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25/01/2023

Les Tuniques Bleues par

Diferentes mas iguais



Esta homenagem Os Túnicas Azuis é uma das primeiras grandes surpresas - e leituras - deste ano, desde logo pelo lote de autores que reúne: entre outros, José-Luis Munuera, Aimée de Jongh, Denis Lapière, Olivier Schwartz, Eric Maltaite, Zidrou e… Blutch (!), que também assina a capa.

27/04/2012

Gringos Locos













Yann (argumento)
Schwartz (desenho)
Dupuis (Bélgica, sem data anunciada)
48 p., cor





Regresso a “GringosLocos” para anunciar que este álbum vai finalmente ser posto à venda no mercado francófono no próximo dia 4 de Maio.
Narração ficcionada de uma famosa viagem aos Estados Unidos e México feita por Jijé com a mulher, quatro filhos, Franquin e Morris, nos anos 50, teve o lançamento inicialmente anunciado para 12 de Janeiro, mas foi diversas vezes adiado devido à controvérsia que opôs os descendentes de Jijé e Franquin aos autores, Yann e Schwartz.
Agora, após obtenção de um acordo, mediado pela editora Dupuis, o álbum será finalmente posto à venda, aumentado de um caderno de 10 páginas com fotos dessa viagem e uma longa entrevista de José-Louis Bocquet a Benôit Gillain, um dos filhos de Jijé, na qual ele evoca muitas das memórias que guarda dessa verdadeira odisseia e esclarece, contextualiza ou complementa, os aspectos da banda desenhada que chocaram os filhos de Jijé e a filha de Franquin pelo retrato distorcido dos seus pais e os levaram a oporem-se inicialmente à edição desta obra.
Direito de resposta para uns, limitação à liberdade de expressão para outros, a polémica levantada por este caso – que certamente só existiu devido à importância dos três autores em causa no panorama da BD franco-belga - não ficará certamente por aqui e, para além de ter servido como uma boa campanha publicitária extra para um álbum, de si já muito aguardado, poderá ter aberto precedentes que só o futuro confirmará.
Se em termos puramente criativos, o dossier nada adianta ao álbum que (man)tém muitos motivos de interesse, pois está bem escrito e desenhado e é francamente divertido, em termos históricos revela-se determinante pois ajuda a compreender – no seu tempo - e a conhecer melhor três homens – três autores de banda desenhada de excepção - que marcaram uma época e cujas obras continuam actuais e a serem (re)lidas hoje em dia e contribui decisivamente para a escrita de (mais) uma página marcante da História das histórias aos quadradinhos criadas na Bélgica e na França.

 


27/01/2012

Gringos Locos













Yann (argumento)
Schwartz (desenho)
Dupuis (Bélgica, sem data anunciada)
48 p., cor, cartonado


Resumo
Em 1948, Jijé, com a mulher e quatro filhos que tinham entre 1 e 10 anos de idade, partiu para os Estados Unidos, igualmente na companhia de Franquin e Morris. Jijé partia temendo uma próxima guerra nuclear em solo europeu e os três pretendiam arranjar emprego nos Estúdios Disney.
Essa viagem, agora evocada na forma de banda desenhada, transformou-se num autêntica odisseia, que acabou por durar 5 anos. Nela, cruzaram os EUA e o México a bordo de um único automóvel, dormiram ao ar livre ou em tendas e sobreviveram graças ao dinheiro que iam recebendo, referente às pranchas que iam desenhando e enviando para a Dupuis.
Durante a sua estadia nos EUA, Jijé, Franquin e Morris, viriam a conhecer Harvey Kurtzman e os outros fundadores da revista MAD, bem como René Goscinny, o que contribuiu para terem um papel decisivo na modernização da BD belga aquando do seu retorno ao país natal.
Este primeiro volume, que se inicia com a partida da Bélgica, conclui-se com os autores a viverem no México e Franquin a receber a notícia de que deveria substituir Jijé à frente de Spirou.

Desenvolvimento
Este é um projecto que Yann acalentava há muitos anos. Nasceu das conversas informais que teve com Franquin (a quem chegou a propor desenhá-lo) e com Morris, quando trabalhou com ambos, e foi crescendo nas suas gavetas ao longo dos anos, ao ouvir aqui e ali anedotas sobre essa mítica viagem. Chaland, que chegou a traçar-lhe uma curta biografia em BD: “La vie exemplaire de Jijé - foi outro dos nomes apontados para o desenhar, mas como a visão de um e outro era díspar, também aí o projecto não avançou.
Finalmente, depois de trabalhar com Schwartz em “Spirou – Le groom vert-de-gris”, Yann propôs-lhe o argumento de “Gringos Locos”, que foi aceite de imediato.
Só para se ter uma ideia da importância deste livro, note-se que foi pré-publicado – em simultâneo, apesar das diferentes periodicidades – no jornal Le Soir e nas revistas Spirou e L’Immanquable.
O álbum é francamente divertido. Por um lado, porque Yann escreve muito bem, combinando a actualidade no México e Estados Unidos com alguns flashbacks ou cenas sonhadas ou imaginadas (nos quadradinhos) pelos autores. Por outro, porque nele são transcritos uma série de gags que parecem apenas possíveis nos quadradinhos, mas que na verdade existiram. É o caso da batalha de água – que incluiu despejar uma banheira cheia pelas escadas abaixo – que teve lugar na véspera da partida, quando as malas já estavam feitas, o que obrigou os 3 autores a partirem vestidos com pijamas (!) emprestados (!!), o facto de terem passado a noite toda a desenhar rachadelas e falhas de pintura na casa, como vingança contra a senhoria, o desenharem as suas bandas desenhadas em frente e verso para pouparem nos portes ou perseguição à família Gillain após terem tentado, inadvertidamente, entrar numa igreja só para negros!
Para além disso Yann recheou o seu argumento com alusões a séries dos autores ou a cenas bem conhecidas dos quadradinhos, o que, sem prejuízo dos outros, possibilita um outro nível de leitura ao leitor mais conhecedor.
Graficamente, Schwartz mais uma vez, revela-se um contador nato aos quadradinhos, com uma linha clara de cores fortes e vivas, muito dinâmica e expressiva, que cativa facilmente o leitor e com a qual acentua os (muitos) momentos cómicos do relato.
Fica, para o fim, o retrato traçado por Yann e Schwartz daqueles três nomes fundamentais da banda desenhada franco-belga e mundial: Franquin, assume a personalidade depressiva e pouco confiante que lhe era (re)conhecida, em absoluto contraste com o humor que expressava nas suas criações; Morris, por seu lado, surge como um brincalhão e um conquistador incorrigível (bem diferente do circunspecto senhor de alguma idade que conheci há anos no Porto);Jijé é apresentado quase com uma personalidade bipolar, capaz dos maiores arrojos mas também das maiores hesitações.

