Igualdade
Brune
é jovem, bonita, atraente. No mundo real em que vivemos é daquelas que chama a
atenção dos homens. E sabe-o.
Uma
noite, após uma festa num bar, aceita uma boleia para casa de um
desconhecido. Só que, pelo caminho...
...ele convida-a para uma última bebida em sua casa, acaba por a convencer, torna-se demasiado insistente e incómodo, a situação tornar-se-à mesmo física. E as coisas correm mal.
Começa assim uma noite angustiante, que Brune nunca mais esquecerá. Ou irá repetir?
Nada de novo, dirão alguns. É o pão nosso de cada dia, em muitas das séries policiais da TV, acrescentarão outros... E no tal mundo real também. Só que...
...só que, desta vez, algo vai ser diferente neste policial tenso e incómodo, que a arménia (!) Maran Hrachyan traçou em vinhetas largas, de cores soturnas e traço sempre sombreado, acentuando o lado opressivo de um relato que questiona algumas verdades que parecem absolutas mas que na verdade provam não o ser, numa sociedade em que a violência, a diversos níveis, ainda é considerada normal, e em que as vítimas e as suas versões, indiscriminadamente, são muitas vezes postas em causa.
Hrachyan revela uma interessante capacidade de subversão e de manipular o leitor, numa história sóbria e sem elementos desnecessários, narrada a um ritmo que não deixa tempo para respirar e que, não por acaso, abre com notícias sobre um predador sexual em série que a rádio debita no ar - e no espírito do leitor - enquanto a protagonista se arranja para sair... E que vão dar o mote a um relato que, apesar das aparências, tomará um rumo inesperado e terá um desfecho pelo menos bastante singular.
Une
nuit avec toi
Maran
Hrachyan
Glénat
França,
2023
200
x 273 mm, 168 p., cor, capa dura
22,00
€
(imagens disponibilizadas pela Glénat; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre o tema destacado)
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