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30/04/2010

Alix, o intrépido

Jacques Martin (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Abril de 2010)
302 x 225 mm, 64 p., cor, cartonado

Parece resposta ao meu post de há dias, mas é pouco provável que o seja.
De qualquer forma, a notícia é que a partir de hoje está disponível (apenas) nas lojas FNAC uma edição limitadíssima de 300 exemplares da colecção Alix em capa dura, com grafismo igual aos volumes já editados pela ASA.
Serão editados dois álbuns por mês, pela mesma ordem em que estão a ser lançados com o jornal Público. Ou seja, é desde já possível comprar “Alix, o intrépido” e “A esfinge de ouro”, custando cada volume 14,90€.

23/04/2010

Alix – Garra Negra

Jacques Martin (argumento e desenho)
ASA + Público (Portugal, Abril de 2010)
294 x 220 mm, 64 p., cor, brochado com badanas


Resumo

O aparecimento sucessivo de vários nobres romanos paralisados, sem conseguirem falar e vítimas de estranhas feridas, leva Alix, de passagem por Pompeia, a investigar o caso, convencido de que existe mão humana por detrás dos estranhos casos.

Desenvolvimento
Penso que é pacífico afirmar que este álbum marca um ponto de viragem nas aventuras de Alix, após quatro histórias que parecem ter sido escritas ao mesmo tempo que eram desenhadas (embora o álbum anterior, A Tiara de Oribal, já tenha um argumento mais consistente), recheadas de incoerências e situações pouco credíveis. A começar logo na forma como Alix passa rapidamente de escravo a protegido de César. Ou no modo como se desloca velozmente por todo o império romano, encontrando-se sempre face a face com Arbacés, que surge na série como “um inimigo de estimação”, “à la Olrik”.
Em Garra Negra, Martin começa a revelar-se o argumentista exigente que fez a sua fama – a par da sua proverbial minúcia e fidelidade ao contexto histórico que o seu herói frequenta – introduzindo na narrativa uma dimensão trágica, até aí quase ausente.
Que começa por se revelar nos acontecimentos que a despoletam, e que depois surge em pleno, primeiro, na forma como Ícara foi destruída, com base em mal-entendidos – que no entanto mostram como tantas vezes os interesses económicos ou políticos se sobrepõem ao bom senso e à razão – e, depois, no desfecho final com Alix (quase completamente) derrotado e impotente face aos acontecimentos. Como aliás já acontecera na fase inicial do álbum. O que contribuiu para o dotar de uma faceta mais humana até aí pouco visível na série.
Mas nada disto invalida que esta seja mais uma aventura que decorre em bom ritmo, apesar de Martin nunca ter sido poupado nos textos...), recheada de situações inesperadas e complicadas para Alix, em que defronta um adversário à sua altura e até condimentada com um toque de sobrenatural que surpreende no contexto histórico rigoroso.

É verdade que algumas das inconsistências referidas voltam a surgir na parte do relato que decorre na selva, onde os factores aventura e acção voltam a tomar as rédeas, com alguns excessos, mas que são desculpáveis face à dimensão trágica de que se reveste o episódio, sem dúvida um clássico a (re)ler.

A reter
- A edição, que mais uma vez permite levar aos leitores bons livros (considerando a obra e o objecto) a preços acessíveis. O que torna incompreensível porque se levantam tantas vozes contra estas parcerias. O que não invalida que, tendo sido seguido o modelo habitual nestas edições entre o Público e a ASA, desta vez não pudesse ter sido contemplada a capa dura, sem numeração, que permitiria “combinar” melhor os actuais 16 volumes com os outros já editados a solo pela ASA.

- O facto de quer Alix, quer o seu adversário (pelo menos na sua boa-fé) terem razões válidas para as acções que levam a cabo.

Menos conseguido
- Alguém acredita, mesmo nos anos 1950…, que uma canoa com apenas 3 ocupantes consegue remar contra a correnteza provocada pela imensa queda de água da página 40?

Curiosidades
- Se não subscrevo, longe disso, algumas leituras – apressadas, forçadas e interesseiras – sobre (eventuais contornos d)a relação de Alix e Enak, é fácil constatar que este último, embora algumas vezes funcione como “coadjuvante” do protagonista principal (ao estilo de Pancho em Jerry Spring, Chico em Zagor, Obélix em Astérix ou Lotário em Mandrake – e os exemplos podiam multiplicar-se…), a verdade é que na maioria dos casos ocupa o papel que, nos clássicos norte-americanos, era geralmente desempenhado pelas noivas (eternas) dos heróis: vitima de ameaças e raptos que visam condicionar a acção de Alix.
- Fossem os heróis de papel sujeitos às mesmas leis temporais que os seres de carne e osso e seria interessante ver quantos anos Alix envelheceria em cada álbum, numa época em que o tempo passava (bem) mais devagar e qualquer viagem durava semanas ou mesmo meses… O que de qualquer forma não impede que os protagonistas andem sempre impecavelmente barbeados ou com as indumentárias como que acabadas de passar a ferro! Vantagens de se ser herói dos quadradinhos!

- Não é exclusivo de Alix, nem sequer da banda desenhada, mas alguém terá feito as contas a quantas vidas foram perdidas, entre marinheiros, soldados e negros, amigos e adversários, para que Alix pudesse, no final, salvar apenas uma...?
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