O castelo no céu
Moreno Burattini (argumento)
Marco Torricelli (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Setembro de 2011)
185 x 270 mm, 242 p., pb, brochado
R$ 29,00 / 16,00 €
1.
Um dos mais populares heróis Bonelli, Zagor,
cumpriu 50 anos
há sensivelmente um ano, data que, entre outros aspectos, ficou marcada pela
primeira edição de um Zagor Gigante – este que está agora nas bancas e
quiosques nacionais.
2.
Aliás, dada aquela popularidade, inegável, em
Itália mas também no Brasil, esta edição só surpreende por não ter acontecido há
mais tempo, seguindo os exemplos de Tex, Dylan Dog ou Martin Mystère.
3.
Embora no que a este Zagor diz respeito (como no
dos dois anteriores) o desenho esteja a cargo de um autor da casa Bonelli e não
entregue a um convidado “de luxo” exterior, como acontece em tantos dos Tex
Gigantes.
4.
Podendo, apressadamente ser considerado um
western, Zagor distingue-se pela coexistência nas suas aventuras de uma
multiplicidade de géneros, do citado western ao fantástico, do sobrenatural à
ficção-científica, aqui e ali com alguns apontamentos de humor e uma (ligeira)
base histórica.
5.
Por isso, não por acaso, o centro da sua acção
decorre na fictícia Darkwood, onde Zagor habita, uma combinação de pradaria,
zona rochosa, floresta e pântano situada algures na confluência de três estados
norte-americanos: Ohio, West Virgínia e Pensilvânia.
6.
(Como bem explana na longa introdução à obra
Moreno Burattini, que traça um completo retrato do percurso deste herói
cinquentão).
7.
A história escolhida para este “Gigante” – que
merecia uma capa mais chamativa, pois a que Gallieno Ferri desenhou é pouco
chamativa e de leitura algo difícil - não sendo, confesso, das mais estimulantes
que já li de Zagor…
8.
… tem como curiosa base a busca por parte de uma
criatura fantástica – um demónio – do seu criador – o escritor que lhe deu
origem no papel - …
9.
… e tem o condão de mostrar a tal multiplicidade
de géneros que nele convive pois, se se inicia como um relato medieval de
cavalaria, o seu desenvolvimento rapidamente a leva para o terreno do
sobrenatural, que até ao seu termo conviverá com o western, com Darkwwod a ser
invadido (e modificado) pelo tal demónio, numa história algo linear mas desenvolvida
em bom ritmo, com muita acção, algumas inflexões e um final algo inesperado.
10. Tudo
desenhado de forma competente, dinâmica – e aqui e ali mesmo bastante interessante,
em especial quando há edifícios no cenário – por Torricelli cujo traço, assente
num branco e negro bem contrastado, é realçado pelo generoso formato da edição.
11. Edição
que terá um valor muito grande para algumas dezenas de leitores e fãs de Zagor
que viram o seu nome imortalizado no verso da capa e da contracapa…
12. …
e que, sem dúvida, pode ser uma boa porta de entrada para o universo do herói
criado por Guido Nolitta (Sergio Bonellli) e Gallieno Ferri.