), sob as identidades de Me-Se 12 e Qua-Qua 7.
Mas, 50 anos depois, com Peninha como agente secreto,
jornalista, autor de BD ou ainda bombeiro, guia turístico, canalizador ou
passeador de cães – outras das muitas profissões que ele já desempenhou – podemos
ter certeza de uma coisa: onde ele surgir, a confusão vai instalar-se e, se
estivermos deste lado do papel, vamos ter diversão pela certa.
Algo que o pobre
Donald raramente experimenta!
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
2 de Agosto de 2014)
Para demonstrar o meu apreço por esta figura, nas edições Disney, a primeira história que procuro é a desse... atrapalhado!
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