A Fundação Calouste Gulbenkian vai a acolher, a partir de dia 1 de Outubro, uma grande exposição dedicada ao criador de Tintin, intitulada Hergé. Será a primeira vez que pranchas originais de Hergé poderão ser vistas no nosso país. Nick Rpdwell estará presente para uma conferência no dia 1 da inauguração.
Natural de Etterbeek, na Bélgica, onde nasceu a 22 de Maio de 1907, Georges Prosper Remi ficou mais conhecido pelo pseudónimo de Hergé, obtido com a inversão das iniciais do seu nome, um R e um G. Foi com ele que, a partir de 10 de Janeiro de 1929, assinou uma das séries de bandas desenhadas mais famosas de sempre: As Aventuras de Tintin. Protagonizadas por um repórter que raramente foi visto a escrever para jornais, até 3 de Março de 1983, data de falecimento do autor, contabilizaram 23 álbuns, mais um incompleto. Graças talento narrativo de Hergé, um verdadeiro romancista em banda desenhada, à extrema legibilidade do seu estilo, designado por ‘linha clara’, aos valores da amizade e da entreajuda que sempre defendeu, à aventura em estado puro que predomina nos álbuns, à magnífica galeria de personagens e à diversidade dos relatos, que fizeram Tintin percorrer quase todo o planeta e chegar mesmo à Lua, mais de duas décadas antes de Neal Armstrong, os álbuns de Tintin fizeram sonhar sucessivas gerações, um pouco por todo o mundo.
A partir de dia 1 de Outubro, numa colaboração com o Museu Heré, em Louvain-la-Neuve, em França, será possível visitar em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição que revela as diversas facetas do autor, da ilustração à banda desenhada, passando pela publicidade, a imprensa, o desenho de moda e as artes plásticas.
Será a primeira vez que pranchas originais de Hergé poderão ser vistas no nosso país, bem como algumas das suas pinturas e diversa documentação do arquivo que utilizava como base para a criação dos seus livros.
A mostra está dividida em 9 núcleos: Grandeza da arte menor, Hergé, o amante de arte, O romancista da imagem, O êxito e a tormenta, Uma família de papel, Hergé e a revista Coeurs Vaillants, A arte do reclame, A lição do Oriente e O nascimento de um mito.
Através deles, o visitante será guiado não só pela obra do mestre dos quadradinhos, mas também pelas suas influências externas, da pintura à arte moderna, passando pelo importante encontro com Tchang Tchong-Jen que mudou a sua forma de encarar a sua produção. Neles, será igualmente possível revisitar uma parte da História do século XX, através das aventuras de Tintin, do seu nascimento no Le Petir Vingtième ao período conturbado da ocupação da França pelos nazis, da passagem dos álbuns a preto e branco para os coloridos ou da criação da revista com o seu nome.
O olhar de Hergé sobre a forma como as suas bandas desenhadas eram reproduzidas noutros países - e Portugal foi o primeiro a publicar Tintin a cores, no Papagaio -, a família de papel que ele criou e as suas facetas menos conhecido de publicista e desenhador de moda poderão também ser apreciadas nesta mostra que ficará patente até dia 10 de Janeiro de 2022.
No dia 1 de Outubro, aquando da inauguração, terá lugar a conferência O Futuro de Tintin, com a presença de Nick Rodwell, marido da viúva do desenhador, director dos Studios Hergé e responsável pela gestão do seu legado, que poderá esclarecer o que está previsto para o preservar e manter vivo, sabendo-se que Hergé recusou que os seus heróis fossem retomados por outros após a sua morte.
A informação completa, incluindo horários e preços, pode ser consultada aqui.
(versão revista do texto publicado na página online do Jornal de Notícias de 25 de Setembro de 2021; cartaz disponibilizado pela organização; fotos da montagem recolhidas na página do Facebook da Fundação Calouste Gulbenkian; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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