Não
é um tema original, já foi igualmente explorado em obras notáveis
mas esta divagação negra e dura sobre o que aproxima mais o Batman
e o Joker ser maior do que aquilo que os afasta, é uma boa proposta
de leitura.
Cavaleiro
Branco
é uma história sobre identidade(s),
sobre planos e ambições, sobre uma relação de amor e ódio, acima
de tudo um conto sobre a forma como a paixão por uma cidade pode
mudar as pessoas - ou não. E que apresenta um duo de protagonistas
constituído por três pessoas.
Relativamente a esta última frase - que foi ‘relida e aprovada’ antes de aqui ser publicada - vou deixar à vossa curiosidade descobrirem o que a motivou. Porque - e não vou adiantar mais nada - nem sempre numa história os protagonistas são quem mais aparece nem quem está à vista de todos e (aparentemente) faz a história desenrolar-se.
Relativamente a esta última frase - que foi ‘relida e aprovada’ antes de aqui ser publicada - vou deixar à vossa curiosidade descobrirem o que a motivou. Porque - e não vou adiantar mais nada - nem sempre numa história os protagonistas são quem mais aparece nem quem está à vista de todos e (aparentemente) faz a história desenrolar-se.
Este
é um conto fechado, que integra o selo Black Label da DC Comics,
criado para publicar mini-séries originais ou contos já publicados
noutros selos da editora, que se distingam por não estarem presos à
cronologia oficial do universo DC e se destinarem a um público mais
adulto. Por isso, à imagem de vários relatos
de
anos (mais ou menos) recentes, contem com violência física (mais)
explícita e um tom geral bem
duro e negro. Esse é um dos grandes trunfos desta obra de Sean
Murphy, a forma como consegue
manter, ao longo de mais de 200 páginas, sempre um tom opressivo,
pesado, sem nunca dar ao leitor, nem por breves momentos, a
oportunidade de tirar a cabeça
de debaixo de água e respirar uma boa golfada de ar.
No
seu arranque, está a transformação do Joker em Jack Nappier e a
cruzada que este encabeça para libertar Gotham City da corrupção,
da opressão policial e, por arrastamento, dos métodos pouco claros
e à margem da lei do Batman.
Uma
série de acontecimentos bem orquestrados, que passam pela
constituição anónima de um bando às suas ordens com todos os
super-criminosos de Gotham, a par de uma conseguida manipulação da
opinião pública, parece indiciar que Nappier conseguirá o seu
objectivo.
Murphy,
com um traço agreste, muito expressivo, de grande dinamismo mas nunca bonito - portanto perfeitamente em linha com todo o relato - apesar de nos proporcionar
algumas pranchas soberbas (também) graças à parceria com as
magníficas cores de Matt Hollingsworth, desenvolve uma narrativa em
crescendo, com o habitual protagonista a cair do alto do seu pedestal
até quase bater no fundo, antes de conseguir a inevitável (mas
questionável) redenção
- cujos méritos serão menos seus do que de interposta pessoa - para
nos mostrar que até o Joker tem momentos de assustadora lucidez mas
que, mais do que isso, a loucura muitas vezes assoberba e controla um
Batman assombrado
pelo
seu passado: o que os seus pais foram, a morte deles,
as suas opções de
vida,
as
perdas que sofreu, as vítimas que causou, a
obsessão pela solidão como
forma de catarse - ou de auto-punição...
Batman:
Cavaleiro Branco
Sean
Murphy
Levoir
Portugal,
16 de Maio de 2019
170
x 257 mm, 232 p., cor, capa dura
25,90
€
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar"No seu arranque, está a transformação do Joker em Jack Nappier e a cruzada que este encabeça para libertar Gotham City da corrupção, da opressão policial e, por arrastamento, dos métodos pouco claros e à margem da lei do Batman."
ResponderEliminarÉ interessante ver que o Jack Napier era o gangster que se transformou no Joker no Batman do Tim Burton.
O Sean Murphy muito bem, volta a esse nome para criar um Joker que deixa de ser Joker, o que é interessante e surpreendente porque a maior parte dos fãs não gostam deste ponto no Batman de 1989.
ab
Está previsto a continuidade do Kick-ass?
ResponderEliminarSean Murphy e basta!
ResponderEliminarFrancamente já gostei mais do Sean Murphy, agora parece-me demasiado semelhante aquilo que o John Romita JR faz agora, aquelas linhas todas... mas isto é um livro do pinóquio? aquelas caras são deformadas e os movimentos dignos de uma pantomina, apesar de menos cartoonesco do que o JRJR.
ResponderEliminarSim, eu já tinha lido esta obra em inglês.
É verdade que o argumento é decente, dark, acima da média do que aparece em mainstream mas aquela arte não se coaduna com o tom.
No Punk Rock Jesus havia uma faceta de sátira em que os desenhos casavam bem, aqui considero que não.
Penso que o magnum opus do Sean até à data é o Joe the Barbarian e já devia ter saído por cá.