Regresso sólido
O arranque faz-se quase 25 anos após a derrota nazi na Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, com uma personagem que, qual anjo vingador, pretende saldar uma dívida - acima de tudo de sangue - herdada daqueles tempos tormentosos.
Depois, a narrativa salta rapidamente para o passado, em 1945, para os últimos meses do III Reich, quando o desfecho já era adivinhado por muitos, que tentavam a todo o custo abandonar o barco em que - voluntária ou de forma forçada - tinham embarcado.
É dessa forma que o destino vai unir um punhado de pessoas com um objectivo comum - a fuga da Alemanha ou dos territórios por ela dominados, perante a cada vez maior proximidade das tropas aliadas. São elas um oficial com um pequeno tesouro, a filha de uma figura importante do regime com o respectivo guarda-costas, dois fugitivos de um campo de concentração, um soldado alemão...
Gente diferente em raça, educação, posição social, crenças e mesmo fins, o que fará com que a convivência raramente seja fácil, com os atritos e problemas diversos a multiplicarem-se. Alguns laços serão criados, outros inevitavelmente desfeitos, numa história em cenário de guerra, sobre a forma de reacção do ser humano em situação limite - e como isso o afecta posteriormente.
Graficamente, Jarbinet confirma a solidez do seu traço realista, o bom tratamento de cenários urbanos e naturais, da figura humana e de veículos e utensílios bélicos, o que ajuda a dar solidez e credibilidade ao conjunto que culmina num final ambivalente que confronta valores humanos com a grande hipocrisia da sociedade.
...e a edição
Se noutras alturas a crítica - negativa - tem sido a base destes 'desabafos' de final de texto, desta vez a ASA merece encómios por ter prosseguido com umadas colecções que fez com o jornal Público - e que à data publicara de forma integral. Até porque foi feita da forma mais correcta e lógica: lançando em simultâneo os dois volumes de mais um díptico completo.
Já acontecera com a actual fase de Michel Vaillant, mas - mais lamentavelmente, dirão alguns - ficou por fazer em casos como XIII ou IR$, em que o último álbum da colecção com o jornal deixou relatos a meio.
Se é importante vincar que a editora não tem qualquer obrigação - nem sequer moral - de o fazer, o tê-lo concretizado neste caso - e não nos outros citados - possivelmente espelha apenas aquilo que faz mexer o mundo editorial: as vendas da colecção inicial - de que já há vários volumes esgotados - justificaram a nova aposta.
...e com o volume #9 já anunciado em França para Abril do próximo ano, se as coisas correrem bem talvez possamos reencontrar novo díptico de Airborne 44 em português no final de 2022.
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