19/06/2014

S.












As memórias são como as cerejas: quando se evoca uma, nunca se sabe quantas mais vêm juntas.
Gipi, prova-o – também em BD – num livro em que narra diferentes momentos da vida do seu pai.
A minha leitura de S., já a seguir.


Magnífico escritor, capaz de evocar emoções e sentimentos como poucos, Gipi deixa aqui a narrativa correr ao ritmo das suas próprias lembranças, misturando, combinando, confundindo (?) episódios (consoante as versões das fontes que lhos contaram).
Por isso, ao longo do livro, uma e outra vez, vai-nos expondo – avançando, compondo, completando - a vez em que, ainda adolescente, o pai e o tio foram presos e ele ficou sozinho com um primo numa pequena ilha privada; narra-nos o episódio do bombardeamento da sua aldeia natal durante a II Grande Guerra; fala da relação (atípica) da mãe e do pai; refere, brevemente, alguns episódios da sua juventude.
E avança e recua, e acrescenta e altera, e compõe e contradiz, conforme as memórias lhe surgem (?), alinhando com o seu traço fino e delicado e as suas cores suaves, um relato intimista e sensível, mas sóbrio, sob a aura da imagem do pai, recém-falecido à data em que S. foi criado.

S.
Gipi
Futuropolis
França
5 de Maio de 2014
195 x 265 mm,
112 p., cor, cartonado, 18,00 €


2 comentários:

  1. Convirá talvez dizer que se trata de uma reedição de um belo livro da Vertige Graphic/Coconino Press...

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    1. Sim, caro RC, este livro é uma reedição, parte da recuperação alargada que a Futuropolis está a fazer das obras de Gipi.
      Que, diga-se a propósito, tem editado em português O Local, pela BDMania.

      Boas leituras!

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