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15/09/2023

Alvar Mayor I

Final da viagem no ponto de partida


Em Alvar Mayor, uma estranha combinação de realidade, sonhos - e pesadelos… - é o ponto de partida para uma longa saga que tem como pano de fundo tanto a descoberta do novo mundo pelos conquistadores espanhóis, para alimentarem a sua insaciável sede de ouro e riquezas, quanto o desejo de viver o quotidiano sem pressões.

19/04/2023

Spaghetti Bros. #4

Amai-vos uns ao outros


A sua história dava um filme dizem os seus autores neste volume, mas deu apenas - e quão enganador e redutor é este ‘apenas’ - uma banda desenhada, uma banda desenhada, longa de quase 800 páginas, dividida em episódios curtos que ajudam a ritmá-la, muito divertida para quem aprecia humor negro e não tem pejo em ver as instituições - família, igreja, polícia… - enxovalhadas e denegridas - ou mostradas como tantas vezes são…

15/03/2022

Spaghetti Bros #3

Uma família, inúmeros segredos


Um rapazinho conta a um chefe mafioso os planos do seu rival, sendo pago com algumas notas. De seguida, vai ter com este último e confidencia-lhe os segredos do primeiro, obtendo nova gratificação. Finalmente, revela os planos de vingança de ambos ao homem mais poderoso da cidade, não para evitar o banho de sangue previsto, mas para engordar os seus proventos.
Espelho fiel dos estratagemas e subterfúgios necessários para sobreviver na América dos anos 1930 dominada pelas famílias mafiosas, este é apenas um dos reveladores episódios auto-conclusivos que compõem Spaghetti Bros, uma viagem pela realidade desencantada do país.

06/05/2021

Spaghetti Bros #2

Marionetas


Acabado de editar pela Arte de Autor, o segundo volume de “Spaghetti Bros.” continua a fazer desfilar perante os nossos olhos a crónica quotidiana dos irmãos Centobucchi: Amerigo, Frank, Antonio, Caterina e Carmela.
Ou, dito de outra maneira: o gangster, o padre, o polícia, actriz e a dona de casa (que também é assassina a soldo e prostituta de luxo). Ou ainda, o capital, a religião, a lei, a cultura e o povo.

19/11/2020

Spaghetti Bros #1

Negro e mordaz





Lançamento (ainda) recente da Arte de Autor, Spaghetti Bros compila uma série de histórias curtas sobre as vivências dos irmãos Centobucchi, de origem italiana como o nome indica, que no seu todo funcionam como uma crónica desencantada da América dos anos 1930.

05/09/2011

Vieilles canailles

Intégrale
Collection Turbulences
Carlos Trillo (argumento)
Domingo Mandrafina (desenho)
Vents d'Ouest (França, 6 de Julho de 2011)
225 x 298mm, 192 p., pb, cartonado
19.00€

Resumo
James Ricci, argumentista de televisão, tem um sonho escrever um grande romance baseado na história da sua família, os cinco irmãos e irmãs Centobucchi, os famosos Spaghetti Brothers: Amerigo, o gansgter cruel, Frank, o padre torturado e dividido quanto à sua vocação, Tony, o (ex-)polícia inflexível, caído em desgraça por uma cilada, Carmela, a assassina contratada transformada em evangelista, e Caterina, a actriz de filmes de terror…
Trata-se de um (longo) epílogo à série Spaghetti Brothers que Trillo e Mandrafina desenvolveram durante a década de 1990.

Desenvolvimento
Se a descrição das suas actividades já deixou evidente que esta não é de todo uma família normal, não deixa de ser um pálido intróito a uma família de todo disfuncional, em cujas vidas a violência, a traição, as violações e os abusos, os ódios recalcados e os fantasmas do passado (mal) enterrados são uma constante.
Ao remexer nesse passado, distante já de algumas décadas – os Spaghetti Brothers são hoje pouco mais do que velhos sós e esquecidos - para tentar conhecer as (saborosas) histórias que ele guarda, Ricci vai descobrir muitos dos segredos, podres e esqueletos que a família escondeu, mas também (re)descobrir a sua mãe e tios sob uma óptica diferente, ao mesmo tempo que constata que o tempo não conseguiu amaciá-los, humanizá-los nem apagar os ódios e os desejos de vingança latentes entre eles … apesar do retorcido sentido de família que têm como linha condutora na sua vida.
Entrevistando um após outro, vai conhecendo histórias, comparando versões, alinhavando uma linha condutora para o seu romance – ou para o argumento de uma BD, esta BD… - que nunca conhecerá a luz do dia por razões… que deixo ao leitor descobrir.
Como convido o leitor a conhecer esta narrativa de Trillo, dividida em capítulos sequenciais, mas auto-conclusivos, de 8 pranchas, ideais na sua génese para a publicação regular em revista. Relato duro, por vezes boçal, por vezes chocante, por vezes sórdido, sempre violento mas aligeirado com um assinalável humor negro irresistível, “Vieilles Canailes” lê-se de um fôlego, num tom entre a comédia e o drama. Como retrato de uma época passada – os anos 10, 20 e 30 do século passado, nos Estados Unidos - com a chegada e ascensão dos imigrantes italianos e da Máfia, de que ainda se encontram resquícios hoje em dia.
O trabalho gráfico de Mandrafina é competente, caricatural qb no tratamento das personagens para acompanhar o perfil duro mas risível que Trillo lhes atribuiu, quase sempre assente apenas no traço, já que poucas vezes recorre a tramas ou manchas de negro, um traço duro, personalizado e expressivo, com o qual compõe vinhetas intencionais e muito reveladoras.

