25/03/2020

Uderzo, visto pelos outros






São muitos - e justificados - os ecos e homenagens a propósito da partida de um dos grandes artistas que a banda desenhada conheceu.
As Leituras do Pedro deixam-lhe aqui quatro depoimentos, feitos em exclusivo para um artigo publicado hoje no Jornal de Notícias, e alguns cartoons recolhidos no Facebook.

Maria José Pereira
tradutora e ex-editora de Astérix
Quando, em 1986, comecei a trabalhar mais activamente na edição, os direitos da série Astérix estavam divididos por duas editoras: a Meribérica e a Verbo. Nessa altura, Portugal acompanhava o que acontecia em França, onde os direitos se encontravam divididos entre a Dargaud e a Les Editions Albert René. A Meribérica conseguiu reunir os direitos da totalidade da série em 89-90 e foi nos anos 90 que conheci o Sr. Uderzo.
Era uma pessoa extremamente simples e de uma amabilidade infinita. Mostrava um grande apreço pelo nosso esforço enquanto editores “de um pequeno país” e também pelo trabalho de todos os tradutores mundiais de Astérix; em meados dos anos 2000 reuniu grande parte desses tradutores em Frankfurt, e fez questão de nos oferecer um jantar num restaurante italiano (a sua origem era italiana). Foi superdivertido e bem-disposto. O Sr. Uderzo era daquelas pessoas que não trabalhava (no sentido em que o trabalho implica esforço). Adorava o que fazia, retirava disso um enorme prazer, e tinha sempre presente o amigo René, por quem demonstrava um grande apreço. Penso que, com o desaparecimento de pessoas como o Sr. Uderzo, há uma certa humanidade que devia caracterizar os homens e que aos poucos se esvai.
Estive em Paris, em Abril de 2017, para o seu 90º aniversário. O Sr. Uderzo adoeceu e a festa de aniversário foi cancelada. Na altura, tive a sensação que não voltaria a vê-lo. E foi o que aconteceu, pois já não nos encontrámos nos 60 anos de Astérix.

Flávio Luiz Nogueira

Nuno Plati
desenhador de Métanöide
Morreu um dos últimos gigantes da Banda Desenhada Franco-Belga.
Como para a maioria dos portugueses nascidos entre os anos 70 e 80, o desenho de Uderzo através dos seus personagens mais famosos Astérix e Obélix, é instantaneamente reconhecível.
Nasci em 1975, e desde que me lembro o desenho de Uderzo está presente na minha vida. Tanguy e Laverdure, Humpa-pá e Astérix mostram o monstruoso talento de Uderzo, movendo-se com a mesma facilidade num registo mais ou menos realista e de uma maneira sempre brilhante, ou não fosse Uderzo um dos pilares fundamentais da arte da Banda Desenhada Franco-Belga.

João Diogo

Dário Duarte
autor de A Loja
Uderzo foi um dos gigantes da BD mundial. A sua influência dentro e fora da nona arte é inegável. Era um mestre absoluto do desenho humorístico e realista (faceta menos conhecida do grande público, mas reparem bem nos cenários em Astérix...). Usava a linguagem gráfica única da BD como ninguém. Ferpeitamente!...

Ricardo Leite

José Abrantes
autor de BD
Noticia chocante, não fosse ele imortal! Imagino-o agora junto ao seu melhor amigo!

Luís Louro

(cartoons retirados das páginas de Facebook dos respectivos autores, com a devida vénia;
clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

1 comentário:

  1. Obrigado "As leituras do Pedro" pela partilha destas homenagens. Nunca serão demais para este gigante da BD franco belga. Cumprimentos

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