Último
díptico completo (até agora) de Largo Winch, Contradança/20
segundos fica
marcado pela despedida de Jean Van Hamme da série, enquanto
argumentista das bandas desenhadas que adaptam os seus próprios
romances e também por duas características que de certa forma o
distinguem dos restantes livros da série.
Para
quem leu a colecção de seguida, houve certamente neste volume uma
maior sensação de proximidade, uma vez que a trama - que em boa
verdade não difere muito de outros álbuns da série - se centra em
(mais) um ataque ao Grupo W e ao seu titular, desta vez levada a cabo
por uma célula terrorista jhiadista aliada a um oligarca (mafioso…?)
russo - e alguém
mais! A sensação é natural, dado que as edições originais datam
de 2014/2015 e são mais próximas de nós no tempo que as
anteriores.
A
segunda carecterística distintiva está ligada aos seus
protagonistas.
Em
termos de desenvolvimento, este díptico apresenta a curiosidade de
Largo Winch, geralmente protagonista de primeiro plano e condutor da
acção, surgir como pouco mais do que figurante, com tudo a
acontecer a desenrolar-se à sua volta mas (quase) sem a sua
intervenção. Os acontecimentos são, assim, provocados quer por
aqueles que o querem destruir, quer pelos seus aliados/amigos
naturais, entre os quais se contam uma mão (bem) cheia de
protagonistas (mais ou menos) recorrentes como Domenica, Cochrane,
Penny, Silky, Simon… com os passados de alguns deles a
virem ao de cima e a
influenciarem claramente o presente do relato e até a desvendarem
Este
aspecto, inovador em relação ao historial da série, acaba por
contribuir para tornar a narrativa mais interessante e diversificada
e aporta-lhe mesmo alguma inovação, contrariando algum cansaço que
se sentia nos tomos anteriores.
Mais
a mais, se
lidos de seguida como permite uma colecção deste género, que anula
o espaçamento temporal inerente a uma série destas, embora seja
verdade que essa leitura transmite uma melhor ideia global do seu
conteúdo e da sua estrutura.
Nota 1
A
questão é legítima: teria feito mais sentido terminar a colecção
ASA/Público neste volume?
A
favor, o facto de ser, como já foi dito, a última história
completa da série.
Contra,
o facto de a exclusão do volume final, A
Estrela da Manhã,
impedir a edição integral de Largo Winch nesta iniciativa e de a
sua trama ser de alguma forma a continuação do díptico anterior.
Obviamente,
a questão não faria qualquer sentido, se fosse expectável que a
ASA - a solo ou em parceria com o jornal Público - fosse editar a
continuação de A
Estrela da Manhã,
assim que ela for disponibilizada no país de origem. O respeito
pelos leitores deveria fazer com que isso fosse uma realidade, mas os
exemplos anteriores - Thorgall, IR$… - não são de molde a
alimentar (grandes) expectativas…
Nota 2
Ainda em relação à 'polémica' das capas. A ficha técnica deste álbum refere que o seu título original é Largo Winch - Dyptiques 10, logo é natural que a capa utilizada seja a mesma d(est)a colecção original...
Largo
Winch #10/#20
Contradança/20
segundos
Jean
Van Hamme (argumento)
Philippe
Francq (desenho)
ASA/Público
Portugal,
Novembro de 2018
235
x 310 mm, 96 p., cor, capa dura
11,90
€
Saíram dois livros da editora planeta. Star wars 6 e outro toca a descobrir...
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