Durante
anos, também pelas vicissitudes de um mercado pequeno, os leitores
portugueses de BD temiam apostar em novas séries, pois estas ficavam
muitas vezes a meio. Nos anos recentes, este paradigma mudou e são
muitas as colecções em publicação regular ou já terminadas. O
Guardião - Agente Secreto do Vaticano é o exemplo mais recente,
com os seus cinco volumes já editados em português pela Gradiva - e
num prazo temporal agradavelmente curto, sensivelmente dois anos. Banda
desenhada clássica de aventuras, apresenta alguns matizes
singulares, o primeiro dos quais o facto do protagonista integrar um
grupo de elite de homens de acção, criado no interior do Vaticano e
conhecido de poucos. A protecção dos segredos da Cúria romana e a
intervenção em qualquer lugar do mundo sempre que a situação o
exige, são a sua tarefa.
Há trocadilhos a que não resisto, o sub-título acima é um deles.
Se se ‘sente’ bem quem ler este díptico de intriga e acção –
se procura esse tipo de banda desenhada - isso acontece porque se
trata de um bom ‘Sente’, ou seja um dos casos em que o antigo
editor e agora argumentista soube levar a bom termo uma narrativa.
Se este
álbum seria sempre, com certeza, uma das (boas) surpresas de 2020, que agora, tudo indica, se revelará curto e parco, isso só vem
reforçar o seu interesse e importância no ano editorial português
em curso.