Uma leitura desta edição de Maus, sem outra informação
adicional, pode em alguns momentos sugerir que o livro tem uma má tradução ou
revisão, ou ambas. No entanto, esclarecemos que esta questão não se prende com
falhas na tradução ou na revisão do texto.
À semelhança do texto original de Art Spiegelman, seguimos
nesta tradução o critério de manter um desvio das falas do personagem Vladek
Spiegelman ao inglês padrão. Vladek Spiegelman é um polaco idoso e emigrante,
terá pois começado a falar inglês quotidianamente já depois de adulto, pelo que
muitas vezes não fala com inteira correcção gramatical e sintáctica. A excepção ao
desvio acontece quando a voz Vladek Spiegelman surge nas recordações da sua
juventude já que nesses momentos, o personagem Valdek fala com fluência por
supostamente estar a expressar-se na sua língua de origem. O desvio atrás
referido é não só intencional como também, na perspectiva do autor, uma
característica inalienável e integrante da personagem, e por isso é exigência
do autor que se mantenha em todas as traduções.
(Texto da responsabilidade da Bertrand Editora, com adaptação para a grafia pré-Acordo ortográfico da responsabilidade de As Leituras do Pedro, que o publicam por solicitação da editora)
E ainda bem que é assim porque o grande defeito da primeira edição portuguesa era precisamente esse: o de não respeitar a vontade e intenção do autor. Aliás, nem chegava a ser um defeito para um leitor português normal, isto é, um leitor que não tivesse acesso à edição original em língua inglesa, porque, precisamente por isso, não saberia que essa falta grave era cometida. O facto de a Bertrand sentir necessidade de explicar essa particularidade aos leitores portugueses revela bem um interessante paradoxo cultural português.
ResponderEliminarCaro Miguel Moreira,
EliminarSubscrevo o seu comentário.
A Bertrand sentiu necessidade de fazer este esclarecimento porque havia queixas sobre a qualidade literária, digamos assim, da tradução...
Boas leituras... bem traduzidas!