Todos a conhecem como Marvel Comics, mas antes disso também foi Timely Comics e Atlas. A maior editora de super-heróis faz 75 anos neste mês de
Outubro.
Alguns detalhes já a seguir.
A aventura começou em 1939, quando Martin Goodman
(1908-1992) – já editor de revistas pulp – decidiu apostar num segmento em
expansão: os comic books, onde se destacavam a Action Comics e a Detective
Comics, em que tinham nascido Superman (1938) e Batman (1939), respectivamente.
Dessa forma, em Outubro de 1939, a nova editora Timely
Comics lançava o número 1 da revista Marvel Comics, com Namor, o príncípe
submarino, de Bill Everett, e a estreia do Tocha Humana – na época um andróide
desenvolvido por um cientista, com a capacidade de se envolver com chamas – de Carl
Burgos.
Logo no segundo número a revista passou a Marvel Mistery
Comics e em breve, com a entrada de Joe Simon e Jack Kirby, surgiram novos
heróis como o Capitão América, em 1941, na sua própria revista, que rapidamente
atingiu tiragens de um milhão de exemplares.
Uma outra contratação decisiva para o sucesso futuro,
aconteceu ainda em 1939, quando Goodman trouxe para o auxiliar no escritório o
primo da sua esposa, Stanley Lieber que dois anos depois se tornaria editor
provisório de BD.
Com o pseudónimo de Stan Lee, manteve essa posição durante
décadas e, nos anos 60, seria o grande responsável – ao lado de Jack Kirby,
Steve Ditko e outros – pela renovação da indústria de super-heróis, quando os
dotou de grandes poderes, grandes responsabilidades e… grandes problemas
pessoais, aproximando-os dos cidadãos comuns.
O Quarteto Fantástico, Hulk,
Homem-Aranha, Daredevil, Surfista Prateado, X-Men ou Thor foram algumas das
suas criações que mantêm um lugar de destaque até aos nossos dias.
Antes, com a queda da popularidade dos super-heróis no
pós-II Guerra Mundial, a Timely Comics, seguindo as tendências do mercado
dedicou-se a outros géneros de BD: terror, western, humor, policial, guerra,
etc. Isso não impediu que a editora passasse por tempos difíceis, que levaram
mesmo à mudança de nome para Atlas, que se manteria até à década de 1960,
quando o estrondoso sucesso dos novos super-heróis levou à mudança para Marvel
Comics.
Desde então, com altos e baixos, provocadas por estreias,
renovações, grandes artistas, crises financeiras e mudanças editoriais e de
proprietário, a Marvel tem dominado o mercado de super-heróis em concorrência
directa com a sua rival DC Comics, competição que se estendeu à animação, ao cinema
e às edições digitais.
O sucesso das recentes transposições dos super-heróis dos
quadradinhos para o grande ecrã levou mesmo a Walt Disney Company a comprar a
Marvel Comics, em 2009, por 4 mil milhões de dólares, para uma maior exploração
deste segmento, potenciada pelos avanços tecnológicos que a indústria
cinematográfica tem vivido.
Nos Estados Unidos, a efeméride está a ser assinalada de
diversas formas, entre elas capas especiais nas revistas regulares e a edição
de Marvel 75th Anniversary Omnibus, um volume com 1000 páginas e 3 quilogramas
de peso que contém algumas das histórias mais marcantes da história da Marvel,
seleccionadas por uma votação dos fãs.
Se o grande negócio dos super-heróis passa hoje pelo cinema,
é nos quadradinhos que continuam a ser desenvolvidas as histórias que mais
tarde são transpostas para o grande ecrã. Em Portugal, depois de anos de
importação de revistas brasileiras, as bandas desenhadas da Marvel passaram
peloscatálogo da Agência Portuguesa de Revistas, Distri Editora, Abril/Morumbi
e Devir, sendo actualmente distribuídas no nosso país pela Panini Comics as
revistas mensais Vingadores, X-Men e Homem-Aranha Superior.
(Versão revista e aumentada do texto publicada no Jornal de
Notícias de 13 de Outubro de 2014)
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