O seu primeiro número surgiu à venda por 50 centavos, a 4 de Janeiro de 1941, sendo propriedade da Empresa Nacional de Publicidade e tendo como director Artur Urbano de Castro. Na sua capa, pouco atractiva para os padrões actuais, apenas se destacava o cabeçalho desenhado por Fernando Bento (um dos muitos que fez para a revista).
O desenhador português, que foi um dos grandes pilares da publicação – o principal no que à BD diz respeito - assinava também as aventuras de “Béquinhas, Beiçudo e Barbaças”, história aos quadradinhos cómica que merecia honra de primeira página e seria publicada ininterruptamente até ao nº 255.
No “Diabrete”, Fernando Bento deixaria uma marca indelével, assinando inúmeras adaptações de clássicos de aventuras, com Júlio Verne à cabeça, sendo sem dúvida o grande nome da publicação onde também se distinguiu Vítor Péon e Fernandes Silva com o detective “O Ponto”.
A primeira grande revolução na revista, que marcaria todo o
seu percurso posterior, e que contribuiu decisivamente para a saudável rivalidade
que alimentou com “O Mosquito” ao longo da sua existência, aconteceu logo no
vigésimo número, quando Adolfo Simões Müller assumiu efectivamente a sua
direcção e também grande parte da sua produção literária, a par de Maria Amélia
Barça. Como era então habitual, o “Diabrete” incluiu separatas e construções de
armar, organizou concursos e espectáculos e editou romances destacáveis e alguns
mini-álbuns, entre os quais “O Dragão Teimoso”, de Walt Disney.
Ainda no que diz respeito a autores estrangeiros, destaque para
os irmãos Jesus, Adriano e Alejandro Blasco, e para as estreias em Portugal de “Tarzan”,
de Burne Hogarth, “Rusty Riley”, de Frank Godwin, “Bob e Bobette” de Willy Vandersteen,
e “Quick e Flupke” (rebaptizados Trovão e Relâmpago), de Hergé. O “Diabrete” também
publicou o “Agente secreto X-9”, de Alex Raymond, e, já na sua fase final, na
esteira do encerramento de “O Papagaio”, três aventuras de “Tintin”, a última
das quais deixada incompleta com o fim da revista, no número 887, no final de
1951.
Uma semana depois, os leitores reencontravam o célebre repórter
e outros dos heróis do “Diabrete” no número inaugural do “Cavaleiro Andante”.
Mas isso, foi outra aventura.
Nota: Àqueles que queiram aprofundar a história desta
revista, aconselho a monografia “Diabrete – O grande camaradão de todos os sábados”,
da autoria de José Azevedo e Menezes.
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias
de 29 de Dezembro de 2011)