30/11/2009

Isabelle - Intégrale - Volume 1

Isabelle - Intégrale - Volume 1
Delporte, Macherot e Franquin (argumento) e Will (desenho)
Le Lombard (Bélgica, Abril de 2007)

222 x 295 mm, 216 p., cor, cartonado

Resumo
Em 1969 nascia Isabelle. Com a particularidade de ter três pais (algo que poderia ser perfeitamente normal no mundo mágico em que vivia). E que pais: Delporte e Macherot nos textos e Will no desenho. E a que se viria a juntar mais tarde Fanquin, substituindo Macherot, doente, à partida provisoriamente por algumas semanas, numa colaboração que se tornaria definitiva e duraria uma década. Mas a isso já lá vamos, até porque tal terá lugar neste primeiro volume desta reedição integral que reúne os álbuns “Le tableau enchanté”, “Isabelle et le capitaine”, “Les maléfices de l’Oncle Hermes” e “L’Astragale de Cassiopée”.

Desenvolvimento
Isabelle é uma jovem que vive numa pequena cidade, em que todos se conhecem, mas onde tudo pode acontecer: uma aventura de um pequeno ser (que vive num quadro de parede) num mundo em que tudo lhe parece gigante (a lembrar as deliciosas histórias de Chlorophylle ou Sibylline que Macherot já criara); a passagem de uma sineta de Páscoa, poedeira de… ovos de chocolate!; uma pacífica e florida invasão hippie que deixa a cidade em polvorosa; a passagem de um simpático capitão, acompanhado por uma gaivota cantora, que após cada soluço - e são muitos! - pode formular um pedido que se torna de imediato realidade…
Um universo em que tudo é possível (em que só vejo rival na série "Oliver Rameau", de Dany e Greg) a um tempo terno, agradável, simples e servido por um humor gentil e sem pretensões, no qual se nota o dedo de mestre de Raymond Macherot. E ao qual Will deu vida, na sua linha clara expressiva e eficiente, e que vai evoluindo de forma notória ao longo das histórias, acompanhando também as transformações que estas vão sofrendo, com a protagonista a interagir cada vez mais com mundos feéricos e oníricos. Aos quais, depois, Franquin trará a sua marca, aprofundando a psicologia das personagens, criando histórias mais movimentadas e dinâmicas, com personagens cada vez mais estranhas e inimagináveis (para desespero de Will…) e dando a Delporte oportunidade para soltar o seu humor mais mordaz.
Esta edição, que inclui 12 páginas sobre as origens de Isabelle, com ilustrações inéditas, e também histórias nunca publicadas em álbum, é mais um (bom) exemplo da utilidade das reedições: redescoberta de séries esquecidas (ou nunca publicadas em álbum - ou nunca publicadas, ponto, quando se trata de outro pais… …) a um preço bem interessante. No caso, 25 € por 216 páginas a cores, no formato franco-belga tradicional.

A reter
- A reunião de “quatro monstros” da BD belga na mesma série: Delporte, Macherot, Will e Fanquin.
- Mais uma vez, as características destas edições integrais: qualidade gráfica, introduções, recuperação de material que de outra forma é impossível encontrar e preço.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #19 de Junho/Julho de 2007)

27/11/2009

As Leituras dos Heróis – Legs Weaver

(segundo Michele Medda *)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Legs Weaver?

Resposta – Acho que leria as bandas desenhadas de Garth Ennis e Warren Ellis, como “Preacher” e “Transmetropolitan”. E sabemos com certeza que Garcia Marquez a faz adormecer!

* com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

26/11/2009

As Leituras dos Heróis – Dylan Dog

(segundo a pessoalíssima opinião de Pasquale Ruju *)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Dylan Dog?
Resposta – Dylan Dog… A resposta a esta pergunta seria melhor dada por Tiziano Sclavi... Mas vejo bem o Dylan a ler Martin Mystère. Os dois já se encontraram (num par de números especiais) e têm de certeza coisas em comum. E depois, Dylan sempre teve curiosidade por tudo o que diz respeito ao oculto e ao sobrenatural.

