Capitão América – A Lenda Viva
Roger Sterne (argumento)
John Byrne (desenho)
Josef Rubinstein (arte-final)
Levoir+Público (Portugal, 19 de Julho de
2012)
170 x 260 mm, 192 p., cor, cartonado
8,90 €
Resumo
Este volume compila as
revistas Captain America #247 a #255, editadas nos Estados Unidos entre Julho
de 1980 e Março de 1981.
Desenvolvimento
O equilíbrio entre histórias
clássicas e outras mais recentes, uma das características assumidas da colecção
Heróis Marvel
, pode revelar-se um pau de dois bicos.
Para leitores habituais de
banda desenhada – em especial para aqueles que estão menos familiarizados com
os comics norte-americanos – essa é sem dúvida uma mais-valia, pois permite
descobrir/recordar fases marcantes dos principais super-heróis Marvel e
compará-las com outras mais recentes (que nalguns casos serão também clássicos
dentro de alguns anos).
No entanto, para leitores novos
– aqueles que a colecção tenta conquistar, por exemplo entre os que viram e
gostaram das recentes adaptações cinematográficas – as histórias mais antigas
poderão ter o efeito contrário ao pretendido.
Porque, sejamos claros, nos
anos 80 – para nos concentramos neste volume – a forma de narrar era muito
diferente da que é utilizada hoje em dia – e essa é uma das razões porque a
Marvel tem recorrentemente recontado a origem dos seus principais heróis.
Por isso, quem eventualmente
chegar à BD através desta colecção, poderá ter dificuldade em lidar com a
utilização de cores mais vivas e planas, pouco apelativas nos nossos dias, com
as narrativas muito palavrosas e constantemente a recordar o passado e do
protagonista e os seus dilemas presentes, com alguma ingenuidade temática e com
protagonistas inverosímeis como Batroc, o saltador - um semi-vilão que… salta!
Do que atrás fica escrito,
não quero que se infira que estou contra esta opção editorial, longe disso;
compreendo-a e aceito-a, até porque – infelizmente? - acredito que entre os
seus compradores haverá mais leitores habituais de quadradinhos do que novos
leitores.
De qualquer forma, uns e
outros, se perderem este volume – como outros - perderão a oportunidade de
acompanhar um momento importante da história dos comics Marvel e de um dos seus
mais significativos personagens, perdido entre dois mundos, o dos anos 1940 -
em que surgiu como símbolo americano na guerra contra os nazis – e dos anos
1980 – a actualidade, quando estas histórias foram criadas, nos quais procura,
ainda o seu lugar (embora sem essa dualidade ser extremada como em “CapitánAmerica – El hombre fuera del tiempo”
).
Estas histórias, correspondem ao aclamado período em que
Roger Stern e John Byrne assumiram o destino do mais americano dos super-heróis,
balizando de novo o seu percurso em diversos aspectos (vida civil, relação com
o poder militar, novos relacionamentos amorosos), apontando-o como símbolo vivo
do sonho e dos ideais norte-americanos e como o seu principal defensor contra
todo o género de inimigos, externos e internos, de terroristas a simples
gangsters, de monstros fantásticos a velhos inimigos.
Delas, destacam-se “À
primeira luz do alvorecer”, pela ponte feita com elementos do tempo da II
Guerra Mundial, “Capitão América para Presidente”, pela sua invulgar temática pois
nela o alter-ego de Steve Rogers é apontado como candidato à presidência, e
“Velhos conhecidos”, pela revisitação da mitologia do herói.
A reter
- A boa qualidade gráfica da edição, mais a mais se
considerado o seu preço.
- A importância clássica do conteúdo deste tomo.
- As histórias atrás citadas, boas em qualquer contexto –
desde que lidas e entendidas à luz do contexto em que foram criadas!
- O desenho de John Byrne, respeitador da proporção da
figura humana, dinâmico, expressivo e aqui e ali com algumas soluções originais
em termos de planificação.