“Diz-se
que a realização de um homem passa por três aspectos: plantar uma
árvore, escrever um livro e ter um filho. Saltando a questão da
árvore, escrever, depois (ou a par) de várias experiências,
tenho-o feito regularmente aqui, nas páginas do JN, não livros, mas
sobre livros que li e tenho a oportunidade de partilhar…
O
filho, nasceu há dias. E é a ti, Daniel, que dedico este texto.
Espero que a leitura dos livros que vou destacando, te dê pelo menos
tanto prazer como deu a mim, te faça transpor fronteiras, desbravar
horizontes e despertar a imaginação, num tempo em que a leitura é,
infelizmente, uma actividade cada vez menos praticada.”
Foi assim que, há 18 anos, concluí no Jornal de Notícias, em jeito de post scriptum, um texto sobre “La frontiére invisible”, de Schuiten e Peeters.
Foi assim que, há 18 anos, concluí no Jornal de Notícias, em jeito de post scriptum, um texto sobre “La frontiére invisible”, de Schuiten e Peeters.
Entretanto,
passaram (a correr) 18 anos. A
árvore continua(rá) por plantar, livros (ainda?) não escrevi - mas
tive a honra de prefaciar alguns, o privilégio de escrever sobre
centenas de outros, no
Jornal de Notícias, aqui, em
As Leituras do Pedro
e
um pouco por muitos sítios -
e o (primeiro) filho, tu,
Daniel, a
partir de hoje,
já és
(oficialmente) adulto - embora já o sejas
em muitos aspectos e ocasiões há
bastante mais tempo
- sem teres
deixado de ser, outras tantas, um menino. Um bom menino, um bom
filho. (Mais d)o que o filho que sonhei.
Em
18 anos, li-te
muitos livros, partilhei outros contigo,
alguns foste
tu que
me emprestaste,
me convenceste
a espreitar.
Juntos ou em separado, viajámos, descobrimos, corremos, saltámos,
jogámos,
aprendemos,
reflectimos, fizemos
tanta coisa...
Contigo,
também, descobri muito - e
recordei tanto! - para
além dos livros: o basquetebol - zangavas-te
comigo se não o citasse aqui… - as brincadeiras (reinventadas)
que
tinham
sido minhas,
os comboios que tantas vezes vimos e com que nos
divertimos,
o bem-sucedido progresso escolar, já uma longa vida inteira, com
muitos
passos em frente - e um ou outro tropeção… - ainda
com tanto para ser e
viver.
E idealizar. E concretizar. E ler...
Depois
de tantos sonhos e projectos, os teus
18
anos, Daniel, (afinal)
vão
ser passados em casa, neste tempo de confinamento, de clausura. Da
melhor maneira, porque vamos estar juntos, em
família, como
contigo
também aprendi.
Estes
estranhos 18 anos - o momento, nunca a sua soma de dias - não
serão nunca
-
não podem ser! - um momento de tristeza,
de desânimo ou desilusão;
devem ser - contigo,
Daniel, vão
ser, de certeza! -
um ponto de partida para
novas vivências conjuntas, novas descobertas,
novos sonhos, novas fantasias, novas realizações, para uma (nova)
vida inteira, em tudo diferente, com tanto em comum.
E
tantos livros para leres!