* Com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

BD para o Natal - RubyDum e TawnyDee in NiePOoRTland


Regina Pessoa (argumento e desenho)
Edições Afrontamento/Niepoort (Portugal, 2009)
Livro: 185 x 292 mm, 24 p., cor, cartonado
Embalagem: 304 x 196 x 80 mm


Depois do (justamente) multipremiado filme animado “História Trágica com final feliz”, este livro marca uma incursão de Regina Pessoa pela banda desenhada para (nos) contar (um)a história do Vinho do Porto. E da razão porque nele existem categorias diferentes: Ruby e Tawny. Para o fazer, inspirou-se (e que bela e bem conseguida foi esta inspiração) na história, melhor, em personagens e situações de “Alice no País das Maravilhas”, em especial nos gémeos TweedleDum e TweedleDee.
Tudo começa numa rua normal, de uma cidade normal, com gente normal, homogénea, cinzenta, de pasta e telemóvel, seguindo (n)a manada, ao longo de passeios e ruas, com rumo definido, sem saber para onde vai. (A)Normalizada.
Só que um dos homens da nossa história – da história da Regina – vislumbra um coelho (branco, de relógio…) a virar uma esquina e decide segui-lo, por um longo corredor, ao fundo do qual descobre uma pequenina porta, com uma fechadura em forma de… cálice! Entra então num mundo novo e diferente, onde (já) existe cor, onde se fabrica (de forma apaixonada…) o vinho, compreendendo as suas diferenças, ganhando vontade de ser diferente, transformando-se também ele em…
A história, assim simples, mas bela e dinâmica, onírica e fantástica, sem palavras para que imaginemos nós tudo o que dizem e pensam – e, porque não, sentem - os protagonistas, está traçada de forma agradável e harmoniosa, com pontuais aplicações de cor que dão vida e realçam pormenores (vivos).
E se a obra por si só é uma bela prenda, que dizer da embalagem que a acondiciona, uma requintada caixa, selada com etiqueta desenhada por Regina Pessoa, que no seu interior, para além do livro, contém duas garrafas de Vinho do Porto – Ruby e Tawny, claro – com RubyDum e TawnyDee nos seus rótulos, a inevitável etiqueta “Drink me” (!) pendurada do gargalo, para degustar enquanto se lê ou apenas para guardar zelosamente e fazer inveja aos amigos que nos visitam.
Uma edição em relação à qual há que agradecer que os livros não tenham todos esta (excelente) embalagem porque, senão, de quantas mais casas ia precisar eu para guardar a minha biblioteca de BD?!

25/11/2009

Rides

Paco Roca (argumento e desenho)
Delcourt (França, Março de 2007)
200 x 263 mm, 104 p., cor, cartonado com sobrecapa com badanas


Velhos são os trapos, diz o adágio popular. Mas velhos seremos, também, todos nós, um dia, se o tempo nos deixar chegar lá. Se o corpo mandar. E, principalmentem, se a mente quiser. Porque, eu pelo menos acredito nisso, a velhice é um estado de espírito. Que faz de muitos "jovens", seres completamente senis, e de muitos "velhos", jovens na flor de idade.
"Rides", de Paco Roca, fala-nos da velhice. Não tanto enquanto estado de espírito, embora o conceito lá esteja subjacente, mas enquanto realidade incontornável. Isto, porque se passa quase totalmente num asilo - num lar de idosos, preferirão alguns, por soar mais "politicamente correcto".
Mas o que pode ter de "politicamente correcto" um lar como o que é aqui recriado - possivelmente espelho demasiado fiel (e em muitas casos até optimista) da triste realidade que estas instituições são - quando este não é mais do que um depósito de idosos, dividido em dois andares, o de baixo para os que ainda são autónomos, o de cima para os que pouco mais fazem do que vegetar à espera do fim, mas todos condicionados à mesma rotina estéril que apenas parece prepará-los (empurrá-los?) para o seu fim: acordar-tomar o pequeno-almoço-ver televisão-almoçar-ver televisão-jantar-dormir…
Narrativa ficcional, mas baseada em factos verídicos, que o autor viveu/ouviu contar/investigou, começa quando Émile é colocado no tal lar pelo seu filho (e nora…) quando os primeiros sinais da doença de Alzheimer se começam a manifestar, levando-o, cada vez mais frequentemente, a perder as memórias do presente, "refugiando-se" no passado - e atente-se na forma como Roca mostra isto graficamente, não só mostrando Émile quando era novo, mas, principalmente apagando as faces dos que o rodeiam ou deixando vinhetas/páginas em branco, dando uma força inusitada às consequências da sua doença.
A (in)adaptação de Émile, o seu relacionamento com os outros "hóspedes", as especificidades de cada um (da doença de cada um…), a sua progressiva perda de faculdades, num declínio inexorável e assustador, são narrados com crueza mas também ternura por Paco Roca e se o tom do relato é aparentemente leve e bem-disposto, ao que ajuda a sua linha clara, agradável, de traço
delicado, e com toques de bom humor - a velhice origina muitas situações caricatas - o todo incomoda e choca. Por vermos como a sociedade (lemos os outros? - só os outros….?) trata os seus velhos.
Por sentirmos que, um dia, podemos ser nós a estar lá.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #18 de Abril/Maio de 2007)

As Leituras dos Heróis – Super Pig

(segundo Mário Freitas)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas do Super Pig?


