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02/07/2012

Futebol aos quadradinhos

João Davus, de Vítor Péon
(imagem do blog Mania dos Quadradinhos)














Próximos na data de nascimento, futebol e banda desenhada têm vivido juntos muitas aventuras, dentro das 4 linhas do relvado e das vinhetas de papel. Agora que o Euro 2012 já terminou, fica uma evocação de alguns dos maiores futebolistas dos quadradinhos.

Um dos mais famosos – que o Jornal de Notícias, o Mundo de Aventuras e a Futura (em álbum) publicaram em português – é “Dick, o goleador”, uma tira diária de imprensa escrita por Alfredo Grassi para o desenho de José Luís Salinas (o criador de Cisco Kid , o cowboy romântico), que o Mundo de Aventuras também publicou entre nós. Protagonizada por três jovens sul-americanos – Dick, Poli e Jeff – combina as aventuras futebolísticas, no relvado, com outras de tom policial, fora delas.
Este tipo de equilíbrio, entre a faceta desportiva e a vida “quotidiana” é uma característica comum a outros futebolistas de papel, como Eric Castel, craque do Barcelona, e Vincent Larcher, do AC Milan, criados pelo belga Raymond Reding; este último passou pelas páginas do Tintin e dele a Bertrand editou “Futebol e minissaias”. Do mesmo autor é “O sensacional Walter Muller”, que o Mundo de Aventuras publicou nos anos 70, sobre um jogador dos distritais alemães destinado a vencer no Barcelona, com o mundial de 1974 como pano de fundo.
Capitão Tsubasa, uma criação de Yōichi Takahashi, que saltou do papel para a animação (baptizada Oliver e Benji na televisão nacional), acompanha um avançado e um guarda-redes desde as camadas jovens, passando por experiências no Brasil e na Europa, até se sagrarem campeões do mundo pela selecção principal japonesa.
Percurso inverso teve Foot 2 Rue (Clube de Rua), animação francófona protagonizada por um grupo de crianças de um orfanato que acaba por participar num campeonato mundial de futebol de rua, que Mardiolle e Cardona transpuseram para a BD, na Soleil, indo “bem além da simples adaptação - com as limitações inerentes a tal - da ideia-base da animação, criando uma verdadeira BD com ritmo e estrutura próprios, na qual vamos conhecendo os antecedentes dos 5 miúdos/"craques" - órfãos, abandonados ou simplesmente "esquecidos" num lar para desfavorecidos - que protagonizam a história, com a ternura e a irrequietude próprias da idade a surgirem a par com alguma dor e solidão, que apenas a paixão pelo futebol - vivido na rua, com muito fair-play (e raparigas!) - faz esquecer” (in Jornal de Notícias de 2 de Julho de 2006).
O Euro 2004 trouxe os heróis Disney a Portugal, em 2006 o espanhol Ibañez levou Mortadelo e Salamão ao Mundial e, agora, a propósito do Euro 2012, Patinhas, Donald e os restantes patos Disney tiveram que investigar "Il Mistero Eurocalcistico", na sequência de uma goleada sofrida por Itália frente a uma equipa amadora.
Continuando no campo – nem sempre relvado - do humor, o futebol tem sido inspiração recorrente para autores como o argentino Mordillo, o turco Gurcan Gürsel ou os portugueses José Bandeira ou Luís Afonso – embora estes abordem mais as questões colaterais…

Uma outra abordagem divertida surgiu em “Futcube”, de Ricardo Agferr, curioso casamento entre paralelepípedos e fórmulas de química orgânica, publicado na colecção Quadradinho da ASIBDP.
Ainda em português, Eugénio Silva traçou aos quadradinhos a biografia de um dos maiores jogadores nacionais de sempre em ”Eusébio Pantera Negra”, e Vítor Péon narrou os feitos de João Davus, ficção sobre um futebolista português a actuar em Inglaterra, onde o seu criador então trabalhava. Em Inglaterra nasceu também “Billy, o Botas”, herói juvenil da autoria de Fred Baker e John Gillatt, cujo talento futebolístico advinha de umas velhas botas que tinham pertencido a um jogador famoso.
Num registo mais adulto, ficam duas referências para “Aqueles que te amam” , que se inicia com um golo voluntário na própria baliza numa final da Taça dos Campeões e explora a facilidade com que os fãs passam da paixão ao ódio e o lado mercantil dos atletas. Ulf K., num curto e terno registo autobiográfico evoca a sua infância em “O ano em que fomos campeões mundiais” (Polvo), curiosamente o mesmo título que foi dado à BD que narrou a conquista do título mundial pela Espanha em 2010.
Nesta linha narrativa, se hoje em dia é normal alguns clubes evocarem a sua história aos quadradinhos - no Brasil Ziraldo desenhou as do Corinthians, Fluminense, Palmeiras e Vasco da Gama, e em 2010 o centenário do Marítimo foi recordado em “Os Sonhos do Maravilhas” dos madeirenses Francisco Fernandes, Roberto Macedo Alves e Valter Sousa – no início da década de 90 quando Manuel Dias escreveu com humor, para o traço divertido de Artur Correia, a história dos três grandes do futebol português em “Era uma vez um leão”, “… um dragão e “… uma águia”, revelou algum pioneirismo.
E se até aqui a maior parte dos protagonistas citados nasceram no papel, o brasileiro Maurício de Sousa, criador da Mônica e do Cebolinha, lançou dois heróis com trajecto inverso.
É o caso de Pelé(zinho), lançado nos anos 90 e que em breve regressará aos relvados (de papel), e de Ronaldinho Gaúcho (já este século e cuja revista está disponível mensalmente nos quiosques portugueses), que Maurício recriou no seu traço característico em histórias em que humor, amizade e futebol andam de mãos dadas.
Pelo caminho ficaram projectos similares com Ronaldo (o fenómeno brasileiro) e Dieg(uinh)o Maradona, por questões relacionadas com direitos de imagem.
E em breve, possivelmente já em Agosto, a equipa de Maurício de Sousa vai receber um reforço de peso, Neymar(zinho), num registo juvenil, próximo da Turma da Mônica Jovem.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Julho de 2012)



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