Se há dias, quando
destaquei Tarzan, baseei a minha leitura na emoção, na do Príncipe Valente
é a razão que prevalece.
Curiosamente descobri e li ambos sensivelmente na mesma
altura – possivelmente até descobri primeiro o herói de Foster, nas páginas de O Primeiro de Janeiro que os meus avós
compravam. Apesar disso, por razões que possivelmente só a emoção explicará,
rendi-me ao homem-macaco e li então sem especial paixão as andanças do
cavaleiro da corte do Rei Artur, ambos recorrentes nas páginas do Mundo de Aventuras.
O regresso a ambos – potenciado pelo magnífico trabalho de
restauração de Manuel Caldas, e nunca é demais lembrá-lo - se fez renascer em
mim as emoções que Tarzan me provocava, fez explodir perante os meus olhos e o
meu cérebro a qualidade superlativa da obra de Foster.
É verdade que não me arrebata como as idas de Tarzan à
cidade perdida de Opar, os seus encontro com os homens-formiga, os confrontos
com os animais enfurecidos da selva ou os momentos de ternura e paixão com
Jane, mas a forma como preenche o meu intelecto, a indiscutível qualidade
literária da obra, a sua grandiosidade barroca, o traço fino, detalhado,
determinado e magistral de Foster, a forma como ao longo de milhares de páginas
manteve sempre acesas as chamas da aventura, da humanidade e do humor, a
mestria com que alterna o protagonismo de Valente, Aleta, Arn e alguns outros,
a invulgar capacidade de saltitar entre registos narrativos, da aventura pura
àquela motivada pela defesa da honra, de episódios históricos para cenas
irreais, de duros confrontos para ternas cenas familiares, como dota de
humanidade, sinceridade e realismo cada uma das suas personagens, como quebra
com um toque de humor, uma chamada de atenção ou um aparte relatos que podiam
tornar-se um pouco mais pesados, comprova, reafirma, confirma a vasta saga do
Príncipe Valente como uma das grandes criações clássicas aos quadradinhos do
século XX e evidencia à saciedade que a sua leitura mantém, hoje, intactas, todas
as qualidades existentes no momento em que Foster a criou...
…mesmo que, apesar do que no início defendi, este longo
parágrafo anterior, escrito de uma assentada, ao correr dos dedos pelo teclado,
deixe no ar a sensação de que, afinal, na leitura do Príncipe Valente, também a
emoção toldou e suplantou a razão!
Principe Valiente
1957-1958 - El Honor del Traidor
1959-1960 - El Santo e el Ogro
Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas (restauro)
La Imprenta
Uruguai, Dezembro de 2015
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €
Somos um povo martirizado!
ResponderEliminarE porquê este desabafo?
O MC iniciou um projecto (em conjunto ou não, não me vou alongar com isso) e devido a problemas, o projecto foi por água abaixo.
Os 'hermanos do lado' aproveitam. E quem quiser continuar a adquirir a série na versão fantástica do MC, terá de adquirir e ler em espanhol....
... um pequeno sacrifício (para alguns) que vale completamente a pena, pco69!
EliminarBoas leituras!
Tiene usted entera razón en todo lo que dice, querido Pedro Cleto.
ResponderEliminarViva el Príncipe Valiente (de Foster), y vivan los tebeos.
Y Manuel Caldas, al menos mientras no se completa la colección.
Y más aún porque hay otras colleciones para (empezar e) terminar! ;)
ResponderEliminarBuenas lecturas!