Resposta – Leria Grant Morrison, David Soares, Nuno Duarte e, na literatura, Phillip K. Dick e Milan Kundera.

A melhor BD da década?

Encontrei por acaso esta lista que já tem os melhores (30) comics da década actual, apesar de ainda só terem decorrido 9 anos dela...
Que, vale o que vale – melhor, como todas as listas e prémios, tem o valor que quisermos.
Até porque, sendo americana, põe logo de parte, à partida, todas as obras que não chegaram aos EUA. E (quase, quase, quase) todas as de autores estrangeiros.
Eu, desta lista, li 11 livros e não teria dificuldades em colocar alguns num top pessoal deste género, a começar desde logo pelo notável Blankets, para mim um dos melhores livros que li nesta década - e nas outras todas!
E para vocês, quais as melhores bandas desenhadas que o século XXI já (vos) trouxe?

23/11/2009

As Leituras dos Heróis – Nick Raider

(segundo Gianfranco Manfredi *) Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Nick Raider?
Resposta – Penso que a banda desenhada favorita de Nick Raider seria Dick Tracy.

20/11/2009

Tex Edição Histórica #73 e #74

Giovanni Luigi Bonelli (argumento)
Erio Nicolò (desenho)
Mythos (Brasil, Setembro e Novembro de 2007)
136 x 177 mm, 260 + 260 p., pb, brochada


Resumo

Uma misteriosa personagem, apoiada por importantes figuras de Washington, interessada em apossar-se dos terrenos da reserva onde vivem os navajos chefiados por Tex, consegue fazer com que este seja condenado a 20 anos de cadeia por um assassínio que não cometeu. Depois, consegue a nomeação de um agente indígena de sua confiança o que obriga Kit e Jack Tigre a guiar os peles-vermelhas para o interior da reserva.

Desenvolvimento
Para além de ser uma das maiores histórias de Tex (mais de meio milhar de pranchas) esta é também uma das histórias mais apreciadas pelos fãs. Justamente, diga-se, não só pela forma como está escrita e se desenvolve (quase sempre) em bom ritmo, mas porque foge ao que é habitual na série. Porque Tex, em grande parte dela é apenas espectador ausente, porque se vê condenado por um assassinato que não cometeu, porque tem que experimentar (embora de forma breve – e a obra teria ganho se a sua estadia no presídio de Vicksburg fosse mais extensa) a vida na prisão para onde geralmente envia os seus adversários - pelo menos aquele que não despacha no imediato com uns quantos tiros certeiros… - , porque o protagonismo é entregue a Kit Carson e Kit Willer.
Todos estes aspectos estão bem interligados numa trama bem urdida, passe algum exagero na facilidade com que Tex cai na armadilha inicial, mas merece destaque em especial a forma como a situação na reserva se degrada e, fosse outra a série, a certa altura do relato quase poderíamos acreditar que “A grande intriga” narrava o fim das aventuras de Tex.
Claro está, que com o ranger isso não poderia acontecer e no final tudo se resolve a contento dele e dos seus amigos, com o esquema desvendado e os bandidos derrotados, mas, até se chegar a esse ponto, são várias as inflexões no argumento e os momentos de dúvida ou suspense introduzidos, o que faz deste western, em que a amizade desempenha um papel marcante, uma obra cuja leitura desperta e prende o leitor.
Uma referência – por ser pouco vulgar em Tex – para o papel importante desempenhado por uma mulher, no caso a bela e bem feminina Myra Solano, um dos elos principais da tramóia que se abate sobre o ranger, desenhada primorosamente por Nicolò, com a sua beleza a destacar-se ainda mais em contraste com as feições duras com que o desenhador italiano dotou a maior parte dos protagonistas masculinos. Referência ainda para o seu bom domínio da planificação e para a utilização de uma grande variedade de enquadramentos, com os quais consegue tornar dinâmicas mesmo longas sequências em que as personagens apenas conversam.

A reter
- A originalidade do argumento, considerado no conjunto das histórias de Tex.
- O bom trabalho gráfico de Nicolò.

Menos conseguido
- A excessiva provocação de Tex à sua futura suposta vítima.
- A facilidade como um homem com o passado do ranger é condenado como se fosse um desconhecido.
- Alguns desajustes temporais na narrativa.

