‘Car on peut tuer l’homme…
...on
n’arrête pas la légende.’
Palavras
finais de Long John Silver: Intégrale
‘Empurrado’ para esta leitura - há muito adiada - pelo volume inicial de Raven, começo este texto com as palavras com que terminei aquele: ‘já li Long John Silver e estou completamente rendido ao talento de Lauffray e Dorison. Como pude deixar passar tanto tempo sem o ler, como é que até agora nenhum editor português lhe pegou?’
[Porque,
para além da grande qualidade intrínseca da obra, parece-me que a
proximidade à obra de Stevenson pode potenciar a sua vertente
comercial...]
Eu
- como muitos leitores, de muitas gerações - li A
Ilha do Tesouro,
o clássico - do final do século XIX! - de Robert Louis Stevenson em
várias versões: a juvenil, a original, em (várias) adaptações
aos quadradinhos - incluindo a de Fernando Bento… E - como muitos,
acredito - se numa primeira fase aderi ao lado ‘bom’ e ‘heróico’
do jovem Jim Hawkins, com o passar do tempo - e da idade… - fui
cada vez mais seduzido pelo seu verdadeiro protagonista, o ardiloso
Long John Silver…

Na
base desta abordagem singular, está um enredo com pontos de contacto
com a obra de base, a procura de um tesouro fabuloso distante, e nele
reencontramos, para além do protagonista que lhe dá título, o Dr.
Livesey - que até desempenhará um papel crucial - e alguns dos
companheiros originais de Silver.

Disposta
a enfrentar por uma vez os fantasmas que a atormentam - que
descobriremos muito mais à frente no relato - a jovem lady Vivian
Hastings contacta o antigo pirata para embarcar com ela e a
desembaraçar definitivamente do marido e das suas amarras. Como
pagamento,
receberá uma parte do fabuloso tesouro que aquele terá encontrado
na América Central, onde antes já tinam andado os conquistadores
espanhóis.

Guiados
com mestria por uma história com muitas surpresas, com diálogos
assertivos e uma grande coerência, após um primeiro tomo de cariz
‘tradicional’, Lauffray aos poucos vai-se soltando e
deslumbra-nos com uma planificação a que só termos como grandiosa,
explosiva ou fascinante (outra vez, sim) fazem justiça. Nela,
sucedem-se as vinhetas de grande dimensão - que atingem mesmo as
duas páginas, sequências encadeadas sobre uma ilustração maior,
uso variado, nas formas e dimensões, das vinhetas e uma invulgar
capacidade narrativa gráfica que urge descobrir ou rever, quer na
representação da velha Inglaterra, quer nas fabulosas sequências
marítimas, quer na representação da exótica selva em que a
narrativa se conclui.
Nota
final
Li
Long
John Silver na
sua versão integral, um calhamaço
de quase 300 páginas, de leitura densa e irresistível, que termina
com um imponente e magnífico caderno gráfico de mais de meia
centena de páginas (!). Demasiadas, dirão
com certeza - e com alguma razão - alguns, mas um complemento que me
fez render - ainda mais - à arte de Lauffray.
Long
John Silver Intégrale
Xavier
Dorison e Mathieu Lauffray (argumento)
Mathieu
Lauffray (desenho)
Dargaud
França,
2015
240
x 320
mm, 272
p.,
cor, capa dura
ISBN:
9782205075359
39,00
€
(imagens
disponibilizadas pela Dargaud;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Bom dia,
ResponderEliminarPor acaso histórias/series de piratas/corsários/marinheiros é algo que falta no panorama editorial de BD em Portugal. Assim de memória, as primeiras histórias que li do género foram as do Sandor, na revista Falcão. Depois, já na revista Tintin, o Howard Flynn do W.Vance. E parece-me que pouco mais houve além do Cori de Bob de moor e do Barba Ruiva. Recentemente só mesmo Os Passageiros do Vento, mas que podem ser enquadradas noutro estilo. Era bom que essas series que refere, Long John Silver e Raven fossem editadas em Portugal. Cumprimentos. António Vasques
Boa tarde.
ResponderEliminarApoio a 100%, Unknown.
Tenho esta edição integral em castelhano da Norma, não tem esses extras todos mas também é mais barata, custa 30€ e vale-os bem!
ResponderEliminarExcelente obra!
Se vão editar estória de Piratas, o Barracuda não pode ficar de fora, é excelente.
ResponderEliminarCom argumento de Dufaux e arte do Jérémy de Heliopolis.
https://www.bedetheque.com/serie-25441-BD-Barracuda-Jeremy.html
Esta m€rd@ é mais estimulante do que o Game of Thrones e melhor deenhada.