A reter
- O tom da narrativa, entre o caricatural e o sórdido, irresistível no todo, próximo de um clássico dos anos 80 que os portugueses conhecem melhor, Torpedo 1936, de Abulli e Bernet.
- A sua construção formal, como um grosso romance dividido em capítulos auto-conclusivos que ajudam a saborear melhor cada momento da vida atribulada dos Centobucchi.
- O preto e branco de Mandrafina, perfeitamente ajustado ao relato e dum expressividade assinalável.
- A edição - mais um integral, é verdade…

Menos conseguido
- …a que falta, no entanto, um texto introdutório que ajude a situar a obra na sua génese, no seu contexto e na época em que foi publicada.

05/07/2011

Fulù

Les Intégrales
Carlos Trillo (argumentista)
Eduardo Risso (desenho)
Glénat (França, Maio de 2011)
180 x 243mm, 248 p., pb, cartonado
15,00€

Resumo
Publicado inicialmente em 5 tomos coloridos, entre 1989 e 1992, a saga de Fulù, uma negra raptada em África e vendida como escrava no Brasil, surge agora pela primeira vez em versão integral e a preto e branco, um registo em que Trillo e Risso dão cartas.

Desenvolvimento
Esta é uma longa história – longa de 5 anos em tempo real da acção, longa de 5 tomos “tradicionais” franco-belgas, longa de mais de 240 pranchas. A história de Fulù, uma jovem africana levada do seu país para ser escrava no Brasil e a sua longa luta pelo regresso à sua terra natal.
A história de uma jovem negra, bela e sensual, dona de estranhos poderes – mágicos, místicos – que aos poucos vai descobrindo, desenvolvendo e aprendendo a usar em proveito do seu sonho: regressar à terra que a viu nascer e – sabê-lo-á apenas mais tarde – ao seu prometido.
Ao longo desta saga, desta longo périplo pelo Brasil e pela América Central, por terra e por mar, como cativa e como fugitiva, conta com Nder Saba, o seu espírito protector, que a vai guardando e guiando.
Guiando-a até ao seu destino, apesar dos múltiplos obstáculos e problemas que tem que enfrentar e vencer.
Guardando-a da luxúria dos homens – pois ela está reservada para alguém especial – e do ódio das mulheres – invejosas por verem o que ela faz aos homens -, guardando do medo, do rancor, do despeito, da vingança daqueles com quem se vai cruzando, daqueles cujo destino vai alterando, dando-lhes por vezes o que desejam, outras mostrando-lhes o que lhes está destinado.
Esta é uma saga em crescendo – de dúvidas, de intensidade, de mistérios, de respostas também – que Trillo vai desenvolvendo, dando ao tom aventuroso inicial (também) um tom místico e fantástico que se vai sobrepondo aquele à medida que o relato avança, prendendo o leitor à medida que o surpreende, envolvendo-o em dúvidas e curiosidade – da mesma forma que Fulù usa os seus poderes (e o seu corpo) para “enfeitiçar”, “controlar”, “dispor” daqueles que a rodeiam ou que a sua aura atraiu.
Ao mesmo tempo, Trillo traça um fresco cru e violento da época da caça aos escravos, em que negros e brancos eram diferentes, uns objectos outros senhores, e de uma forma de vida no Brasil, nas Américas, também em África, enquanto mostra como a Humanidade evoluiu tão pouco naquilo que a move e faz avançar (?): ódio, cobiça, desejo, luxúria, vingança…
Para isso criou uma vasta galeria de personagens, algumas obedecendo aos estereótipos esperados, outras ricas e interessantes, bem para lá de convenções, que dão o seu contributo – tantas vezes único, original e inesperado, para o desenvolvimento do todo.
A arte de Risso, neste integral a preto e branco despojada das cores da edição original que em nada beneficiaram o desenho, surge na sua pureza, depurada, mais rica, mais intensa, em pranchas de claro contraste entre brancos límpidos e luminosos e negros profundos e sombrios, através dos quais traça personagens, cenários, adereços, tudo aquilo que serve para contar e fazer avançar a história.

A reter
- A forma como a arte de Risso se desenvolve ao longo da trama, soltando-se, (re)descobrindo-se, explodindo frequentemente em pranchas intensas e belíssimas!
- O crescendo do enredo de Trillo, com inflexões que surpreendem e prendem o leitor, mesmo que o ponto de chegada da narrativa seja algo díspar daquele em que ela se iniciou.
- A edição, magnifica e barata, ideal para descobrir o final de quem comprou os dois volumes editados em português.

Menos conseguido
- Alguns exageros caricaturais na caracterização – gráfica e psicológica – de algumas personagens…
- … em contraste com o facto de a maior parte delas fugir aos estereótipos que poderiam ser esperados, o que leva a lamentar o seu abandono, ou melhor a sua intervenção limitada, ao longo do relato

Em Portugal
Fulú foi uma das muitas séries iniciadas e nunca concluídas pela Meribèrica/Líber. Os dois primeiros tomos – O Sortilégio e A Dança dos Deuses - foram publicados em 1992 e 1994, respectivamente, a cores, nas variantes de capa brochada e capa cartonada e ainda hoje se encontram com alguma facilidade nas muitas feiras de saldos que actualmente se realizam um pouco por toda a parte.
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