Curiosidade
- Aquando da publicação original, a história prolongou-se por cinco números do título mensal do ranger e, no caso presente, obrigou a dividi-la por dois números da colecção Tex Edição Histórica, que geralmente publica histórias completas
- Ambas as edições trazem introduções, de Júlio Schneider (no #73) e de Sergio Bonelli (#74).

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 13 de Novembro de 2009)

19/11/2009

Lançamento - Blake & Mortimer – A Maldição dos 30 Denários T.1

Jean Van Hamme (argumento)
René Sterne e Chantal De Spiegeleer (desenho)
ASA (Portugal, Novembro de 2009)
56 p. cor, cartonado


“A Maldição dos Trinta Denários” é o título do novo álbum de Blake e Mortimer que amanhã chega às livrarias de França, Bélgica e Portugal. Ou pelo menos deveria, pois a maldição citada no título parece ter-se estendido à gestação e lançamento da obra.
Desde logo, porque o autor escolhido para o desenhar René Sterne, começou por demorar imenso tempo para o desenhar, devido ao extremo rigor e perfeccionismo que sempre empregou nas suas obras.
Depois, porque a morte o levou em Novembro de 2006, quando ainda só tinha terminado uma vintena de páginas daquele que era o maior desafio da sua carreira. Finalmente, no que a nós diz respeito, porque problemas na impressão atrasaram a chegada do álbum aos armazéns da ASA, pelo que possivelmente nem todas as livrarias nacionais o receberão amanhã.
Décimo nono tomo das aventuras de Blake e Mortimer, a nova história, de novo escrito por Jean Van Hamme (“O caso Francis Blake”, “O Estranho Encontro”), cujo desenho foi terminado por Chantal De Spiegeleer, esposa de Sterne e também autora de BD, começa com a ida de Mortimer à Grécia para comprovar uma notícia arqueológica fantástica: a descoberta dos 30 denários que Judas recebeu por ter traído Jesus Cristo. Isto ao mesmo tempo que começa a circular a notícia da fuga de Olrik da prisão onde se encontrava detido…
Depois, bem, depois leiam o álbum… e aguardem pela sua conclusão no segundo tomo, previsto para 2011.

Curiosidade
- A edição portuguesa conta com duas capas diferentes, uma igual à da edição original, aqui ao lado, para os 5000 exemplares da tiragem normal, e outra, desenhada de propósito para Portugal, no início deste post, para uma tiragem especial de 1000 exemplares para as lojas FNAC.

BD para o Natal – Krazy + Ignatz + Pupp

Escrevo aqui o primeiro de uma série de posts com sugestões de prendas de Natal aos quadradinhos, porque acredito que um livro é – sempre foi, sempre será – uma das melhores prendas que se pode oferecer. No Natal, ou noutra altura qualquer, claro está!
Embora (quase) todos os livros aqui referenciados em As Leituras do Pedro sejam boas prendas, vou tentar fugir do óbvio e acredito que a minha segunda sugestão vai ser uma bela e agradável surpresa para (quase) todos.
Mas enquanto essa não chega, para já, fiquem com:


Krazy + Ignatz + Pupp
Uma Kolecção de Pranchas a Kores Kompletamente Restauradas
George Herriman (argumento e desenho)
João Ramalho Santos (tradução)
Álvaro Pons (introdução)
Manuel Caldas (restauro)
Libri Impressi (Portugal e Espanha, Novembro de 2009)
230 x 324 mm, 48 p., cor, brochado


