Numa série centenária – em termos de narrativas publicadas -
como é Zagor, é imperioso inovar e ou renovar a cada nova aventura, para manter
a chama do herói e o interesse dos que o lêem.
Burattini e Verni fizeram-no neste Zagor Gigante, ao
apresentarem logo nas primeiras páginas a ressurreição de um antigo inimigo -
Red Warrior – e a morte de Zagor às suas mãos.
Se ficaram curiosos – como os autores pretendiam – leiam o
desenvolvimento já a seguir.
Na verdade, a renovação (contida) na continuidade é a
receita certa para assegurar a perenidade de séries de produção sistemática.
Isto é tão verdade nos super-heróis da Marvel ou da DC Comics como na banda
desenhada Disney, nos quadr(ad)inhos da Turma da Mônica como nos dos vários
universos da Sergio Bonelli Editore.
É o que acontece em O
homem que derrotou a morte, segundo Zagor Gigante brasileiro, já (ou
prestes a estar disponível) nas bancas e quiosques portugueses.
Essa renovação, tem que se dar a nível gráfico. E o trabalho
de Verni, sem ser brilhante é competente e suporta bem o tamanho “gigante” da
edição, o que é necessário para corresponder às exigências dos leitores de hoje
que não são as mesmas das dos que descobriram Zagor pela primeira vez há
algumas décadas.
Mas essa renovação tem de existir também a nível temático. Embora
mantendo as linhas mestras da série, com os novos tempos tem de haver
diferenças marcantes entre as histórias de há 30 ou 40 anos atrás e as actuais,
sem que se ponha em causa a continuidade das temáticas e do espírito que rege a
série desde o seu início.
No limite, isto significa significa contar a história como
se fosse sempre a primeira vez e como se fosse sempre a mesma.
Voltando a O homem que
derrotou a morte, na continuação do relato, o corpo de Zagor é queimado pelos
seus amigos e a narrativa continua a desenrolar-se a dois tempos. Por um lado, no
presente, com Chico a fazer um esforço de memória para reconstruir os últimos
dias do espírito da machadinha e tentar perceber como foi possível as coisas
chegarem ao ponto de ele perecer às mãos de um inimigo. Por outro lado, no
passado, dois meses antes, em flashbacks que progressivamente dão as respostas
que Chico e os índios – e os leitores com eles - procuram.
Respostas que surgirão a seu tempo, numa história de luta pelo
poder em que o dia-a-dia se Darkwood, os habituais conflitos que nela têm lugar
e o regresso da morte de um inimigo poderoso, se cruzam com conspirações pelo
trono polaco, nas quais, voluntário quase à força, Zagor se vê envolvido.
Uma história em que, recorrentemente, as situações parecem
repetir-se e em que, muitas vezes, as aparências iludem…
O homem que derrotou
a morte
Burattini (argumento)
Verni (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Setembro de
2012
185 x 275 mm, 242 p., pb, brochado
R$ 32,90 / 15,00 €
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