Leitor
de banda desenhada há mais de quatro décadas, acho que posso dizer
que neste percurso a aventura foi sempre o tema
de eleição - embora também reconheça que a maior parte das
grandes obras que li aos quadradinhos estejam completamente fora
daquele
género. Quanto
à aventura, pode vir em estado puro, se assim posso escrever, ou
condimentada como western,
policial,
ficção-científica, relato na selva, narrativa medieval, conto
primitivo... Dentro
do género, Nevada,
escolha improvável - menos provável, soa-me melhor... - na linha
editorial mais
evidente de
A Seita, é um exemplo como tantos outros, mas confesso que o primeiro livro não fez de mim fã da série, embora me deixasse com alguma curiosidade para mais. Se como titulei na
altura, A Estrela Solitária lançava os alicerces, agora, com a construção ‘a
aparecer’, já me senti mais realizado com a leitura.
Pode
um mercado assentar apenas na edição de obras-primas? Por
muito que custe ou que custe a entender, a resposta é não. Um
mercado - seja qual for a sua dimensão - funciona como uma pirâmide
em que as obras-primas - como as obras alternativas - são
sustentadas pelas edições 'grande público' e pelas obras de
'dimensão média'. Ou seja, por aquele tipo de bandas desenhadas -
de humor, aventura.... - que,
para além dos leitores regulares do género, são capazes de
satisfazer os leitores ocasionais. Sendo
que tudo o que atrás fica escrito - como o que vem a seguir - está
sempre dependente dos gostos relativos de cada leitor e, globalmente,
dos do tal 'mercado', é por isso que, entre nós, actualmente,
predomina um certo tipo de banda desenhada chamado genericamente de
'aventuras'. Com pontos a favor e contra, séries como Mercenário, Guardião, Duke, Thorgal,
Tango...
têm
o seu lugar, são fundamentais até na estruturação de vendas e de
conquista de lugar nas livrarias
e, enquanto séries, beneficiam do efeito de 'arrastamento' que cada
novo volume provoca.
Este
Nevada,
é o exemplo mais recente.