Fraquezas próprias
Reconheço
em mim algumas fraquezas, enquanto leitor de banda desenhada. São
histórias ou séries que, por razões inexplicáveis, me seduzem,
apesar de
reconhecer nelas limitações evidentes.
Tounga,
de Édouatd
Aidans (1930-2018),
é uma delas, por isso não resisti quando a colecção integral me
apareceu à frente a preço muito
convidativo.
Herói da revista Tintin, Tounga (Tunga, na versão portuguesa) estreou-se em 1961 e é uma personagem que vive na pré-História. Caçador e guerreiro, serve de gatilho para Aidans contar histórias que misturam de forma linear e alguma simplicidade a ignorância do ser humano face ao desconhecido, uma certa dose de misticismo e religiosidade, a natural violência de tempos imemoriais, a selvajaria das bestas, a impotência do ser humano face à fúria dos elementos e um certo tom ecológico antes do tempo.
Inicialmente perseguido pelo irmão que o vê como um rival para uma possível chefia da horda dos gmours, o seu povo, Tounga, muitas vezes acompanhado por Noon, o coxo, outro rejeitado pela tribo que tem um tigre dentes-de-sabres, e a irmã daquele, a bela Ohama, percorre um mundo que não compreende, onde pululam enormes búfalos, gigantescos mamutes e outros animais com anacronismos evidentes...
A luta pela sobrevivência, face a perigos humanos, animais ou naturais é a base desta longa saga de tom humano, parcialmente publicada em Portugal, especialmente na Tintin, mas também no Mundo de Aventuras.
Reconheço fraquezas nos argumentos, descobri no primeiro integral um traço mais limpo - e menos ‘selvagem’, menos apropriado ao período retratado - talvez seja mais justo escrever ‘inventado’ - que desconhecia, mas a verdade é que esta leitura deste volume de alguma forma encheu-me as medidas e veio preencher grandes lacunas que possuo na cronologia completa do herói.
Lamento apenas que a publicação integral se tenha limitada a agrupar os álbuns originais, que juntaram narrativas em função do seu número de páginas, sem respeito pela publicação cronológica, o que num integral resulta de forma agravada numa estranha alternância de estilos gráficos separados por mais de uma década (como é visível nas pranchas aqui reproduzidas) e no (des)aparecimento inexplicado de personagens chave.
Tounga Intégrale #1
Édouard
Aidans
Joker
França,
2002
225
x 300 mm, 152
p., cor,
capa dura
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
as pranchas parecem ter sido recolhidas, ou estarei enganado?... esse mamute parece ser feito de metal. não percebo esta falta de cuidado... ou mesmo gosto!
ResponderEliminar* recoloridas - maldita escrita automática!
ResponderEliminarNão sei responder, mas penso que não. Os textos reproduzidos já vêm da edição em álbum, parece-me que o esquema e, portanto, a cor é a mesma.
EliminarNo caso do mamute - albino! - pode ter algo a ver com o facto de ser foto...
Boas leituras!
É albino.
Eliminar