A polémica
E é neste ponto, que assenta a polémica que envolve esta obra.
Recapitulemos: “Gringos Locos” deveria ter sido lançado no passado dia 12 de Janeiro. No entanto, a editora Dupuis, mesmo tendo 35 mil exemplares já impressos, suspendeu-o. Actualmente, a única referência ao álbum no site da editora, é a notícia da anulação de um concurso com ele relacionado.
A razão, veio rapidamente à luz do dia: os filhos de Jijé e a filha de Franquin, conforme divulgado através de diversos órgãos de comunicação social francófonos, não concordavam com o retrato feito dos seus pais no álbum e manifestaram o seu desagrado à editora.
Se algumas fontes chegam ao ponto de afirmar que houve ameaças de retirar do fundo de catálogo da Dupuis as obras de Jijé e Franquin (e até de Morris), Romain Gillain Muñoz, neto de Jijé, há anos radicado em Portugal, negou-o peremptoriamente a As Leituras do Pedro.
Segundo ele, “não há guerra nenhuma com a Dupuis”, nem “foram feitas quaisquer ameaças”. A boa relação entre estas duas partes “já vem desde os anos 1940”, estando apenas a decorrer “conversações para tentarem chegar a um acordo”. A interdição de publicação deste álbum – e do segundo tomo que lhe deverá suceder, sobre a estadia do trio em Nova Iorque – nunca foi equacionada.
Ainda segundo Romain, a família de Jijé, pede apenas a hipótese de beneficiar “de um direito de resposta”, que poderá ser na forma de um encarte a incluir nos álbuns, em que seja afirmado que se trata apenas de “uma obra livremente ficcionada, apesar de conter alguns elementos verdadeiros, e não de uma biografia factual autorizada”, e no qual possam “transmitir uma imagem mais exacta de quem foi o seu pai e avô”.
A principal questão que aponta à obra de Yann e Schwartz é a imagem “demasiado beata e católica do avô, que não corresponde de forma alguma à sua forma de estar, ele que a certa altura deixou mesmo de frequentar a missa”, reforçada “pelo facto de surgir sempre de sandálias – que raramente calçou - como era uso dos missionários católicos” e de ele estar constantemente “a proferir palavrões, que ele nunca utilizava, para mais no dialecto de Bruxelas, que não dominava”.
A isto acrescenta algumas outras questões, como a forma “deselegante e incómoda como é abordada a relação de Jijé com a II Guerra Mundial”, ele que chegou a ser acusado de colaboracionismo, “o que sempre o incomodou, apesar de ser sabido que recebeu durante a guerra vários resistentes em sua casa e que nunca se gabou disso”. E que foi algo de todo inesperado porque Yann e Schwartz, em “Le Groom vert-de-gris”, “tinham dado o rosto de Jijé ao líder da resistência belga, Jean Doisy, um comunista bem conhecido que foi seu amigo”.
Igualmente a questão monetária apresentada – no álbum Annie, esposa de Jijé, pede a Morris e Franquin que paguem o alojamento e as refeições – revolta os familiares do criador de Jerry Spring, pois “é sabido que o meu avo, na Bélgica, alojou muitos autores em sua casa, entre eles também Will, Jean Giraud e Mezières, alguns por períodos bem prolongados, sem nunca lhes ter pedido nada em troca”.
Curiosamente, Romain diz que “ignorava a maior parte dos pormenores desta odisseia”, tendo tido que pedir ao seu pai “esclarecimentos quando as primeiras notícias sobre o projecto começaram a circular na net”, embora conhecesse “fotos da época” (que cedeu para aqui serem reproduzidas) bem como “um velho chapéu mexicano, oferecido por Franquin” que o pai ainda guarda.
Sabe que Yann falou “com o seu pai e um tio muito antes de concretizar o projecto”, mas, depois disso “não houve mais nenhum contacto”, pelo que à sua família não foi dado qualquer conhecimento do início ou do avanço da obra.
Apesar desta oposição só ter sido tornada pública quando a Dupuis cancelou o lançamento do álbum, o neto de Jijé revela que a sua família “contactou a editora logo que a pré-publicação se iniciou” e que desde então “tem havido diversos contactos no sentido da resolver da melhor forma para todas as partes”.
A terminar, Romain, a título pessoal, considera, apesar de tudo, “que esta é uma história que deve ser contada”, não só pela popularidade de que ainda gozam os três criadores, mas também pela sua importância na história da banda desenhada franco-belga.
Se será concluída ou não, ainda não se sabe. Para já, na sua última página, pode apor-se, com uma significativa alteração um termo bem conhecido dos leitores de BD: (continua?)



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