Para
complemento do balanço do ano de 2021, no que à BD diz respeito,
que o blog As Leituras do Pedro
está a efectuar ao longo deste mês, os principais editores
nacionais foram desafiados a indicar as suas escolhas e também a
anteciparem o ano de 2022.
Hoje,
as opiniões de Ricardo Magalhães, da
Ala dos Livros.
As Leituras do Pedro - Quais as três edições próprias mais relevantes que lançaram em 2021?
Ala dos Livros - Editamos sempre livros de que gostamos e por isso é difícil escolher apenas três. Tomando a liberdade de “alargar” as escolhas, por ordem alfabética mencionamos:
Blacksad, uma das séries mais emblemáticas e conhecidas da BD europeia, que faz agora parte do catálogo da Ala dos Livros e sobre a qual em breve se vai perceber melhor o nosso projecto.
O Burlão nas Índias, uma obra fabulosa em argumento e desenho e que provavelmente estará em breve a caminho de uma segunda edição.
O Corvo V - Inimigos Íntimos, com o Luís Louro a assumir-se cada vez mais como um autor completo em grande forma, com um universo cada vez mais rico e coerente.
Giant (Edição integral), e que tem sido referido como uma das boas surpresas de 2021 por muitos leitores.
O Mercenário, que é uma série muito pessoal para nós e uma grande responsabilidade por se tratar de uma série de culto que queremos apresentar com um nível muito especial.
O Relatório de Brodeck, que não vamos tentar sequer descrever porque é um livro que simplesmente não se descreve. É uma experiência de leitura como poucas.
Undertaker, talvez a série western mais conceituada e dinâmica da actualidade e que vamos continuar a acompanhar.
As Leituras do Pedro - Que edições que outras editoras publicaram em Portugal gostavam de ter editado?
Ala dos Livros - A Fera (A Seita).
A colecção Long John Silver (ASA/Público), que estava nos nossos planos, mas para uma edição bastante diferente.
E, estendendo a lista, outra série em que se trata de um gosto muito pessoal e para a edição da qual tinha uma ideia há já algum tempo (mas é verdade que não podemos fazer tudo) é o Peter Pan (ASA/Público). Mas em ambos os casos percebemos que o factor edição/tiragem conjunta com a distribuição em quiosque é determinante na escolha dos parceiros.
As Leituras do Pedro - Que títulos que vão lançar em 2022?
Ala dos Livros - Não revelando ainda todos os lançamentos do ano, temos avançado alguns títulos:
Blacksad #1 - vamos proceder gradualmente à reedição da colecção completa, com uma nova apresentação e algumas surpresas, sendo que editaremos o primeiro tomo no primeiro trimestre;
Nas séries já em curso, continuamos O Mercenário - tomos #2 e #3, Mattéo #5, Wild West #2 e Undertaker.
Little Tulip, que já estava anunciado.
Entre outras novidades teremos Don Vega e Eu, Mentiroso.
Também vamos estrear a Ala infantil da melhor forma com Amani (Miguelanxo Prado)
Na Ala nacional teremos CoBra.
Ainda na Ala nacional, continuamos com as obras de Luís Louro que está imparável e terá uma grande novidade, mas não só.
Existem ainda mais alguns títulos confirmados ou à espera da confirmação que a seu tempo divulgaremos.
As Leituras do Pedro - Com as incertezas da pandemia, os problemas ao nível do abastecimento de papel e o aumento de custos, como perspectiva o novo ano editorial?
Ala dos Livros - As incertezas, essas continuam em diversas actividades económicas e dificilmente se vão dissipar. Durante 2020 e 2021 verificámos em Portugal, ao nível da BD, que foram os pequenos editores quem conseguiu garantir uma edição mais ao menos regular, apoiando, ainda que indirectamente, os pequenos livreiros que se bateram por continuar e chegar a novas franjas de mercado, e também as grandes cadeias quando estas se mantiveram abertas.
Em 2022, pensamos que ocorrerá o inverso: o aumento geral das matérias primas será melhor suportado pelas grandes estruturas. Porque têm maiores tiragens e catálogos mais diversificados - o que lhes permite uma melhor repartição de custos quer nominal, quer global -; porque em caso de falta de matéria prima são mais “preponderantes” para os fornecedores do que as pequenas estruturas - embora por vezes sejam as pequenas estruturas a fazerem o esforço de manter níveis “mais normais” de actividade -, e etc., etc… No fundo, todas aquelas coisas que os manuais de economia nos ensinam. Com o aumento das matérias primas e do transporte, haverá seguramente um aumento do preço dos livros em geral. Já se fala nisso em França, por exemplo, mas de forma geral. Isso já se faz notar há algum tempo na evolução dos custos de produção.
Quanto às repercussões, editar um livro leva tempo e todos planeamos e negociamos (pelo menos parte dos) contratos com antecedência. Havendo compromissos editoriais assumidos, não pensamos que no próximo ano se verifique um decréscimo muito significativo de edições, mas o que é sobretudo incerto é que, com aumentos de preços, o nível de vendas se mantenha. Assim, e a manter-se o cenário actual, as repercussões serão muito possivelmente sentidas a vários anos.
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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