07/05/2019

Largo Winch: Contradança/20 segundos

Despedida






Último díptico completo (até agora) de Largo Winch, Contradança/20 segundos fica marcado pela despedida de Jean Van Hamme da série, enquanto argumentista das bandas desenhadas que adaptam os seus próprios romances e também por duas características que de certa forma o distinguem dos restantes livros da série.
A primeira, tem a ver com a sua temática mais actual.
Para quem leu a colecção de seguida, houve certamente neste volume uma maior sensação de proximidade, uma vez que a trama - que em boa verdade não difere muito de outros álbuns da série - se centra em (mais) um ataque ao Grupo W e ao seu titular, desta vez levada a cabo por uma célula terrorista jhiadista aliada a um oligarca (mafioso…?) russo - e alguém mais! A sensação é natural, dado que as edições originais datam de 2014/2015 e são mais próximas de nós no tempo que as anteriores.
A segunda carecterística distintiva está ligada aos seus protagonistas.
Em termos de desenvolvimento, este díptico apresenta a curiosidade de Largo Winch, geralmente protagonista de primeiro plano e condutor da acção, surgir como pouco mais do que figurante, com tudo a acontecer a desenrolar-se à sua volta mas (quase) sem a sua intervenção. Os acontecimentos são, assim, provocados quer por aqueles que o querem destruir, quer pelos seus aliados/amigos naturais, entre os quais se contam uma mão (bem) cheia de protagonistas (mais ou menos) recorrentes como Domenica, Cochrane, Penny, Silky, Simon… com os passados de alguns deles a virem ao de cima e a influenciarem claramente o presente do relato e até a desvendarem
Este aspecto, inovador em relação ao historial da série, acaba por contribuir para tornar a narrativa mais interessante e diversificada e aporta-lhe mesmo alguma inovação, contrariando algum cansaço que se sentia nos tomos anteriores.
Mais a mais, se lidos de seguida como permite uma colecção deste género, que anula o espaçamento temporal inerente a uma série destas, embora seja verdade que essa leitura transmite uma melhor ideia global do seu conteúdo e da sua estrutura.

Nota 1
A questão é legítima: teria feito mais sentido terminar a colecção ASA/Público neste volume?
A favor, o facto de ser, como já foi dito, a última história completa da série.
Contra, o facto de a exclusão do volume final, A Estrela da Manhã, impedir a edição integral de Largo Winch nesta iniciativa e de a sua trama ser de alguma forma a continuação do díptico anterior.
Obviamente, a questão não faria qualquer sentido, se fosse expectável que a ASA - a solo ou em parceria com o jornal Público - fosse editar a continuação de A Estrela da Manhã, assim que ela for disponibilizada no país de origem. O respeito pelos leitores deveria fazer com que isso fosse uma realidade, mas os exemplos anteriores - Thorgall, IR$… - não são de molde a alimentar (grandes) expectativas…

Nota 2

Ainda em relação à 'polémica' das capas. A ficha técnica deste álbum refere que o seu título original é Largo Winch - Dyptiques 10, logo é natural que a capa utilizada seja a mesma d(est)a colecção original...

Largo Winch #10/#20
Contradança/20 segundos
Jean Van Hamme (argumento)
Philippe Francq (desenho)
ASA/Público
Portugal, Novembro de 2018
235 x 310 mm, 96 p., cor, capa dura
11,90 €

(capa disponibilizada pela editora portuguesa; pranchas disponibilizadas pela editora original; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

1 comentário:

  1. Saíram dois livros da editora planeta. Star wars 6 e outro toca a descobrir...

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