15/03/2016

Astronauta: Singularidade








“A maioria das pessoas imagina o espaço como um imenso vazio. Eu o vejo como ele é: um lugar repleto de descobertas para serem feitas.”
Astronauta, de Danilo Beyruth

Assim, o espaço é como o(s) universo(s) criado(s) por Maurício de Sousa: lugares repletos de descobertas para serem feitas – embora não sejam/nunca tenham sido “um imenso vazio”, mas sim um lugar – vários lugares - onde convivem dezenas de personagens ricas e multifacetadas, à espera de serem descobertas.
São “os brinquedos de Maurício” – para citar o prefácio do próprio – de que, felizmente, em boa hora, decidiu abrir mão – pelo tempo de uma história/de um livro – para emprestar a outros criadores talentosos que tinham já imaginado outros mundos estimulantes e agora brincam com os de Maurício, distorcendo, esticando, comprimindo, explorando-os sob diversos prismas, janelas e ângulos para no-los revelarem novos, desafiadores, surpreendentes, ricos e transbordantes.

Singularidade começa onde tinha terminado Magnetar, com o Astronauta a recuperar dos cinco meses de solidão vividos no espaço. Submetido a testes, terapia e avaliação, contrariado pela paragem forçada longe do ‘seu espaço’, vê numa nova missão ao interior de um buraco negro a oportunidade de voltar ao “imenso vazio (…) repleto de descobertas para serem feitas”.
Só que essa missão tem um preço – alto - para o Astronauta: a companhia de um dos astronautas norte-americanos que o salvaram e também da psicóloga que o avalia – e com quem (inconscientemente?) começa a estabelecer uma relação mais próxima do que deseja (perceber?).
Por isso, o tempo de descoberta, a par do espaço (exterior), sê-lo-á também no seu eu (interior) e levá-lo-á a compreender que – como disse John Donne – “nenhum homem é uma ilha isolada” – embora muitas vezes esse isolamento interior seja necessário ou mesmo indispensável – e é na perda dessa ‘insularidade interna’ que se encontram as respostas a que obrigam traumas antigos – como a separação de Ritinha… – e dúvidas recorrentes, para o reencontrar do indispensável equilíbrio ou para (abrir a porta ou) construir novos equilíbrios.
... ou para compreender que, nalguns casos – de surpreendente singularidade – esses traumas antigos e essas dúvidas recorrentes são fundamentais para o indispensável equilíbrio.

Astronauta: Singularidade
Colecção Graphic MSP
Danilo Beyruth (argumnto e desenho)
Chris Peeter (cor)
Panini
Brasil, Dezembro de 2014
190 x 275 mm, 80 p., cor
Capa dura: R$ 29,90
Capa mole: R$ 19,90

4 comentários:

  1. Reignfire15/3/16 16:26

    Pergunto-me se os irão sair cá nas bancas mais graphic novels MSP.

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    1. Desta coleção (Graphic MSP) só vi um à venda no Corte Ingles do Porto em dezembro de 2015 (salvo erro). Era o Monica - Laços.

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    2. Reignfire16/3/16 14:36

      O Astronauta 1 também chegou a sair e passado um tempo foi redistribuído.

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    3. Sim, infelizmente só saíram esses dois...
      Boas leituras!

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