A leitura do Tarzan de Manning, hoje em dia, revela a mesma
capacidade de encantar, surpreender e entusiasmar de quando foi publicado pela
primeira vez. Mas é isso que se espera de um clássico.
Um herói assumido, a viver num mundo exótico (a selva
africana), que serve de porta de entrada em lugares ainda mais misteriosos e extraordinários,
uma sólida galeria de coadjuvantes, belas e sensuais mulheres, homens
musculosos, seres semi-selvagens e bestiais, animais ferozes e o toque
fantástico de mundos perdidos, no espaço e no tempo, são os principais
ingredientes, a par de um traço atraente, realista, legível, anatomicamente
excelente e incrivelmente dinâmico. O equilíbrio entre o relato de aventura
pura, as cenas familiares e os apontamentos da vida quotidiana na selva, são
outros factores a ter em conta.
Apesar de tudo isto, acredito que para uma completa fruição
destas aventuras do senhor da selva, é necessário tê-las lido na adolescência
para poder juntar à experiência de leitura que Manning nos proporciona, a
memória – ou nova vivência? - do entusiasmo juvenil que então experimentamos, da
adrenalina a correr livremente em nós ao lado de Tarzan e Korak, lutando pela
vida frente aos animais selvagens ou aos brancos interesseiros ou para
restabelecer precários equilíbrios, como ele apaixonado por Jane, mas também
por La, a sumo-sacerdotisa de Opar, e por muitas outras belas mulheres com que
Manning (n)os presenteou…
Por que, só assim, reencontraremos as frases que decorámos,
as cenas que vivenciámos uma e outra vez, os sustos que apanhámos, os perigos
que (também) enfrentámos, os vilões que (também) derrotámos e que nos virão
surpreender, saídos do recôndito das nossas memórias, de recantos que não
sabíamos sequer que existiam. E que fazem de nós, pelo tempo de uma nova
leitura, de novo adolescentes a fremir de emoção, até voltarmos a última página.
Para, uma vez saídos do encantamento, lamentarmos que o belo
trabalho de restauração/edição levado a cabo por Manuel Caldas – em paralelo
nesta e noutras séries – não seja compatível com edições mensais – pelo menos…
Tarzan - Planchas Dominicales
#2: Las Brumas de Opar
Russ Manning
Libri Impressi
Espanha, Janeiro de 2015
230 x 315 mm, 64 p., pb, brochada
18,50 €
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