Por várias razões.
Desde logo, embora razão menor, porque a “marca” Manuel Caldas é sinónimo de qualidade e excelência, patente nesta edição cuidada e esmerada, com uma cuidada tradução - e não percam a oportunidade de ver o que ela exigiu! - e que inclui a reprodução de uma prancha no tamanho em que foi desenhada originalmente (40 x 60 cm), a que se deve apontar o facto de ter “apenas” pouco mais de quatro dezenas de pranchas…
Depois, principalmente, porque Krazy Kat, publicada entre 1913 e 1944 - nas belíssimas e inigualáveis pranchas dominicais coloridas só a partir de 1935 -, é um clássico incontornável, de uma modernidade surpreendente. Apesar de as personagens se limitarem praticamente aos três vértices de um estranho triângulo amoroso composto por uma gata (às vezes gato?!) – Krazy Kat - apaixonada por um rato – Ignatz -, que só deseja atirar-lhe tijolos à cabeça, o que faz com que seja preso pelo cão guarda – Pupp – que por sua vez suspira por Krazy. E da sua trama se reduzir à exploração das várias formas como um tijolo pode ser lançado e das várias maneiras como pode atingir o(s) seu(s) alvo(s), sendo que no final de cada prancha auto-conclusiva Ignatz acaba (quase, quase) sempre na cadeia.
E tudo (ou só) isto decorre no cenário surreal de Coconino County, cuja paisagem muda de aspecto e configuração a cada vinheta. Literalmente.
Pelo meio, o autor consegue jogar com os códigos da própria BD, pondo as personagens a desenharem-se a si mesmas ou à própria história, dando o protagonismo a um capacho onde se lê “Bem Vindo”, usar pirilampos para iluminar a acção – parte dela – durante um eclipse ou não ser capaz de concluir a numeração das vinhetas…
Ou…
Comprem antes o livro, melhor dois livros (pelo menos), um para lerem, o(s) outro(s) para oferecer(em) e, como eu, vejam como noções como “tempo” e “espaço” não fazem sentido em Coconino County – deixam de fazer também para nós durante a leitura - e vivam a “experiência sensorial que deslumbra o espectador de hoje tanto como no seu tempo deslumbrou Picasso, Cummings e Kerouak, os quais viam nas suas páginas o cume da arte do século XX” como escreve Álvaro Pons na (inspirada) introdução e tornem possível que depois desta (tão curta) selecção, venha outra mais alargada ou até, Kem çabe, a Kolecção Kompleta de Krazy Kat Kompletamente Restaurada…

Ah! E já agora, peçam o livro directamente ao editor, porque funcionando como (não) funciona o mercado e a distribuição em Portugal, é possível que de outra forma não o consigam antes do Natal…

18/11/2009

As Leituras dos Heróis – Tex (II)


(segundo Alfonso Font *)

Pergunta - Se lessem banda desenhada quais seriam as preferidas de Tex, Kit Willer e Kit Carson?

Resposta – Sem o saber ao certo, porque cavalgo com Tex somente nos momentos de acção e não sei o que faz nos momentos de relaxamento, ousarei dizer que lê Corto Maltese e também que sorri condescendente quando lê as histórias que, pobres de nós, se referem à sua própria vida, logo Tex lê Tex. Surpreende-se sempre com as coisas extraordinárias que sucedem a Dylan Dog, ainda que esta seja a personagem preferida do seu filho Kit. Enquanto Carson, quando sabe que não está a ser observado por ninguém, lê Tintin, sobretudo porque o Capitão Haddock é o seu favorito!


* com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

Lançamento - Sonho sem Fim

Pedro Couceiro (história)
Hugo Jesus (argumento)
Rui Ricardo (desenho)
ASA (Portugal, Novembro de 2009)
221 x 293 mmm, 48 p., cor, cartonado


Se a vida de algumas pessoas dava um (ou vários) livros, Pedro Couceiro é certamente um deles, por isso não surpreende que amanhã, dia 19 de Novembro, seja apresentado, no Hotel Tivoli (Av. da Liberdade, 243, em Lisboa), "Sonho sem Fim", um álbum de banda desenhada que relata a vida do piloto, já disponível nas livrarias.
Editado pela ASA, tem argumento de Hugo Jesus, que publica o seu primeiro livro, e desenho de Rui Ricardo, o mesmo de “Jogos Humanos”, “Canção do Bandido” (ambos com Paulo Patrício) ou “Superfuzz” (com Esgar Acelerado).
Na origem do livro está uma paixão antiga de Pedro Couceiro pelos quadradinhos, que com esta obra de tom didáctico pretende transmitir a mensagem de que na vida nada é impossível quando se acredita e trabalha por isso, para que “todas as crianças e não crianças que têm um sonho por realizar possam ter uma visão mais optimista do futuro", afirma o piloto.
Antes do pequeno cantor e do campeão das pistas, o livro aborda o percurso do homem, através de pequenos acontecimentos que ajudaram a moldar a realidade e a construi-la “em cima de sonhos, cimentando bases para o meu futuro e vendo sempre o amanhã como um dia melhor que o de hoje”, diz, para reforçar a ideia.
Embaixador da Unicef para Portugal desde 1995, Pedro Couceiro decidiu que as receitas deste livro reverterão exclusivamente a favor das Aldeias SOS, instituição que visitou no início da sua carreira internacional e que o marcou profundamente pela obra que desenvolve em prol de tantas crianças. Para isso conseguiu a parceria da Navigator, que forneceu o papel, da Lithoformas, que realizou a impressão e encadernação, e da Leya-Asa, responsável pela produção e distribuição do álbum. Sem estes apoios “não teria conseguido realizar mais este sonho e, em especial, angariar verbas extras para uma causa tão nobre”.

(Versão revista do artigo publicado no Jornal de Notícias de 17 de Novembro de 2009)
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