Disseram-me antecipadamente que este era o melhor volume de Criminal.
Neste momento, não consigo confirmar.
Nem desmentir. Precisarei de algum
distanciamento e que passe algum tempo, para repetir leituras e poder
comparar. Embora, com sinceridade, esteja pouco interessado numa
análise racional dos volumes Dois
e Três
da série porque, o que realmente me interessa, é que ambos - Dois
e Três,
portanto - me proporcionaram excelentes leituras.
No volume anterior, gostei especialmente da
forma como as diversas histórias incluídas no volumes se
entrecruzavam e como as personagens - mais ou menos relevantes - iam
entrando e saindo das diversas cenas.
Agora, se voltamos a reencontrar alguns dos participantes dos relatos
anteriores, com (o recorrente) Tracy Lawless em destaque, a verdade é
que as duas narrativas longas incluídas neste volume são (mais)
estanques e independentes. E podem ser lidas como tal, sem grande
prejuízo.
O que não invalida, longe disso, possivelmente até potencia, que
sejam duas excelentes narrativas, no universo que já (re)conhecemos
- o policial negro em que Brubaker e Philips se movem exemplarmente -
e com todos os atributos que já esperamos em Criminal:
violência, imoralidade, traição, chantagem, mortes…
...e a
sombra do passado
de cada um - o que fizeram de mal, o que deixaram de fazer de bem,
o que foram obrigados a fazer… - a
pesar, a influenciar, a coagir, a empurrar sempre em direcção ao
abismo pessoal que, passo a passo, parece mais largo, mais fundo,
mais irresistível…
Graficamente, se todos sabemos o (muito) que
Sean Phillips nos oferece,
o segundo relato - O
último dos inocentes -
revela um curioso e apetecível traço cartoonesco que serve de
marcador às cenas da adolescência - (mais) inocente - dos
protagonistas, em claro - e chocante? - contraste com o negrume e a
dureza do presente de cada um, onde termos como (aquela) inocência,
perdão ou segunda oportunidade dificilmente fazem sentido.
São,
tenho que reforçar, histórias negras e violentas, mas também
cativantes e impossíveis de deixar a meio, protagonizados (quase
exclusivamente) por gente desesperada a quem só restam duas saídas:
o assumir da impotência e o arcar das consequências ou decidir
lutar, contrariar, tomar a iniciativa, que é o mesmo que dizer dar o
passo em frente.
Criminal Livro Três
Ed
Brubaker
(argumento)
Sean
Phillips (desenho)
G.
Floy
Portugal,
2020
190
x 280
mm, 264
p., cor, capa dura
28,00
€
(imagens disponibilizadas pela G. Floy; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
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