Saltando voluntariamente o volume inicial desta colecção – a
que voltarei, mas que pertence a outro ‘campeonato’ – considero que este é o
primeiro ‘grande’ título de Os Piores Inimigos de Ric Hochet.
Já o escrevi outras vezes, tenho boas memórias de Ric Hochet
a que não consigo escapar em cada regresso às aventuras do jornalista/detective
criado por Duchâteau e Tibet em 1955.
Reconheço as suas fragilidades – alguma ingenuidade
narrativa, um herói demasiado perfeito, um traço pouco mais que funcional, com
problemas de proporções e de movimento… - mas a verdade é que –
nostalgicamente… - Ric Hochet continua a ter o condão de me prender… e
divertir.
Entre as dezenas de histórias dele que já li (e reli…) este Ric Hochet contra o Carrasco – editado em
português pela Bertrand em 1973 e há muito esgotado – surge-me como um dos mais
conseguidos, pese embora o facto de dar a sensação de começar a meio, pois as
primeiras páginas mostram a captura de um bandido pelo herói, num país
estrangeiro, indisfarçavelmente de leste.
Datado de 1970, desenrola-se com a Guerra Fria em pano de
fundo e como mote para um dia turístico de Ric, com a falta de liberdade a ser
denunciada – de forma gritante mas cândida – cena após cena.
Na continuação, de regresso a casa, Ric dará boleia a um
fugitivo do regime, antigo oficial de segurança, que levará até Paris no seu
Porsche – uma das suas imagens de marca a par do blaser… – após aturada (mas
pouco credível) perseguição e fuga por entre árvores de uma floresta…
Só que, num bom golpe de asa, Duchâteau estendeu a narrativa
bem para lá disto, envolvendo o fugitivo, a sua filha (refém dos seus
perseguidores) - e por arrastamento Ric – numa bem urdida conspiração para o
assassinato de uma alto oficial, cujo mentor, razões e modus operandi só aos
poucos vão sendo revelados, com as surpresas a sucederem-se e o suspense a ser
mantido até às páginas finais.
Ric Hochet contra o Carrasco
Colecção Os Piores Inimigos de Ric Hochet #3
A. P. Duchâteau (argumento)
Tibet (desenho)
ASA / Público
Portugal, 17 de Junho de 2015
220 x 290 mm, 48 p., cor, brochada com badanas
5,40 €
5,40 €
Boa tarde pedro,
ResponderEliminarGosto bastante do Ric Hochet e já li o livro da "nova temporada" o qual qpreciei e que julgo quebrar um pouco com o passado, nomeadamente com a ingenuidade narrativa e com o herói demasiado perfeito. Não deixando de continuar a ser um bom conto policial tão caracteristica do Ric Hochet.
Caro Homem do leme,
EliminarComo é evidente eu também gosto do Ric Hochet.
Quanto ao volume inicial desta colecção ainda não o li, mas tenho expectativas médias, entre a grande curiosidade e o medo do que fizeram ao herói clássico...
Boas leituras!