Reinventar
O percurso da Marvel - a editora que interessa para o caso -
tem sido feito, de há uns bons anos a esta parte, baseado em constantes
reinvenções - das personagens, das histórias, das temáticas…
Campeões é mais um
caso. Mas que vale a pena espreitar.
A abrir, a constatação da aproximação do universo
super-heróico à realidade, através de três aspectos dispares, mas
complementares.
O primeiro, o reforçar dos sentimentos de cansaço e revolta
dos ‘seres humanos normais’ para com os super-heróis, após (mais um)a Guerra
Civil. Pela destruição causada e pelo receio recorrente de se tornarem
danos colaterais…
Depois, pelo alargar desses sentimentos à própria comunidade
de super-heróis, no caso aos seus representantes mais jovens - os mais
inconformados, os mais imprevisíveis, os mais impulsivos, os mais idealistas...
- Ms. Marvel, Homem-Aranha/Miles Morales, Nova, Viv (a filha do Visão),
Hulk/Amadeus Cho e Ciclope (o também adolescente, preso na nossa época). Prolongando,
no tom, no estilo e na lufada de ar fresco a boa impressão causada pelas histórias
de Miles Morales, o Homem-Aranha Ultimate.
Finalmente, essa aproximação à realidade é fortalecida pelas
‘temáticas’ associadas aos casos que a nova equipa - os tais Campeões - vão
enfrentar. Não “os vilões que nenhum herói consegue derrotar sozinho’, mas
situações (globais) quotidianas: mineiros presos num aluimento, a repressão à
emancipação da mulher por extremistas islâmicos, o racismo reinante numa
pequena localidade norte-americana… Que, no seu conjunto, também aproximam
estes Campeões do espírito original dos super-heróis que se ocupavam de
pequenos bandidos e situações acidentais ou catastróficas.
Como extra - igualmente bem-conseguido - o tom leve e
divertido predominante, tipicamente adolescente, em que se combinam sonhos e
desejos pessoais, idealismo e desilusão, espontaneidade e naturalidade, a
vontade de ser diferente e o medo de cair na vulgaridade (super-heróica), a pulsão
sexual (ainda) latente e a competitividade própria da faixa etária, num
conjunto a que o traço estilizado, esguio e com q.b. de influência manga de
Humberto Ramos dá vida e dinâmica.
Campeões #1
Marvel Especial #5
Inclui Champions #1 a
#5 (EUA, 2016)
Mark Waid (argumento)
Humberto Ramos (desenho)
Victor Olazaba (arte-final)
Goody
Portugal, Fevereiro de 2018
168 x 260 mm, 128 p., cor, capa mole
7,90 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
E com presença do Mark Waid na Comic Con. Isto se o caro Pedro já tiver recebido autorização para falar na Comic Con.
ResponderEliminar...eh eh eh!
ResponderEliminarBoas leituras!
Divertido e mais bem conseguido que que pensava.
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